O Belenenses de... José António Nóbrega.

FUTUR (OLANDO) V

“…sofremos demasiado pelo pouco que nos falta

e alegramo-nos pouco pelo muito que temos…”

(Williams Shakespeare)

Pois é Companheiros (AZUIS S/RISCAS), temos uma história rica (e não só em êxitos desportivos), temos um rico património (tomara os estarolas possuírem aqueles 11,5 hct), e continuamos a não saber aproveitá-lo, deixando de trilhar o precioso legado e ensinamentos dos nossos corajosos antepassados.

Continuamos a sofrer (para dar o salto), porque não conseguimos ser diferentes, nem sequer copiar o que há de bom por esse mundo fora, quando o salto é bem pequeno, se olharmos fixamente para a linha do horizonte, em vez de olharmos para o “umbigo”, basta saber primar pelo fino detalhe, escolher as parcerias correctas e não esbanjar activos.

Continuamos a alegrarmo-nos pouco, quando temos um capital humano e de simpatia (tomara muitos), que deveríamos potenciar todos os dias e que desperdiçamos continuadamente, em guerras de alecrim e manjerona, que em nada abonam os respectivos promotores (muitos), armados em primas donas ofendidas.

Sempre que aparecem projectos inovadores que não são de nossa autoria, rimos, desprezamos ou ostracisamos, em vez de darmos as mãos e unirmos esforços para engrandecer o clube.

Que perda de energia, só porque gostamos de ostentar a bandeira da vaidade comezinha.

Ainda há pouco o clube esteve numa guerra contra o “santo ofício organizado” e em vez de darmos as mãos e mostrarmos união perante o inimigo fraudulento, negamos sentarmo-nos todos em redor da mesma mesa (para tirarmos a foto de família) e darmos um firme sinal de solidariedade institucional para o exterior (alguns sentam os cus balofos no concelho dos anciães).

Em vez da solidariedade, em vez da militância activa (como tão bem faz essa Grande Referência de nome gravado a ouro, Ana Linheiro), preferimos os guetos, as capelas, as vielas, quais bandos de pavões e araras (arrufados).

Nos entretantos, a clientela directa saca benefícios da CML e Governo, distanciando-se cada vez mais, enquanto nós continuamos a esmolar, quais indigentes dum qualquer quinto mundo.

Ao não apelar-se ao reagrupamento de velhos e novos adeptos (em torno dos símbolos sagrados do Clube), solicitando-lhes subsídios para inovarmos e aproveitarmos o seu voluntarismo (adormecido), prefere-se a via perigosa do “elitismo balofo” que conduzirá inexoravelmente ao abismo.

O Clube de Futebol Os Belenenses nasceu por obra e sacrifício de um punhado de “Rapazes da Praia” que sem medo “dos queques já instalados na vida” (por via da conivência, beneplácito e traficância dos poderes de então), fez-lhes frente e ultrapassou-os, embora com muito sacrifico, sempre lutando com ARMAS desiguais, mas nunca virando a cara.

Hoje, no século da comunicação, conseguem-se ver guerras em directo em qualquer parte do mundo, desmontar-se mentiras engendradas pelos maiores poderes instalados, e nós desprezamos esse instrumento poderoso de mobilização e propaganda, que tanto poderia servir os nossos justos anseios.

Parte o coração ver o Restelo às moscas, porque continuamos a dar tiros nos pés, deixando os adeptos e associados longe do palco dos jogos, porque temos medo de bater o pé a quem manda na gleba (e marca encontros para horas impróprias), que afastam o desejo de famílias inteiras poderem voltar a alimentar as tardes de sábado e domingo.

E Clube sem adeptos é como comida sem sal, pode prevenir “as coronárias”, mas mata o desejo e a paixão, e sem estes ingredientes, não há clube que se safe, por mais atraente e profissional que seja.