Belenenses perde na apresentação

Em jogo de apresentação aos seus associados, o Belenenses perdeu por 0:2 com o Espanhol de Barcelona.

Depois de uma série de encontros de preparação, o Belenenses teve a seu primeiro grande teste frente a uma equipa de uma das ligas mais competitivas do mundo: o Espanhol. Tratou-se de um teste algo falhado, muito embora o resultado pudesse ter sido outro.

Casemiro Mior fez alinhar um 11 teoricamente ofensivo - no habitual esquema táctico em 4x1x3x2 - mas que na prática revelou não possuir profundidade ofensiva. Na defesa não houve surpresas, com Júlio César na baliza, Carciano e Rodrigo Arroz no eixo e Cândido e China nas laterais. O losango de meio-campo teve como vértice mais defensivo Gavillan , Zé Pedro à esquerda, Mano à direita e Silas mais ao centro; ataque entregue a Roncatto e Marcelo.

Duas notas prévias: Mior fez alinhar 7 jogadores que transitaram da época passada; Vicinius, um dos reforços mais em destaque no decorrer da pré-época, foi preterido , tendo alinhado Mano no seu lugar.

O início do jogo revelou um Belenenses entusiasmante e pressionante: logo no primeiro minuto Roncatto isola Marcelo que em posição de golo permite a defesa do guarda-redes catalão, falhando Roncatto a recarga. Os centro-campistas belenenses, Gavillan inclusive, jogavam muito subidos, pressionando o Espanhol ainda no seu meio-campo. O autêntico colete de forças mereceu muitas palmas oriundas da bancada, mas tratou-se, poder-se-á dizer, de um mero fogacho azul. De facto, o espanhol rapidamente assentou o seu jogo, e apesar não ter criado verdadeiro perigo passou a controlar perfeitamente o jogo.

Marcelo ainda remata, descaído na direita, à baliza adversário à passagem do minuto 13, mas só aos 25 minutos o Belenenses poderia ter inaugurado o marcador: China, um dos melhores na ventosa tarde do Restelo, conquista velocíssimo uma bola já no meio-campo ofensivo, tabela com Roncatto, e tem ainda forças para rematar com muito perigo. O desequilíbrio foi originado por um lateral, e dificilmente poderia ter sido de outra forma. Os médios interiores belenenses foram sempre incapazes de dar profundidade a equipa da casa, verificando-se quase um fosso entre o meio-campo e o ataque, onde um esforçado Marcelo correu quilómetros quase sempre em vão. A ala direita, formada por Cândido e Mano, praticamente não existiu no que concerne à vertente ofensiva, faltando igualmente o número 8 , um "box to box", ao futebol do Belenenses visto Gavillan não possuir essas características.

Mais: a pouca profundidade ofensiva não significou segurança defensiva e controlo das operações a meio-campo. Não obstante o Espanhol não ter ameaçado verdadeiramente a baliza defendida por Júlio César, a atrapalhação dos centrais azuis foi uma constante, situação que originou muitos suspiros de inquietação dos poucos espectadores presentes.

Depois do nulo registado ao intervalo, o Belenenses regressa com uma única alteração, saindo Roncatto para a entrada de João Paulo Oliveira, enquanto o Espanhol apresentou praticamente uma nova equipa (8 jogadores). As características do jogo todavia mantêm-se inalteradas, acontecendo o golo catalão sem que nada o fizesse crer: na esquerda Tamudo bate claramente Cândido no 1 para 1, e remata em arco para excelente defesa de Júlio César. A bola acaba por sobrar para Rufete que sozinho ao segundo poste só teve que encostar: 0:1 aos 52 minutos. O Belenenses enceta de seguida uma tímida reacção, logrando obter 3 cantos consecutivos à passagem do minuto 12. Volvidos 6 minutos é a vez de Marcelo, em posição central, alvejar a baliza após cruzamento de China.

