FÚRIA AZUL ON TOUR 2004-2005: TERCEIRA E ÚLTIMA PARTE DA ENTREVISTA COM O RUI.

B.A.M./A.- Em contrapartida às amizades, existem igualmente inamizades com outros grupos. Fala um pouco sobre os problemas que sucederam esta época, se é que ocorreram, sobretudo nas recepções no bessa e em Braga.

R.- Não gosto muito de falar nas inamizades, não interessam muito. Somos sempre muito bem recebidos no bessa, vêm sempre nos esperar (risos) e perguntar se está tudo bem...

B.M.A./A.- ...este ano trouxeram bolinhos e vinho do porto, ou não?

R.- Não, este ano não, até fiquei um pouco arreliado e deveras chateado (risos). No fim do jogo do bessa vieram nos desejar "boa viagem" e tal, e nós dissemos "obrigadinho" (risos), apareçam lá no Restelo, não tenham problemas...

B.A.M./A.- Agora um pouco mais a sério, comenta brevemente os acontecimentos que se verificaram no final do jogo em Braga.

R.- Em Braga sucedeu uma situação caricata. A polícia local não tem qualquer preparação para um jogo duma primeira liga, e sendo um estádio que recebeu o euro, deveriam estar melhor preparados e ter mais cuidado ao receber uma claque. O estádio propriamente dito não está preparado para receber adeptos visitantes...

B.A.M./A.- ...nomeadamente não existe qualquer sector reservado aos adeptos das equipas visitantes. Fala um pouco sobre isso.

R.- Antes de mais, é difícil chegar ao estádio, já que este possuí uma só estrada de acesso. chegando às imediações do estádio propriamente dito, não existe qualquer parque de estacionamento reservado aos meios de transporte da claque visitante.
Também o acesso à bancada é geral, ou seja, é feito juntamente com os adeptos do braga. Já no interior do recinto não existe igualmente um sector reservado aos adeptos do clube visitante, encontrando-se estes no meio dos adeptos do clube da casa. Todas estas circunstâncias em conjunto levam-me a considerar o estádio de braga o pior recinto da superliga, o menos preparado para a recepção à claque visitante, sem condições em termos policiais e estruturais.

B.A.M./A.- Consideras que o factor inamizade pode influenciar negativamente a aderência dos adeptos nas deslocações a estádios tradicionalmente hostis?

R.- É um factor que pode influenciar negativamente os adeptos que estão menos familiarizados com o "mundo ultra", mas que na maior parte dos furiosos tem um efeito contrário. A deslocação ao bessa, por exemplo, aconteceu esta época numa segunda-feira, dia em temos sempre muita dificuldade em levar um autocarro. Ainda assim conseguimos levar um autocarro bem composto de ultras, já que o jogo no bessa é sempre especial, com aquela adrenalina que leva muitos furiosos a querer ir ao Porto.
Um factor também muito importante são as amizades que se vão criando e desenvolvendo, e a ideia de ir sair com o pessoal de grupos amigos para beber um copo, de convívio entre ultras, leva muitos furiosos a querer ir a determinados jogos, como sucedeu em Guimarães. O jogo foi num dia complicado, mas ainda aasim enchemos um autocarro, o que se deve em parte ao facto dos ultras do vitória serem bastante porreiros.

B.A.M./A.- Pensando agora no futuro, na próxima época, qual a estratégia que está a ser preparada pela Fúria Azul para poder deslocar-se com mais ultras? Achas que independentemente das medidas de incentivo que venham a ser tomadas pelo grupo, vão ser os resultados desportivos a condicionar/incentivar melhores e maiores deslocações?
Por outro lado, na tua opinião, quais seriam os apoios que a direcção deveria proporcionar no sentido de conseguir que mais adeptos do Belenenses apoiam a equipa fora do Restelo?

R.- No que diz respeito aos resultados desportivos, se estes forem positivos as coisas são bastante mais fáceis, e de certeza conseguiremos levar mais gente. Se a equipa de futebol do clube se encontrar classificada nos lugares "europeus" já é muito importante para motivar os adeptos.
Temos vários projectos em mente para tornar o preço das deslocações mais em conta, esperemos que na prática funcionem. Ainda assim, considero ser complicado porque, como já referi, noutras circunstâncias praticamos preços quase simbólicos, e o número de inscrições não subiu tanto quanto seria de esperar.
Seja como for, considero que a organização das deslocações é dos pontos que melhor funcionam dentro da claque, ou seja, pode-se sempre fazer melhor mas é complicado.

