Assembleia Geral: O Belenenses e o futuro - III

VII - Condições e responsabilidades para o sucesso das modalidades (pp.5 e 6).

Em novo "eixo prioritário", o programa eleitoral do eng. Cabral Ferreira postulava a definição de "um quadro responsabilizante para cada modalidade (ou grupo de modalidades) enquanto «unidades de negócio», em vectores como: a gestão administrativa, comercial, financeira e desportiva".

Tal quadro simplesmente não existe, ou seja, não foi implementado. As diferentes secções estão entregues a si próprias, tendo que obter patrocínios e tudo o mais. Pior: a direcção foi simplesmente incapaz de estabelecer um tecto financeiro em algumas das modalidades - o andebol, neste aspecto, constitui-se enquanto o exemplo mais flagrante - demonstrando mais um vez um total incapacidade de gestão. Consequentemente, o nome do clube foi e é enlameado nos órgãos de comunicação e vivem-se autênticos dramas pessoais devido ao facto do clube não cumprir os compromissos assumidos com os atletas. Como foi possível que os pagamentos a atletas de diferentes modalidades falhassem logo no primeiro mês da época?

VIII - Revitalizar, modernizar e rentabilizar as instalações (pp. 6 e 7).
"É necessário", pode-se ler, "efectuar um plano de ordenamento e maximização das áreas disponíveis"; Mais: "queremos melhorar as condições de conforto para todos os que frequentam ou possam vir a frequentar o complexo... Revela-se como prioritário um conjunto de acções concretas a executar desde já". Aspectos como a melhoria da rede de distribuição eléctrica em todo o complexo e melhoramentos no Complexo Olímpico de Piscinas encontram-se referenciados enquanto prioritários.

Mais uma vez, nada foi feito a este nível. As piscinas - cujos balneários encontram-se num estado lastimável - mantêm a sua espiral de degradação constante, não tendo sido sequer cobertas em tempo útil. O "Maracanãzinho" continua, depois de inúmeras promessas, pelado; e polidesportivo, com o seu pavimento perigoso e molhado quando chuve, permanece enquanto um autêntico "elefante branco" que simplesmente não é utilizado.

As obras no Estádio do Restelo aquando da taça UEFA tiveram que ser pagas por um ex. presidente do clube! Foi este o ponto a que o clube já chegou.

IX - Concretizar o projecto imobiliário.
"Queremos avançar com o nosso projecto imobiliário", pode-se ler em mais um eixo prioritário do eng. Cabral Ferreira: "Não nos pouparemos a esforços para o conseguir".

Que esforços? Que medidas concretas foram tomadas neste sentido? Nenhumas...
Devido a completa inacção por parte da direcção do presidida pelo eng. Cabral Ferreira, o projecto imobiliário deixou simplesmente de estar na ordem do dia belenense, tendo já quase todos os associados se esquecido da sua existência.

Inclusive o projecto de remodelação desportiva nunca foi terminado.
Dizia assim o Boletim informativo osbelenenses em Dezembro de 2000:
"No passado dia 9 de Novembro... foi assinado um protocolo tendo em vista a remodelação do Complexo Desportivo do Restelo. Estiveram representados todos os órgãos sociais do clube e o presidente da C.M.L.
Este protocolo prevê: ... a construção de um novo pavilhão polidesportivo; ...cobertura das piscinas..."

X - Revisão dos estatutos.
O último eixo prioritário do programa eleitoral da lista liderada pelo eng. Cabral Ferreira também ainda não passou de um promessa vã. O projecto de estatutos, lembramos, deveria ter sido apresentado no "último semestre de 2007." Não o foi até este momento, e dificilmente será...

Conclusões:

O Belenenses é dos sócios, e não de nenhuma direcção. Estas são mandatadas precisamente pelos sócios com base num programa, num compromisso se se quiser. Se este for flagrantemente desrespeitado, os sócios tem todo o direito de intervir e retirar esse mesmo mandato que atribuíram. Tal, não restam dúvidas, aconteceu realmente, e o compromisso que a direcção assumiu com os associados do Belenenses não foi minimamente cumprido - e não se perspectiva que virá a ser no futuro.

Mais: esgotado cerca de um terço do mandato em termos temporais, chegou a altura certa para avaliar e tirar consequências desta quebra de compromisso e confiança - esperar para ver, nas circunstâncias presentes, seria não só danoso no presente, como comprometeria seriamente o futuro do Belenenses.

Os sócios são soberanos, e a sua palavra irá ser dada em local soberano: a A.G.

Voltamos a repetir:
Mais do que o orçamento para 2008, a Assembleia Geral de hoje apresenta-se-nos enquanto um referendo institucional prévio ao modo como o clube tem sido gerido desde há algum tempo a esta parte.

Todas as consequências têm de ser tiradas: a palavra dos associados jamais poderá deixar de ecoar com a força de uma sentença aos ouvidos de quem é responsável pela crise financeira, humana e de gestão para a qual temos sido tão evidentemente arrastados.

Neste sentido, votaremos negativamente quer o orçamento para 2008, quer todas as restantes propostas que imanem da direcção. Não pretendemos efectuar um mero voto de protesto, de carácter essencialmente simbólico. Muito pelo contrário.

Entendemos que o futuro do Belenenses começa hoje: Os associados pronunciar-se-ão desde já acerca da forma que este futuro assumirá.

Diz-nos o Artigo 72º dos Estatutos do Clube, número 2 (p.15):
"A iniciativa de reunião extraordinária pode partir do seu presidente, da direcção, do Conselho Fiscal, do Conselho Geral ou de, pelo menos, 250 sócios efectivos da classe A, maiores de 18 anos e com mais de um ano de filiação ininterrupta."

Perante tal, se se verificar uma maioria de votos "NÃO" no "referendo" institucional prévio de hoje - chumbo do orçamento proposto pela direcção para o ano de 2008 -, defendemos que sejam reunidas as assinaturas necessárias para a convocação de uma A.G. Extraordinária. Ponto único: Convocação de eleições antecipadas.