Belém até Morrer on Tour - Braga.

Segunda-Feira. Mais uma deslocação tinha chegado, desta vez a Braga, com a particularidade de ser a estreia oficial de José Couceiro enquanto treinador do Belenenses.
Ainda assim, a expectativa nas hostes azuis não era muito elevada, saindo do Restelo um único autocarro composto mas não completamente cheio, com cerca de 15 ultras a bordo. Tratava-se de um dia de semana, ou seja, muitos sócios foram mais uma vez impedidos pela sportv/Liga de assistir ao encontro ao vivo, mas não vou bater mais uma vez nesta tecla.

Após cinco derrotas consecutivas, visitar a casa do líder da Super-Liga poderia à partida ser uma boa oportunidade para encetar a tão esperada recuperação na tabela, mas tal não viria a suceder.

Seja como for, cerca das 15.40 horas fizemo-nos à estrada, neste caso a A8, já que um acidente havia entupido a A1 na zona de Vila Franca.
A viagem para o Norte, não obstante alguma chuva, decorreu com tranquilidade e animação, sendo curioso o facto do autocarro não ter parado numa estação de serviço mas sim numa rotunda com o Municipal de Leiria como pano de fundo, local onde vários associados foram "obrigados" a aliviar as suas necessidades fisiológicas...

Duas horas volvidas, já com a hora do jogo cada vez mais próxima, efectuamos uma segunda e breve paragem na Antuã, onde mais uma vez nos esperavam os nossos amigos do núcleo da F.A. de Ovar.
Com o reforço as hostes furiosas ascederam a 20 ultras, número ainda assim muito abaixo das expectativas, não podendo as circunstâncias que envolveram o jogo - derrotas e dia de trabalho -ser desculpa para tudo.



A chegada ao estádio de Braga - que mais parece uma barragem... - foi agitada não devido a quaisquer circunstâncias extraordinárias, mas devido aos acessos ao mesmo, ou se quiserem à falta destes. Com os ponteiros do relógio a bater nas 8 e meia avistavamos já há muito o estádio, mas entre nós e este encontravam-se ainda centenas de automóveis em fila, praticamente imobilizados.

Foi portanto a passo de caracol que percorremos aqueles 1000 metros finais, até estacionarmos num excelente e moderno parque de estacionamento... de terra batida: o euro 2004 no seu melhor...

Após a habitual revista desta vez por GNR´s, rapidamente entramos no estádio, mas já com jogo a decorrer - o cronometro indicava cerca de 5 minutos de jogo.

Avistando as 4 linhas, rapidamente percebi que o nosso 11 não apresentava alterações substanciais, mantendo nomeadamente como titulares os nossos 2 magnifícos laterais. Se Vasco Faísca não tem e aparentemente nunca terá qualidade futebolística para jogar no Belenenses, já Amaral é dotado com melhores atributos, facto que somente agrava as suas miseráveis e consecutivas exibições. O que preciso para o primeiro ser afastado e vez e para o segundo ser reciclado através de umas semanas de banco?

Se for necessário oferecer golos aos adversários, ai está o Amaral no seu melhor, que deve ter achado o cabeceamento do João Tomás bastante bonito porque o apreciou sem sequer saltar.

Os restantes jogadores, com oscilações e maior ou menor inspiração, exibiram-se relativamente bem após o golo do Braga, tendo mesmo dominado o encontro nos últimos 20 minutos da primeira parte, se bem que não tenham sido criadas grandes ocasiões de golo. Notou-se claramente a vontade geral de fazer melhor em relação aos jogos anteriores, isto é, o "conta-quilómetros" dos jogadores alcançou valores mais elevados.

Mas correr não basta para ganhar jogos automáticamente, sobretudo frente a uma defesa que se tem revelado quase intransponivel. O braga não jogou bem, sem sequer dominou grande parte do jogo, com excepção para os primeiros 20 minutos de jogo, mas demonstrou saber defender e "queimar" tempo como ninguém o faz em Portugal, e quem não sofre golos "arrisca-se" a ganha-los.

Na segunda parte, Couceiro, compreendendo que o adversário iria assentar o seu jogo na solidez defensiva e não na pressão ofensiva, fez entrar Romeu em detrimento de um apagado José Pedro, colocando nas alas direita e esquerda respectivamente Paulo Sérgio e Janúario, contando este muitas vezes com o apoio de Meyong, que fugia do meio.

Todavia, o maior poder de jogo ofensivo do Belenenses revelou-se inocúo, já que nas linhas raramente os nossos extremos serviram os avançados centro em condições, e os laterais ou não subiam - Amaral - ou faziam-no disparatadamente - Faísca.

A entrada de Ahamada foi igualmente inconsequente, continuando a posse de bola azul a não ter correspondência prática nos últimos 30 metros: o guardas redes adversário, assim como Marco Aurélio, praticamente não foram obrigados a intervir.

Destaque positivo para a exibição sobretudo de Sandro mas também de Pinheiro, e para a disponibilidade dos jogadores em correrem, o que afinal é sua obrigação. Sinal mais também para a ambição de Couceiro ao colocar em campo Romeu, se bem que me pareceu que em determinados momentos tínhamos homens a mais no campo defensivo, podendo ter saído por exemplo Pinheiro e não Januário, apesar deste fisicamente parecer visivelmente cansado. Última nota positiva para os cerca de 25 Belenenses do Norte que se deslocaram ao estádio e também para os adeptos da casa, sempre muito bem. Ao contrário do que se verifica no Restelo, os sócios comuns do Braga, a espaços, cantam pela sua equipa.

Destaque negativo para os Beleneneses oriundos de Lisboa, não mais de 40, e também para a condição fisica dos jogadores azuis. Nos últimos 20 minutos de jogo percebeu-se claramente que já não havia "pernas". Nota negativa ainda para o constante anti-jogo dos bracarenses.

Última nota para os grupos ultras presentes. A Fúria Azul esteve relativamente bem dadas as condicionantes númericas, se bem que que os seus cânticos frequentes nunca tenham tido, nem poderiam ter, grande potência. Boa presença dos grupos da casa, nomeadamente para a Bracara Legion, com cerca de 100/120 elementos sempre muito activos vocalmente.

O saída do estádio, ao contrário do ano passado, foi realizada sem quaisquer problemas.

O regresso a Lisboa, apesar da derrota, foi animado, existindo um grande e divertido convívio entre os furiosos presentes.

A chegada ao Restelo verificou-se por volta das três da manhã, sendo curiosamente o autocarro esperado pelo Engenheiro Cabral Ferreira.