Semana "Restelo cheio" no Belém até Morrer (I)

Iniciamos hoje no Belém até Morrer a publicação de uma série de três artigos englobados na semana “Restelo Cheio”.
Serão artigos construtivos, que terão como objectivo lançar o debate acerca de possíveis medidas que terão como objectivo trazer mais espectadores ao Estádio do Restelo. Como afirmámos ontem, não gostamos de monólogos. Não temos a pretensão de sermos possuidores, muito longe disso, da palavra final acerca do que quer que seja. Desejamos o diálogo, iniciar um debate e lançar algumas ideias/medidas teóricas que poderão ser melhoradas, ampliadas e até, obviamente, recusadas.
Apelamos ao contributo de todos os leitores.

Sendo o Estádio do Restelo composto actualmente por 3 bancadas – central nascente, central poente e curva norte (a curva sul encontra-se encerrada) – dedicaremos até Sexta-Feira a nossa atenção pormenorizada a cada uma destas bancadas.
Um aspecto prévio deve ser realçado: apresentaremos um conjunto de medidas aplicáveis a todos os jogos da liga com excepção (em muitos dos casos) às partidas frente a porto, Sporting e Benfica.

Começaremos com a bancada central nascente.
Trata-se de uma bancada dividida em 2 áreas distintas – nascente superior e nascente inferior – que comportam cerca de 8.000 espectadores.
Encontra-se invariavelmente deserta, facto tristemente acentuado pela localização das câmaras televisivas.

Dividimo-la em 4 sectores distintos: 3 dos quais na bancada superior e o 4 na bancada inferior. Esta divisão não seria somente formal, visto distinguir sectores diferenciados destinados a públicos-alvo muito específicos.

“Sector 1”: A bancada nascente lateral norte.
Trata-se de um sector com excelente visibilidade e conforto, visto se tratar de uma área coberta.
Segundo o nosso esquema, deveria ser reservada em exclusivo a todos os atletas e funcionários do Clube de Futebol “Os Belenenses”. Actualmente, todos os jogadores do futebol Juvenil azul tem direito a três convites que visam possibilitar o acesso aos jogos da liga aos familiares dos mesmos. Estes mesmos convites presentemente dão acesso à bancada poente superior, ou seja, à bancada dos sócios.
Em primeiro lugar estenderíamos a concessão de 3 convites a todos os jogadores das camadas juvenis, independentemente da modalidade (andebol, basket, rugby, etc); em segundo colocá-los-íamos na bancada nascente, no que designámos por “sector 1” no nosso esquema; em terceiro lugar, incentivaríamos todos os funcionários do clube e seccionistas das diferentes modalidades a assistir aos jogos, sendo este o sector a que teriam acesso.
Pensámos que deste modo se asseguraria uma excelente moldura humana neste sector.

“Sector 2”: A bancada nascente central.
Este sector nobre do nosso estádio – magnífica visibilidade em relação às 4 linhas – seria no nosso esquema um sector de venda directa ao público. Antes de mais, defendemos uma política de preços baixos: 10 bilhetes vendidos a 12 euros, por exemplo, representam mais receita do que 2 ou 3 vendidos a 20 euros.
Assim, propomos preços entre os 12 e os 15 euros para este sector.
O “sector 2” do nosso esquema seria o ideal para uma das propostas Belém até Morrer: “A bancada turismo”.

Não podemos, definitivamente, limitarmo-nos a apreciar a bela vista panorâmica que possuímos no Estádio do Restelo. A área de implantação do complexo desportivo azul é soberba no que diz respeito a atracção de turistas aos jogos do Belenenses, sendo este um público-alvo a não desprezar.
A criação da “Bancada Turismo” passaria por uma série de pressupostos prévios: protocolos com o departamento de turismo da Câmara Municipal de Lisboa; com o aeroporto de Lisboa e também com as companhias aéreas e agências de turismo.
Assim, todos os postos de turismo em Lisboa teriam informação em inglês, francês, alemão e espanhol acerca dos jogos do Belenenses, estendendo-se o marketing ao aeroporto propriamente dito e as agências de viagem, assim como à zona turística de Lisboa (Museu dos Coches, de Arqueologia, Mosteiro dos Jerónimos, Padrão dos descobrimentos, Torre de Belém, etc). Também os pastéis de Belém deveriam ser um local a aproveitar dentro deste cenário.
A contrapartida a oferecer às diferentes instituições na parceria seriam bilhetes mais baratos, por exemplo a 12 euros. Assim, os turistas teriam um posto de venda específico nos dias dos jogos onde se falasse inglês, bastando apresentar o bilhete do avião ou o bilhete de entrada nos museus e monumentos (neste último caso em conjunto com o passaporte) para terem bilhetes azuis mais baratos.

- “Sector 3”: A bancada nascente lateral sul.
Trata-se, à semelhança do “sector 1”, de um sector com excelente visibilidade e conforto, visto se tratar de uma área coberta.
Dentro do nosso esquema seria um sector reservado aos espectadores com mais de 60 anos e aos respectivos netos, e cujo o acesso seria efectuado através de convites. A questão dos convites pode ser algo polémica visto que os sócios belenenses pagam bilhetes de jogo, mas ainda assim julgo ser uma medida a implementar em circunstâncias muitos especiais. E está é, certamente, uma delas.

