Taça da Liga: Azul em tons de negro

Em jogo a contar para a taça da Liga, o Belenenses empatou a zero com o Sp. da Covilhã.

Não obstante tratar-se de um jogo oficial, poder-se-ia dizer que o Belenenses continua a sua pré-época. Perante cerca de 800 espectadores, a exibição do clube da Cruz de Cristo foi medíocre, verificando-se uma total incapacidade em contrariar a táctica super-defensiva dos serranos.

Casemiro Mior, contra todas as expectativas, fez alinhar Sérgio Organista no 11 titular. O médio internacional jovem esteve muito tempo parado por lesão, tendo começado a treinar com bola somente há cerca de 15 dias. Na frente de ataque, Evandro Paulista regressou após lesão contraída no primeiro jogo de preparação da pré-época. A terceira novidade, forçada alias, foi Vanderlei, que substituiu Carciano no eixo da defesa.

Assim, o Belenenses iniciou o jogo com Júlio César na baliza, Arroz e Vanderlei no eixo defensivo e o Cândido e China nas laterais; o quarteto de centro-campistas foi composto por Gavillan, Organista, Zé Pedro e Silas, ficando o ataque entregue a Marcelo e Evandro Paulista.

Antes de mais, tratou-se de uma primeira parte caracterizada pela lentidão. O Belenenses assumiu as despesas do jogo, teve muito mais posse bola, mas foi sempre incapaz de criar verdadeiro perigo. Ainda assim, até ao minuto 25 manteve algum caudal ofensivo, período que coincidiu de grosso modo com a duração do pulmão de Organista. O médio oriundo do Pontevedra revelou algum dinamismo inicial, circunstância que permitiu que Gavillan se libertasse um pouco das funções defensivas. Foi inclusive o internacional panamiano a efectuar o primeiro remate à baliza, quando estavam decorridos 11 minutos de jogo. Volvidos quatro minutos Organista consegue ganhar a linha, cruzando ao primeiro poste onde surgia Evandro. No lance resultam dois cantos, no segundo dos quais Gavillan, ao segundo poste, poderia ter inaugurado o marcador. Decorridos 22 minutos de jogo, é o próprio Organista a rematar forte, mas à figura do guarda-redes serrano.

E foi tudo. Três remates belenenses, curiosamente saídos dos pés dos dois médios mais defensivos. Não se tratou, todavia, de uma coincidência. Os médios azuis mais criativos, Zé Pedro e Silas, nunca entraram verdadeiramente em jogo, sendo evidente o seu mau momento de forma. Consequentemente, o Belenenses foi sempre incapaz de ligar os sectores, estando Marcelo e Evandro sempre muito desapoiados e sem bola. Mais: ambos foram incapazes de desequilibrar, sendo presas fáceis para os centrais serranos. Marcelo, nomeadamente, esteve sempre ausente do jogo.

O Covilhã, organizado num 4x5x1 ultra defensivo, acabou por perceber gradualmente que podia levar mais que um nulo do Restelo, e partir do momento de efectuou o primeiro remate - estavam volvidos 27 minutos de jogo - ganhou confiança e acabou por ser a equipa mais perigoso até ao intervalo. À passagem do minuto 30, Júlio César larga a bola após um cruzamento completamente inofensivo, valendo o corte de Vanderlei. Somente um minuto volvido o Sp. da Covilhã dispôs da oportunidade de golo mais flagrante de todo o jogo, com o único avançado serrano a atirar ao lado quando o golo parecia iminente. O Covilhã crescia na partida, beneficiando de dois cantos quase consecutivos à passagem do minuto 34.

O Belenenses ainda cria perigo relativo quando estavam decorridos 40 minutos de jogo - na sequência de um canto Evandro falha a emenda ao segundo poste - mas a chegada do intervalo acabou por constituir um alívio para o Belenenses, brindado com assobios quando recolhia aos balneários.

No reinício do jogo, Mior fez entrar Vinicius para o lugar de Sérgio Organista, parecendo o brasileiro ser capaz de dar um safanão ao encontro com a sua velocidade. Puro engano. Não obstante o jogo ter readquirido as características dos primeiros 30 minutos nos quais o Covilhã se limitou a defender, o ataque organizado do Belenenses permaneceu confrangedor. O ímpeto inicial do Belenenses (se é que pode ser apelidado desta forma) ainda produziu um golo que acabou por ser anulado por mão de Evandro Paulista, e uma grande penalidade não assinalada, desta feita após mão dentro da área de um defesa serrano. Mior ainda substituiu Marcelo por João Paulo Oliveira aos 19 minutos, e Evandro por Maykon, mas tudo o que o Belenenses conseguiu foi um remate de Silas ao lado, quando se encontrava em boa posição para alvejar a baliza do Sp. da Covilhã. Zé Pedro permanecia ausente do jogo, Silas tinha bola mas as coisas não lhe saiam bem e Vinicius, que havia entrado para ocupar a ala direita, não conseguia resistir em descair para posições mais centrais.

