Belém até Morrer on Tour: braga

Finalmente o Domingo havia chegado. Cerca das 11 horas da manhã os ultras da Fúria Azul começam a aparecer no Restelo. Destino: Braga, ou seja, a última deslocação furiosa do ano.
O ambiente estava descontraído como sempre acontece nos dias de jogo com equipas historicamente medianas: o adversário, não obstante duas ou três épocas mais bem sucedidas, não é nem de perto nem de longe um grande clube de expressão nacional, ou seja, não motiva particularmente ninguém.

Seja como for, foram cerca de 60 os ultras que encheram novamente o bus furioso, decorrendo a viagem em clima de festa.
Depois das habituais paragens da ordem nas áreas de serviço da A1, o bus furioso recolheu os ultras do grande núcleo da F.A. de Ovar, acabando ainda por efectuar uma última paragem numa área de serviço da A3 – o calor era muito e sede ainda maior.

30 quilómetros distanciavam-nos de Braga quando somos informados via telemóvel que um autocarro com adeptos azuis havia sido cobardemente apedrejado no estádio. Tratou-se do bus da Margem Sul. Felizmente não existiram danos físicos, facto que deve ter entristecido o aspirante a treinador jorge costa, que tanta lenha colocou na “fogueira” no decorrer da semana que antecedeu o encontro.

Na realidade, acaba por ser tristemente normal que adeptos cobardes e frustrados de um clube pequeno procurem a “desforra” fora das 4 linhas em relação aos adeptos de clubes de outra grandeza, como se trata do Belenenses. Enfim…

Depois de uma pequena paragem forçada – orientações da polícia – avistamos o estádio municipal de braga e percepcionamos como o Belenenses é grande: os adeptos locais – aproveitando o facto do seu clube de coração, o Benfica, já ter jogado e as entradas livres – deslocaram-se em massa para assistir à recepção bracarense de um dos grandes emblemas do futebol português.
Como não podia deixar de ser, os cobardes que atacaram o bus dos adeptos azuis mais velhos não fizeram a sua aparição perante os ultras da F.A…
A entrada na pedreira acabou portanto por decorrer com normalidade, iniciando-se o jogo poucos minutos depois.
Seriam cerca de 300 os belenenses presentes na área reservada aos adeptos visitantes. E quando falamos de área “reservada” estamos a ser irónicos. Na realidade essa área existia delimitada por uma lona e por um cordão de seguranças privados e polícias, mas rapidamente os benfiquistas de braga – sem qualquer controlo à entrada – foram “invadindo” o tal sector reservado. Assim, a tal lona e o cordão foram recuando cada vez mais, acabando por metade dos belenenses ficar de um lado, por entre benfiquistas de braga, e os restantes no que restava no sector inicialmente reservado. Inclusive o associado Cabral Ferreira, presente na bancada, viu-se envolvido na situação, sendo um dos adeptos azuis que ficaram rodeados de adeptos adversários.

Entretanto o jogo decorria com alguma animação, isto apesar da estranheza dos adeptos azuis em relação à colocação de Roma no 11 inicial em detrimento de Garcés.
No futebol dentro das linhas, o que verdadeira interessa, o Belenenses entrou bem nos primeiros 10 minutos, com algumas situação de perigo relativo, mas rapidamente o braga – equipa mais pequena e portanto mais motivada por enfrentar um grande - tomou conta do meio-campo e consequentemente acercou-se da grande área azul com alguma frequência.
O golo bracarense acabou por surgir após um lance fortuito e, segundo nos pareceu ao vivo, precedido de mão na bola. Seja como for, parecem-nos evidentes as responsabilidades de Costinha no lance, mais uma vez mal batido.
Após o golo o jogo ficou mais equilibrado, sendo os restantes 25 minutos da primeira parte jogados sobretudo a meio-campo, sem grandes ocasiões de perigo de ambas as turmas. Após o melhor começo azul o golo de Zé Carlos, no primeiro remate enquadrado com a baliza, serenou os anfitriões mas não se registaram mais oportunidades flagrantes.


Durante o intervalo, sucederam alguns episódios caricatos, tais como a presença de meia dúzia de rapazolas menores de idade (pertencentes a uma das claques dos benfiquistas do norte) junto do sector da Fúria. Nada de importante…

Recomeçado o jogo, o Braga assumiu sobretudo uma postura de expectativa, fazendo recuar os seus jogadores e a privilegiar a táctica do contra-ataque.
Já os azuis do Restelo assumiram mais o domínio do jogo, mais posse de bola e presença no meio-campo adversário, embora o cariz da partida permanecesse semelhante: muita luta a meio-campo e poucas oportunidades de golo.

Nos últimos 15 minutos, todavia, Jesus arriscou tudo ao colocar Fernando no lugar de Amaral. O Belenenses jogava em 4x4x2 desde o minuto 54 – entrada de Garcés e saída de Roma – esquema táctico que manteve mas com jogadores com características mais ofensivas: Cândido Costa passou a actuar como um falso lateral direito.
Consequentemente os azuis forçaram um pouco mais, obrigando os bracarenses a recuar. As oportunidades de golo continuavam a não abundar, mas o Belenenses poderia ter chegado ao empate num cabeceamento que fez a bola passar perto do poste esquerdo da baliza defendida por paulo santos.
Foi o prenúncio para o golo azul, surgido aos 83 minutos: 11º golo de Dady, que oportuno rematou fraco mas com eficácia.
O cantinho azul rejubilou, saltou, cantou, perante um mar vermelho silenciado.

O resultado final parecia encontrado.
Mas…
Inexplicavelmente o Belenenses recua no terreno, situação propiciada sobretudo pela substituição de Dady por Pinheiro. Opção infeliz de Jesus que se revelou importante. O Braga acreditou, os jogadores azuis pareceram ficar satisfeitos com o empate, e num lance estranho o braga acabou por marcar o segundo golo que seria o da vitória. Desfecho inglório que os benfiquistas de braga presentes no estádio celebraram como se se tratasse de um título, da conquista de uma taça de Portugal, por exemplo.

O timoneiro da nau azul comentou o jogo nos seguintes moldes:

“Como o futebol não é uma ciência exacta, acontecem estas coisas. Foi uma excelente jogo, disputado com grande intensidade e muito bom do ponto de vista técnico. Braga e Belenenses demonstraram porque estão em quarto e quinto lugares”.
Jesus afirmou ainda:
“O nosso objectivo é a Taça de Portugal. Aliás, não trocava uma vitória em Braga por uma vitória na final”, confirmando assim que o quarto lugar “não é um ponto de honra” para o emblema da Cruz de Cristo.

O que tem a ver uma coisa com a outra, perguntamos nós? Taça e taça, liga é liga! Trocar o quê?

Depois de alguns minutos retidos no interior do estádio, os belenenses encaminharam-se para os autocarros sem que nenhum acontecimento estranho se registasse.
Não obstante o resultado menos positivo a viagem de regresso a Lisboa foi muito animada (como comprovou o jogador Wender numa área de serviço da A3), pontuada por um alegre despique vocal entre os furiosos da “frente” e os furiosos de “trás”, ou seja, entre os ultras que iam na parte de trás do bus e os que iam na frente do mesmo.

Avistámos o Restelo cerca das 2 horas da madrugada.