Belenenses derrotado no Dragão

O Belenenses, na estreia na liga 2008/09, foi derrotado no Dragão por 2:0, com golos portistas de Mariano e Hulk.

Jogo estranho no Estádio do Dragão. O Belenenses entrou nas quatro linhas com uma estratégia claramente defensiva, mas podia ter marcado logo aos 30 segundos: Marcelo surge solto no coração da área, mas quando o golo parecia eminente cabeceia por cima da baliza.

Segue-se um período no qual o porto teve muita posse de bola, domínio territorial não traduzido em situações de perigo para a baliza defendida por Júlio César.

O Belenenses ocupava muito bem os espaços em termos defensivos, nomeadamente no lado direito onde Cândido, de regresso ao meio-campo, auxiliava Baiano.

Um pouco inesperadamente, o porto acaba por marcar à passagem dos 15 minutos, com China a rematar de encontro a Mariano. No início do lance Rodrigo Arroz havia efectuado um mau passe, que permitiu o contra-ataque portista e um primeiro remate de Lisandro. O lance acaba por ilustrar na perfeição as lacunhas belenenses. Não obstante ter apresentado um esquema defensivo (uma espécie de 4x5x1), o Casemiro Mior fez alinhar um central a trinco (Gavillan, previsivelmente lesionado nem se sentou no banco, mas Mano poderia ter feito a posição) e não apresentou um número 8 (que seria Organista). Rodrigo Arroz nunca conseguiu ser eficaz ao nível do passe, tendo o Belenenses imensas dificuldades em sair a jogar e em unir os sectores.

Ainda assim, a seguir ao golo a posse de bola fica mais dividida, podendo Cândido Costa empatar o jogo num forte remate que todavia sai ligeiramente por cima da barra. Estavam decorridos 21 minutos de jogo.

Com os centro-campistas criativos fora de jogo (Zé Pedro, Silas e Maykon tiveram pouca bola), o Belenenses era incapaz de manter um fio de jogo e o porto, revelando alguma lentidão, limitava-se a aproveitar o desacerto individual dos adversários. Marcelo, aos 30 minutos, faz um atraso disparatado para Júlio César, mas Lisandro desperdiça. Aos 39 minutos é o Belenenses a criar algum perigo após cabeceamento de Matheus na sequência de um canto.

O jogo não entusiasmava os espectadores presentes, e os lances de verdadeiro perigo escasseavam. Lisandro teve ainda uma oportunidade para alvejar a baliza após um ressalto incrível que se transforma em assistência, mas o pontapé acrobático não cria dificuldades a Júlio César. No minuto seguinte Mariano, de muito longe, remata ao poste, num dos poucos lances de futebol bem jogado dos primeiros 45 minutos, que terminam com Marcelo a chegar ligeiramente atrasado e a desperdiçar a oportunidade de empatar o jogo.

O epíteto de jogo estranho acaba por ser inteiramente corroborado pela estatística de remates ao intervalo: 5 remates para ambas as equipas, não obstante as extremas dificuldades do Belenenses em sair do sector defensivo com a bola controlada.

Nos segundos 45 minutos mais do mesmo: O Belenenses permaneceu incapaz de ligar os sectores e o porto limitou-se a criar perigo na sequência de ofertas do adversário, sendo o atraso de cabeça de Matheus para Júlio César o exemplo perfeito.
O Belenenses, mesmo sem praticamente atacar, podia ainda assim ter empatado o jogo à passagem do minuto 69, mas o cabeceamento de João Paulo Oliveira (que havia substituído Marcelo) foi travado por Benitez perto da linha de baliza. Casemiro Mior tinha já compreendido que Arroz não se havia adaptado à posição no meio-campo defensivo, substituindo o central brasileiro por Sérgio Organista, o tal número 8 que tanta falta fez ao futebol belenense.

Surge então o caso do jogo: com 75 minutos de jogo decorridos, Carciano é expulso num lance em que Lisandro claramente simula uma falta quando se vê incapaz de alcançar um passe longínquo. Injustiça clara para um dos melhores belenenses em campo.

Casemiro Mior tinha já lançado a sua última carta - entrada de Vinicius para o lugar de Maykon - e teve assim que adaptar Cândido a central.

Mesmo com 10 e sem atacar de forma continuada, o Belenenses podia ter empatado novamente o jogo, mas a sorte de Mariano no primeiro golo portista não esteve com Organista que vê o seu cruzamento ressaltar num defesa e dirigir-se para a baliza, fazendo Helton a defesa da noite. Indiferente ao facto de Vicinius ter dado outra vivacidade ao ataque belenense, Hulk acabou por resolver definitivamente o jogo após grande remate num lance individual.

Destaques individuais para Carciano, Cândido Costa,Baiano e Júlio César, nota negativa para Rodrigo Arroz (não obstante a adaptação), Zé Pedro (ainda que condicionado), Maykon (que tal como Arroz alinhou fora da sua posição) e Silas (sempre incapaz de coordenar o jogo belenense).

No final do encontro Casemiro Mior reconheceu a pouca propensão ofensiva da sua equipa, mas não deixou de comentar a expulsão de Carciano e a actuação da arbitragem em geral:

"A arbitragem foi um pouco tendenciosa. Se na primeira parte mostrasse cartão amarelo ao Lisandro por tocar com a mão na bola, teria sido expulso na segunda parte, algo que acabou por acontecer na segunda parte com o Carciano".