Balanço da participação azul no torneio de Casablanca.



Um clube de futebol como o Belenenses, historicamente vitorioso, necessita certamente de conquistar troféus, de viver o presente sem nunca esquecer o passado.

Todos somos belenenses independentemente das derrotas ou das vitórias, mas as conquistas revitalizam, engrandecem, enfim, dinamizam. A presença na final da taça de Portugal da época passada - apesar do troféu ter escapado ingloriamente - enquadra-se na perfeição neste cenário, acontecendo o mesmo com a vitória no torneio de Casablanca.

Não obstante o desprezo institucionalizado dos meios de comunicação portugueses, todos os belenenses saborearam o momento, e a Alma belenense renasceu um pouco mais.

Na realidade, é nos difícil compreender à distância o quão importante é o troféu que partir de agora embelezará ainda mais a riquíssima Sala de Troféus azul. O mundo islâmico - o planeta islâmico se se quiser - é enorme, e o torneio de Casablanca tem repercussões significativas em dezenas de países - de Marrocos à Indonésia - amantes de futebol. Bastou caminhar alguns minutos pela cidade anfitriã da competição -metrópole de mais de 4 milhões de habitantes - para compreender isto mesmo: os marroquinos e os muçulmanos em geral adoram futebol, devoram avidamente transmissões televisivas e produtos relacionados com este desporto (são aos milhares as camisolas de clubes europeus disponíveis nos bazares).

Inclusive os jogos da liga portuguesa são transmitidos semanalmente nos diferentes países muçulmanos.

Tal sucedeu também, como seria de esperar, com os jogos do torneio de Casablanca. O próprio Jorge Jesus referiu-se a este facto depois de terminada a final:
"A vitória foi saborosa porque vencemos um torneio que para Portugal se calhar não diz nada, mas como vocês repararam foi transmitido não só para Marrocos mas também para muitos países árabes. Esta vitória deu, em minha opinião, uma identificação e um conhecimento muito grande da equipa do Belenenses, e foi bom termos vencido este torneio".

Excelente prova disto mesmo tivemos nas ruas da cidade, nas quais as nossas cores e símbolos (que fizemos questão de utilizar diariamente) eram facilmente identificadas por muitos transeuntes que nos abordavam com simpatia. Inclusive em Tanger - cidade distanciada de Casablanca em algumas centenas de quilómetros - fomos surpreendidos por um motorista de táxi que nos confidenciou que o seu filho de 10 anos sabia o nome de todos os jogadores belenenses.

Mas o reconhecimento internacional não esgota os méritos da participação azul neste torneio. Tal foi muito importante para os adeptos como já aflorámos, mas também para os próprios jogadores, sobretudo os recém-chegados.
A dinâmica de vitória é imprescindível no seio de qualquer grupo, e o do Belenenses não foge à regra. É necessário que os jogadores sintam estar a representar um clube vencedor, sentimento que sem dúvida saiu reforçado em Casablanca.

De resto, a união de todos os jogadores é impressionante não só dentro das 4 linhas, podendo-se inclusive falar já em família azul.

O torneio foi importante ainda num terceiro aspecto: o competitivo.
É tempo de regressarmos novamente às palavras proferidas por Jesus, que só neste espaço de todos nós serão publicadas na íntegra:

"Este torneio...", afirmou Jesus, "deu-nos também, em termos de preparação, uma intensidade e um ritmo de jogo muito mais elevada em relação aos jogos que disputámos em Portugal. Saímos daqui completamente esgotados depois destes 2 jogos, apesar de ser verdade que preparei a equipa nesta última semana para vencer este torneio e a partir de agora retomaremos a preparação da equipa para dia 8 (de Agosto), não importando muito estes próximos 2 jogos com o Nacional e com o Estrela da Amadora, que não são neste momento o nosso objectivo".

Jesus afirmou ainda se encontrar muito satisfeito com a vitória, "apesar de haver muito a melhorar. Há pormenores físicos que condicionam um bocadinho a componente técnica e táctica, mas isso faz parte do tempo de treino que nós temos. Mas mesmo assim apresentámos uma organização defensiva de grande nível que nos permitiu vencer este torneio."

Estes "pormenores físicos" a que Jesus se refere, foram de facto muito visíveis no jogo da final, no qual os jogadores azuis foram incapazes de repetir a excelente exibição com que brindaram o público frente ao misto Raja/W.A.C.
Sobretudo os primeiros 45 minutos impressionaram todos os presentes, sendo a performance belenense brilhante para a fase da época que nos encontramos.

Sem nos querermos alongar demasiado nesta análise - até mesmo porque o seu blog irá apresentar amanhã os resumos alargados dos jogos -, parece evidente que o 4x4x2 em losango será o esquema táctico de eleição de Jesus, estando os 4 jogadores do meio campo já encontrados: Rubén numa posição mais recuada, Hugo Leal ao centro a comandar todo o jogo azul, Silas e Zé pedro mais nas alas num constante carrocel de trocas posicionais. Frente aos marroquinos, o pressing belenense a todo o campo foi sufocante, um autêntico colete de forças que envolveu os jogadores do Raja e do W.A.C. Neste aspecto, Rubén garante um profundidade quer defensiva quer ofensiva que Sandro era incapaz de apresentar. Vezes sem conta o médio internacional jovem português invadiu o meio campo contrário em acções de pressing alto.

De resto, as dúvidas neste momento quanto ao 11 ideal parecem residir no segundo central que acompanhará Rolando no centro da defesa, na baliza (Marco ou Costinha quando este último estiver recuperado) e no ataque, apesar de Roncatto e Dady quando recuperado serem provavelmente as escolhas de Jesus. Mesmo no que respeita à posição de defesa direito, Cândido Costa parece ser definitivamente o eleito visto a sua adaptação estar a ser muitíssimo bem sucedida.

Isto significa que o 11 azul não deverá sofrer grandes alterações, sendo de destacar somente as entradas de Hugo Leal, Roncatto e do central (seja ele quem for) que jogará no eixo da defesa no lugar de Nivaldo. Ao invés, o banco encontrar-se-á profundamente renovado e, parece-nos uma evidência, melhorado. Gabriel, Rafael, Mendonça e J. P. Oliveira são excelentes alternativas nas suas posições especificas, sucedendo o mesmo com Fernando.


Última nota para a forma como os elementos da Fúria Azul foram tratados por toda a comitiva azul, restando-nos agradecer carinhosamente a todos. Sem querer individualizar, não podemos deixar passar a acção de Dady, que ofereceu a sua medalha de vencedor do torneio aos elementos furiosos presentes.


Filme da Festa Azul.