Todo o conceito da “Bancada Avós e netos” passaria pelo estabelecer de parcerias com as diferentes juntas de freguesia e/ou concelhos da área metropolitana de Lisboa. Assim, o Belenenses cederia convites às freguesias e concelhos interessadas, convites esses destinados exclusivamente a pessoas com mais de 60 anos e respectivos netos.

A divulgação da iniciativa e o transporte destes espectadores ficaria a cargo das respectivas freguesias e concelhos, desiderato facilmente concretizável visto que a maioria das autarquias possuem autocarros próprios.
A “Bancada avós e netos” teria assim duas vertentes distintas mas igualmente interessantes: em primeiro lugar traria mais espectadores ao Restelo e, sendo parte deles crianças, contribuiria para formar os Belenenses do futuro; em segundo lugar o clube estaria a proporcionar um serviço comunitário social e recreativo que não deve ser desprezado.

- “Sector 4”: Bancada nascente inferior.
Esta seria, no nosso esquema, e bancada “O 4º grande somos nós.”
Porquê esta designação?
Antes de mais porque a grandeza do Belenenses é – além de histórica – sobretudo humana, e existem Belenenses nos 4 cantos de Portugal (e até do mundo).
Para além das mais de 50 casas e filiais do Belenenses em Portugal continental, existem milhares de adeptos e sócios azuis de norte a sul, de este a oeste do nosso país.
Consequentemente, a bancada “O 4º grande somos nós” – sector 4 do nosso esquema - seria reservada exclusivamente a estes adeptos e sócios.
Como é óbvio, não basta escrever no papel bancada x ou y, para que esta de encha, e sobretudo se encha de adeptos que tem de percorrer muitos quilómetros.

A primeira medida a tomar seria contactar todas as casas e filiais azuis; a segunda passaria por consultar a listagem dos sócios correspondentes, e informá-los desta iniciativa, ou seja, trazê-los ao Restelo.
Mas como?
Dois aspectos aqui se colocam: o transporte e o incentivo para que os belenenses de fora de Lisboa se desloquem ao Restelo.
O transporte teria de ser efectuado através de autocarros, sendo o seu número calculado em relação às pessoas inscritas para cada jogo. O percurso de cada autocarro teria que ser bem pensado, de modo a cobrir uma determinada zona do país. Assim, um autocarro que partisse por exemplo do Porto poderia recolher outros belenenses da zona centro do país. Por outras palavras, seriam estipulados percursos pré-definidos – com paragens em diferentes cidades de uma região - em relação às diferentes casas e filiais do clube. A organização da viagem seria feita através do clube e de uma entidade ou pessoa de cada região – poderá ser uma casa ou uma filial ou um sócio belenense que esteja disponível para fazer o trabalho de divulgação e organização na sua região.

Os incentivos para as pessoas se deslocarem teriam de ser variados. O primeiro dos quais teria de ser monetário, ou seja, proporcionar uma viagem barata – que incluiria já o bilhete do jogo, neste caso convites. Assim, viagem e bilhete ficariam, consoante a distância, na ordem dos 10, 12 euros.
Noutro sentido, teria de ser pensado um programa variado que englobasse, além do jogo propriamente dito, aspectos culturais e recreativos.
Assim, o programa da viagem poderia incluir uma visita a zona turística de Belém, com entradas gratuitas em determinados museus – o dos coches seria uma hipótese a explorar, visto se tratar de um museu único no mundo, ser visitável em pouco tempo e prever já entradas gratuitas para grupos em caso de marcação. Teria de ser assinado um protocolo com a direcção do museu. Dada a estreita ligação entre o Belenenses e a fábrica dos pastéis de Belém, pensámos que seria viável uma parceria que passaria pela oferta de uma caixa de 2 pastéis a cada belenense que se deslocasse a Lisboa nas excursões do clube. Penso que seria igualmente interessante contactar alguns restaurantes de Belém, de modo a que fosse criado nos dias dos jogos um “Menu Belenenses” a preço acessível que estivesse disponível em exclusividade para os belenenses que viajem na referida excursão.
Também a sala de troféus do Belenenses seria incluída no programa.

Todas estas medidas conjugadas, aperfeiçoadas e ampliadas com outras do género, trariam, certamente, mais cor e alegria a uma bancada nascente que jogo após jogo se encontra deserta. Numa primeira fase, pensámos que seria muitíssimo interessante e positivo ter cerca de 2500 espectadores na referida bancada.
Amanhã apresentaremos as nossas ideias relativas à bancada norte da casa de todos os Belenenses: o Estádio do Restelo.

Nota final: as ideias aqui apresentadas – que iniciam um debate que pretendemos participado e profícuo – serão o ponto de partida para um documento a ser entregue à direcção do Belenenses que for eleita no dia 28 de Abril. O documento final será redigido tendo em conta as sugestões dos leitores no decorrer desta série de artigos.
PARTICIPEM!!!