Alípio Matos: "Queremos ser Campeões"

Alípio Matos é, sem qualquer espécie de dúvida, o treinador belenense do ano. Afirma-mo-lo convictamente, não sendo necessário qualquer sondagem para comprová-lo.

Independentemente do Belenenses se sagrar campeão ou não, o futsal belenense já entrou para a história. Mais. Devolveu ao Belenenses o que historicamente sempre o caracterizou: ser um clube que luta de igual para igual contra quem quer que seja, não obstante os factores de ordem financeira desproporcionais.

Um dos factores explicativos para tal é o facto de no Pavilhão Acácio Rosa se viver o Belenenses, se respirar o Belenenses. Seja nos jogos ao Sábado, seja no decorrer dos treinos diários...

"O Belenenses será a última equipa que treinarei". Esta afirmação de Alípio Matos encerra em si tudo o que o Belenenses tem de melhor, encerra em si a Alma belenense, a grande Alma que em tantas ocasiões parece ficar reduzida a tão pouco. Mais do que poder ser campeão pelo Belenenses, querer sê-lo neste clube e não noutro significa muito. Pela primeira vez em décadas, o Belenenses deixou de ser um meio (para atingir outros clubes supostamente maiores) para se tornar um fim. Alípio Matos e todos os jogadores não querem ser somente campeões: querem ser campeões pelo Belenenses.

No final da fase regular do campeonato, o Belenenses defrontou o actual campeão nacional da modalidade. Festejando o empate, os adeptos dessa equipa presentes no Acácio Rosa entoaram cânticos nesse mesmo sentido: Eram campeões. Não sei se muitos belenenses presentes nessa ocasião se aperceberam, mas Marcão virou-se para esses adeptos e beijou a Cruz de Cristo que tão orgulhosamente enverga na camisola, como querendo dizer: "Campeões somos nós, belenenses"

E este não é um sentimento avulso, representa toda a equipa de futsal do Belenenses, representa antes de mais Alípio Matos.
Entrevistado pelo jornal "A Bola" hoje, Alípio Matos foi confrontado com a pergunta inevitável sob o ponto de vista do sistema tricéfalo: "E será que vai haver um gostinho especial se derrotar a ex-equipa?" (ao fazer a pergunta, o jornalista pensava certamente obter uma resposta que se centrasse no adversário, como se todos os treinadores desejassem orientar esse mesmo adversário, neste caso regressar a ele).
Resposta: «Não, não! O maior prazer que posso ter é dedicar o título aos sócios e adeptos do Belenenses que nos apoiaram sempre, mesmo nos momentos de maiores dificuldades. Não quero ganhar contra ninguém, quero ganhar pelos meus jogadores e por este clube fantástico».

Como o jornalista deve ter ficado desapontado...

As afirmações de Alípio Matos são mais do que afirmações do treinador do Belenenses, são palavras de UM belenense, de um belenense vencedor:
"...conseguimos deixar a família belenense feliz e orgulhosa da sua equipa... O discurso que tinha na meia-final é o mesmo que tenho na final. Não vale a pena fazer de coitadinho... queremos ser campeões" (entrevista disponível na íntegra nas "Notícias Belenenses")