Novos Patamares
Os resultados obtidos no final da época passada e mesmo no começo desta vieram criar novas oportunidades mas, também, novos problemas.
Um destes fora já referido por Jorge Jesus: o Belenenses voltou a ser um adversário que motiva os adversários para se "transcenderem". Provavelmente, vimos ontem uma primeira amostra disso mesmo.
Recordo aqui os tempos em que o Belenenses era unanimemente tido como um dos 4 Grandes mas decaíra já nas suas capacidades. Todos queriam ganhar ao Belenenses, aproveitando-se da nossa quebra; mesmo os outros grandes (que auferiam prémios especiais, os dos jogos grandes, contra nós) se esmeravam e, se pudessem, tentavam vencer por números retumbantes, que só tinham impacto entre esses mesmos 4 clubes.
É preciso muita concentração e a combinação adequada de ambição e humildade da nossa equipa, para fazer face a estes novos desafios.
Também o Belenenses passou a ser um clube mais apetecido para jogadores de qualidade do que (nomeadamente) há um ou dois anos atrás; pelo mesmo preço, virão mais facilmente, porque a motivação e as hipóteses de visibilidade aumentaram. No reverso da medalha, jogadores pelos quais os detentores dos passes pediriam muito pouco serão agora inflacionados para nós, sobretudo sabendo-se da venda de Nivaldo e Dady.
De igual modo estas vendas colocam a questão de novos patamares. Fez-se muito dinheiro e há que dar os parabéns aos responsáveis. A não ser que a situação financeira fosse mesmo catastrófica, deverá haver folga e ser disponibilizado dinheiro para boas contratações, que aumentem a qualidade do plantel e permitam novos encaixes relevantes no futuro. Somos apologistas de que uma parte (equilibrada) do dinheiro que entrou seja utilizado em tais contratações. De resto, alguns sectores de adeptos mostram já alguma ansiedade ou insatisfação por tal não acontecer.
Mas também aqui, há questões a considerar. Jogadores com muito cartel, não apenas implicam a compra do passe mas, naturalmente, querem vencimentos elevados. E aqui, é preciso bom senso e equilíbrio: crescer, sim, mas sem criar tensões no plantel (com grandes diferenças salariais) ou sem gerar uma espiral inflacionária.
Outro aspecto ainda a considerar, é o aumento das cláusulas de rescisão, ponto que certamente a SAD irá ter em conta.
Enfim, é toda uma adaptação que não será fácil e para a qual talvez não se estivesse totalmente preparado. Mas é preciso não perder a oportunidade de subir seguramente a novos patamares.
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