Hugo Figueira: "Continuamos a jogar pelos sócios"

Depois das infelizes declarações do Eng. Cabral Ferreira em relação ao Andebol, surge hoje, no mesmo periódico, uma entrevista com o guarda redes azul, Hugo Figueira.

"Regressou a Portugal depois de uma aventura de dois anos em Espanha e pronto para relançar a carreira que, apesar dos altos e baixos, poucas vezes atrapalhou o seu estatuto na Selecção Nacional. Com a primeira volta quase a terminar, Hugo Figueira assume cada vez mais protagonismo no Belenenses e garante que os ordenados em atraso e o vazio de treinador em que vive o clube tornam o grupo mais unido, mas focado apenas num objectivo: fazer regressar João Florêncio e espreitar um lugar na Europa.

— Em termos desportivos a época está a correr bem?
— Sim. Temos três derrotas todas fora e pela margem mínima, um empate com o FC Porto e três triunfos seguidos. Todas as dificuldades que a equipa tem encontrado, os problemas têm-nos dado força, união e ambição.

— Quais foram os objectivos definidos para esta temporada?
— Fazer melhor do que no ano passado. O Belenenses terminou em quinto e este grupo quer ainda fazer melhor. Seja quarto, terceiro, segundo ou primeiro

— Não será um projecto demasiado ambicioso?
— Temos uma equipa recheada de jovens valores e jogadores com muita experiência. Penso que é um misto muito interessante. Assisti a alguns jogos na época passada como adepto e acho que ganhámos com as trocas. Temos mais consistência e experiência do que no ano passado.


— Receia que os problemas possam atrapalhar esse objectivo?
— Temos um grupo fantástico, um balneário excepcional. Ser adepto, simpatizante ou sócio do Belenenses não é para qualquer um. É para pessoas que gostem do Belenenses e que vivem o dia a dia do clube.

— Sentem apoio dos sócios?
— Sim. Sentimos isso na presença assídua nos treinos, nos jogos e nas coisas que nos dizem. Os sócios vêm ver os treinos e tentam dar-nos força. Há uma interacção grande entre sócios e jogadores.

— E apesar de todos os problemas financeiros e pessoais decidiram continuar a jogar, recusando, para já, outros cenários de protesto?
— Continuamos a jogar pelos sócios, pelas pessoas que acreditam em nós, pelas crianças que olham para nós como ídolos e porque somos profissionais. Se não treinarmos só nos prejudicamos a nós próprios.

— Ficou surpreso com a demissão de João Florêncio?
— Um pouco, mas é uma decisão dele e temos de respeitá-la, sobretudo, porque sabemos que a tomou pelos jogadores e pela equipa técnica.

— Há um movimento para assegurar o regresso do treinador?
— Os jogadores são a alma e o espelho do treinador. Se estou hoje no Belenenses devo-o a João Florêncio que é excelente treinador e um grande gestor de recursos humanos. Eu e todos os jogadores queremos o João Florêncio connosco. Este trabalho é dele e é também por ele e para ele voltar que jogamos. Os sócios querem o treinador, os jogadores querem o treinador, acredito que está tudo conjugado para que o seu regresso se concretize".

Fonte A Bola.