B.A.M./A.- Apesar da direcção recentemente eleita ter tomado posse há muito pouco tempo (2 de Maio), já se nota alguma diferença em relação à antiga direcção? Consideras que a nova direcção apoia mais a Fúria no que respeita a incentivos às deslocações, ou ainda é cedo para apresentar esta perspectiva?

R.- Ainda é cedo, porque na verdade não houve tempo para formar uma opinião sobre o assunto. Mas tudo indica que a nova direcção está na disposição de colaborar com a Fúria Azul, de reunir com a Junta Directiva do grupo para em conjunto serem encontradas formas para deslocar aos jogos fora cada vez mais adeptos do clube.

B.A.M./A.- Qual a medida que considerarias fundamental para que isso viesse a suceder? consideras que o apoio financeiro da direcção, por exemplo suportando metade das despesas com o autocarro, seria fundamental? Ou existem outras medidas que neste momento seriam mais prementes?

R.- O apoio financeiro por parte da direcção seria muitissímo importante para que mais ultras viajassem com a Fúria, já que esse mesmo apoio permitiria que estabelecessemos um preço fixo nas deslocações, que se manteria inalterável durante toda a época. Esse preço poderia situar-se na ordem dos 5 euros, por exemplo, o que certamente originaria uma habituação e facilidade para os adeptos e simplificaria muito a nossa organização.

B.A.M./A.- Fala um pouco da sociabilidade nas deslocações. No geral, os Furiosos, nos jogos em casa, passam somente duas ou três horas em convívio. Já nas deslocações o pessoal convive durante o dia inteiro.
Consideras importante as viagens no seio do grupo enquanto factor que reforça a união entre todos, que permite que as pessoas se conheçam melhor e reforçem a sua amizade?

R.- Entre nós costumamos dizer que o pessoal entra mais no ambiente do grupo quando começa a ir nas deslocações, porque estas permitem que passamos mais tempo juntos. Já nos jogos em casa, inclusive quando se chega com alguma antecedência em relação à hora de início do jogo, o convívio é muito diferente. Estamos duas horas na bancada a cantar, mas quando o jogo termina cada um vai para o seu lado e "acabou". Nas deslocações passamos o dia juntos, falamos um pouco com toda a gente, partilham-se ideias, ou seja, gradualmente vão se criando grandes amizades, porque o convívio acontece no autocarro, nos restaurantes quando vamos almoçar, etc, e não só no decorrer do jogo, num ambiente de festa que é impossível conseguir nos jogos em casa.

B.A.M./A.- Para terminar dirige uma mensagem aos Furiosos e sócios em geral, e fala um pouco das tuas expectativas para a época de 2005-2006.

R.- Apelo para que todos os sócios do Beleneneses se juntem à Fúria Azul e nos acompanhem mais nas deslocações. Quanto aos membros da Fúria, que se desloquem amis assiduamente e participem na organização do grupo.
Normalmente, sou eu, com a ajuda de algumas pessoas, que organizo as deslocações. POr vezes dizem-me que um pouco "stressado"...

B.A.M./A.- ...não...!(risos)

R.- ...mas às vezes tenho de fazer tantas coisas ao mesmo tempo, autocarros, material, etc, que me "passo" um bocado. Por vezes, mais tarde, penso em casa com mais calma no que sucedeu, e se trato algumas pessoas ocasionalmente menos bem não é por mal. Cria-se um "stress" tão grande ao tentar resolver tantas coisas ao mesmo tempo que às vezes sou um pouco mais rude. Mas as pessoas que me conhecem sabem que eu não sou assim.
Para a próxima época, com a ajuda de mais gente, talvez possa resolver certos
assuntos sem "stressar" tanto. Ainda assim, considero que geralmente as deslocações da Fúria funcionam bem, sendo um dos capítulos que melhor funciona no seio do grupo, algo que nunca falha. Quando chega o dia da deslocação está tudo tratado devida e atempadamente, quer ao nível dos bilhetes, quer no que respeita à viagem propriamente dita. As deslocações foram um dos aspectos que a Fúria, durante anos, não organizava com antecedência, sendo tudo tratado em cima da hora. Actualmente, as coisas funcionam melhor, com uma semana de antecedência já se sabe basicamente tudo o que é importante para o fim-de-semana seguinte.
É tudo o que tenho para dizer, viva o Belenenses.