O Belenenses, ainda assim, continua com os mesmos problemas da primeira parte. Marcelo e João Paulo Oliveira (que nada acrescentou ao futebol azul) permaneciam muito desapoiados no ataque. Os azuis do Restelo só criam perigo em lances fortuitos, tal como aconteceu ao minuto 70: Zé Pedro, com algum espaço na esquerda, arranca um grande pontapé mas Alvarez faz a defesa da tarde. O Espanhol limitava-se a controlar as operações sem tentar ampliar a vantagem, mas na segunda vez que foi à baliza belenense conquistou um penalti muito duvidoso. Tamudo descaído sobre o lado direito remata contra a mão (corpo?) de Carciano. Lucilio Batista, após indicação do juiz de linha, aponta para a marca da grande penalidade, mas Júlio César nega com brilhantismo o golo a Tamudo.

Com o jogo a aproximar-se do fim, Casemiro Mior entendeu ser altura para arriscar um pouco mais, fazendo entrar Vinicuis (saída de Mano), Baiano (saída de Cândido) e Júnio Negão em detrimento de Marcelo. Como que instantaneamente a ala direita do Belenenses passa a existir, e no minuto seguinte à sua entrada nas 4 linhas Vinicius arranca em velocidade, cruza com precisão para a área onde encontra Zé Pedro que remata cruzado. A bola sai um pouco ao lado, falhando João Paulo a emenda ao segundo poste.

Restavam ainda 12 minutos para jogar, e o Belenenses parecia em condições de alcançar o empate. Este surgiu quase de imediato após rápida desmarcação de João Paulo, mas o juiz de linha assinala fora-de-jogo. No local onde de nos encontramos é difícil julgar o lance com precisão, mas deu a sensação que o avançado brasileiro se encontrava em posição regular.

E caldo, como se costuma dizer, entornou. Na jogada seguinte Tamudo é lançado em profundidade, Arroz falha, saindo Júlio César da área para de cabeça tentar impedir que o avançado alcançasse a bola. Fá-lo todavia mal, e a bola acaba de ressaltar para dentro da área, surgindo então novo caso no jogo, já que Tamudo utiliza a mão antes do cabeceamento de Júlio César, desviando ligeiramente a bola. Nada é assinalado, e Tamudo ganha novamente a Rodrigo Arroz e atira para a baliza deserta. Júlio César precipita-se em direcção do juiz de linha que com olho de falcão tinha assinado a grande penalidade, mas tudo o consegue é ver um cartão amarelo. A arbitragem e Rodrigo Arroz saem muito mal do lance (ver resumo).

Com 0:2 o jogo e o resultado ficaram desde logo definidos, sendo apenas simbólicas as entradas em campo de Maykon, Vanderlei, Matheus e Alício.

Conferência de imprensa já disponível no canalBELENENSES.

Filme do Jogo:

1´- Marcelo, isolado, permite a defesa ao guardião catalão, falhando Roncatto a recarga.
13´- Remate fraco de Marcelo, avançado mais incisivo do Belenenses.
25´- Remate muito perigoso de China após triangulação com Roncatto.
27´- Cabeceamento perigoso de Carciano na sequência de livre directo de Zé Pedro.
35´- Livre directo muito perigoso que Gavillan converte por cima.
42´- Pontapé de bicicleta de Marcelo que Roncatto não consegue emendar ao segundo poste.
52´- Golo do Espanhol após excelente jogada individual de Tamudo, com Rufete a marcar após defesa de Júlio César.
63´- Marcelo em posição central remata de primeira na sequência de um cruzamento da esquerda mas não acerta em cheio na bola.
70´- Grande remate de Zé Pedro para defesa não menos boa de Alvarez.
77´- Grande arrancada de Vinicius que Zé Pedro responde com um remate cruzado. Ao segundo poste João Paulo falha a emenda por centímetros.
81´- Golo anulado ao Belenenses por suposto fora-de-jogo de joão Paulo.
82´- 0:2. Tamudo marca depois de ajeitar a bola com a mão à entrada da grande área.
88´- Cabeaceamento ao lado de Carciano.
90´- Remate central de Maykon que todavia sai fraco e ao lado da baliza defendida por Alvarez.

Resumo: