Porto 1 : Belenenses 1 - Análise Belém até Morrer.

Foi um Belenenses personalizado, destemido e organizado que se apresentou ontem no estádio do Dragão.

Ao contrário do que sucedeu noutros jogos chamados grandes - Bayern na Alemanha e também no Restelo, por exemplo - Jorge Jesus manteve a estrutura táctica da equipa, 4x4x2, ou seja, não recorreu à utilização de um terceiro central.

A lição foi, ao invés, muito bem estudada, funcionando os três homens mais recuados do meio campo como verdadeiros tampões às investidas portistas: Gabriel Gomez na posição de trinco, e Ruben e Zé Pedro, respectivamente à esquerda e à direita, foram fundamentais para travar os alas adversários, Lisandro (e por vezes Leandro Lima) e Quaresma.

O losango azul teve como vértice mais avançado Silas, jogador chave nas transições ofensivas. No ataque, como tem sido habitual, evoluíram Weldon e Roncatto.

O Belenenses de ontem mostrou ser uma equipa possuidora de cultura táctica e grande espírito de entre-ajuda? Sim e sim, mas não só...

Antes de mais, o Belenenses ao seu melhor nível é uma equipa que tem classe, que sabe jogar futebol. De facto, cultura táctica e entrega são aspectos fundamentais em todos os capítulos do jogo, mas reflectem-se indubitavelmente mais nos aspectos mais defensivos de uma partida. No "outro" lado do campo, quando é necessário atacar, é todavia indispensável ter classe, e o Belenenses de ontem, sobretudo até ao golo do empate foi uma equipa de ataque, de posse de bola no meio campo adversário.

Se os números finais da partida nos dizem que o porto rematou em 14 ocasiões e o Belenenses em 10 (5 dos quais já dentro da grande área), a ligeira superioridade portista transforma-se em clarissíma desvantagem se tivermos em conta somente os 50 minutos que decorreram até ao golo de Zé Pedro. Mais: o Belenenses efectuou 5 remates à baliza, contra nenhum do porto: não obstante a bola à barra num centro remate, Costinha não fez uma única defesa no decorrer dos 90 minutos do jogo - fê-lo já perto do fim após remate de Adriano, mas o brasileiro encontrava-se fora de jogo.

Mesmo antes do jogo grosseiramente irregular de Postiga, o Belenenses tinha-se aproximado com mais perigo da baliza de Helton, nomeadamente na sequência de uma arrancada de Weldon aos 10 minutos (defesa de Helton) e de um cabeceamento de Rolando após canto de Zé Pedro.

Surgiu então, pouco depois, o caso do jogo, sendo o fora de jogo que precedeu o golo portista mais do que escandaloso.

Apesar da injustiça, o Belenenses não se desagrega e continua mais forte na luta do meio campo - Roncatto, isolado com mestria por Gabriel, poderia ter empatado aos 35 minutos.
Acabou por ser sem surpresa que aconteceu o golo belenense - dois minutos antes Weldon tinha cabeceado com perigo -, estavam decorridos seis minutos no segundo tempo (já Silas tinha saído das 4 linhas lesionado, entrando em seu lugar Evandro): brilhante jogada de Roncatto brilhantemente concluída por Zé Pedro. Terceiro golo do médio em três jogos.

Seguiu-se uma forte reacção portista em termos de posse de bola e velocidade imprimida ao jogo, e foi então que foi indispensável a tal cultura táctica e entrega a que tínhamos feito referência. Todavia, apesar de alguns calafrios - por exemplo aquando do cabeceamento de Postiga aos 56 minutos - o Belenenses mostrou-se irrepreensível a defender embora, naturalmente, com menor fulgor quando se tratou de atacar. Destaque neste capítulo para os dois remates quase consecutivos de Zé Pedro (64 e 65 minutos de jogo).

Concluindo, tratou-se de um excelente jogo do Belenenses - 4º jogo sem perder -, que mostrou ter equipa para se bater com qualquer adversário.

Fora das 4 linhas, eram cerca de 70 os Belenenses presentes nas bancadas do Dragão, sendo de destacar a presença de cerca de 40/50 elementos da Fúria Azul (entre os quais alguns pertencentes ao grande núcleo furioso de Ovar e também alguns amigos da Alma Salgueirista) que, não obstante o ambiente "hostil", nunca de cansaram de apoiar verbalmente a sua equipa.

Fotos de Sofia.