O jogo arrastava-se para o fim, com o Belenenses incapaz de criar qualquer espécie de perigo (a esmagadora percentagem de posse de bola nada significou) e os serranos a defenderem com quase todos os homens e a fazerem constante anti-jogo. O golpe de teatro poderia ter ocorrido já muito perto do fim após excelente passe de ruptura de Maykon que desmarcou Silas, mas o cruzamento acabou por ser desperdiçado por João Paulo.

O nulo no resultado (e no futebol praticado) acaba por premiar o esforço defensivo do Sp. da Covilhã e castigar um Belenenses ainda em ritmo de pré-época e incapaz de produzir situações de ataque organizado.

Conferência de imprensa e resumo alargado do jogo já disponíveis no canalBELENENSES.

O Belenenses um a um.

Júlio César: Não teve trabalho digno de realce no decorrer nos 90 minutos de jogo, mas poderia ter oferecido um golo ao largar uma bola fácil - Nota 1.

Cândido: Não obstante ser médio de origem, nunca foi capaz de auxiliar o ataque. Perante a ausência de futebol ofensivo do Sp. da Covilhã em quase todo o jogo tinha que tê-lo feito - Nota 2.

Rodrigo Arroz: Algo nervoso no decorrer da primeira parte, hesitou numa ou duas ocasiões. Melhorou na segunda parte, mas nunca foi verdadeiramente testado - Nota 2.

Vanderlei: Dominou o futebol aéreo, e saiu sempre vitorioso no um para um. Muito activo no decorrer dos primeiros 45 minutos, efectuou bem as dobras do lado direito e foi ainda obrigado a intervir no terreno de Arroz. Consciente das suas limitações técnicas, jogou sempre simples. Numa rara falha escorregou num contra-ataque serrano já no decorrer da segunda parte - Nota 3

China: Embora não tenha sido brilhante, procurou sempre auxiliar o ataque. Foi dos poucos jogadores belenenses a tentar imprimir alguma velocidade ao encontro - Nota 3.

Gavillan: Iniciou bem a partida, mas foi desaparecendo gradualmente. Algo trapalhão na segunda metade, deu ainda assim tudo em termos de disponibilidade física - Nota 2.

Sérgio Organista: Vindo de uma lesão, o seu pulmão só durou 25 minutos. Poderá ser muito útil quando se encontrar bem fisicamente. Na conferência de imprensa que se seguiu ao jogo afirmou ser o porto o seu clube de coração quando foi questionado acerca do embate da próxima semana - Nota 2 (dentro de campo e zero na sala de imprensa).

Zé Pedro: O seu momento de forma é quase confrangedor. Muito mal fisicamente, passou completamente ao lado do jogo - Nota 1.

Silas: Teve uma exibição pouco conseguida, embora tenha tentado pautar o jogo azul. Raramente conseguiu bater os seus adversários no um para um. Procurou ainda assim a bola, nunca se escondendo - Nota 2.

Marcelo: Não obstante o apoio dos médios ter sido quase nulo, passou completamente ao lado do jogo. Recuou aqui e ali em busca da bola mas, trapalhão, nunca soube o que fazer com ela - Nota 1.

Evandro Paulista: Apesar de esforçado, nunca conseguiu incomodar verdadeiramente a defesa adversária. Esteve ainda assim activo, procurando (sem o conseguir) desequilibrar - Nota 2.

Vinicius: O médio brasileiro prometeu muito no início da pré-época, mas tem sido incapaz de cumprir. Deu alguma velocidade ao jogo nos primeiros minutos em campo, mas rapidamente abandonou a faixa direita procurando posições mais centrais. Procurou efectuar alguns passes de ruptura mas nunca foi bem sucedido - Nota 2.

João Paulo: Não conseguiu ser uma mais valia. Complicou aqui e ali. Teve oportunidade de marcar perto do fim, mas desperdiçou - Nota 1.

Maykon: Esteve pouco tempo em campo, não impressionando. Do seu pé esquerdo saiu um dos poucos passes de ruptura do jogo - Nota 2.