Assembleia Geral Extraordinária - Rescaldo.

Realizou-se ontem à noite, no pavilhão do Restelo, uma Assembleia Geral extraordinária do Clube de Futebol "Os Belenenses" a que assistiram cerca de 130 associados. A ordem de trabalhos continha dois pontos, a saber:

1 – Discussão e aprovação da alteração ao artº 36º dos Estatutos do Clube.

2 – Nos termos do artº 84º do Estatutos, submeter à discussão e aprovação da Assembleia a concessão de autorização para a Direcção contratualizar com o PEC o pagamento faseado das dívidas à Segurança Social.

A primeira das propostas da direcção não suscitou grande discussão entre os associados presentes, visto ser evidente a necessidade de fazer algo para fazer regressar à família belenense os associados que entretanto deixaram de pagar as suas quotas. Assim, o artigo 36º foi alterado (82 votos a favor, 8 votos contra e 37 abstenções), passando:
1 - A readmissão de sócios a ser feita nas mesmas condições que a admissão;
2 - Os sócios que pretendam ser readmitidos com o seu número de ordem que tinham à data da exclusão, poderão solicitá-lo.

Na prática, trata-se de um perdão das quotas em atraso, podendo todos os associados em falta ser readmitidos nas mesmas condições que os novos sócios, sendo considerados os anos em que mantiveram a sua situação regularizada.

Já o segundo ponto da ordem de trabalhos gerou, como seria de prever, acesa e acalorada discussão. Mais do que a cedência dos direitos de superfície dos terrenos onde estão situados a BP e o McDonalds do Restelo como garantia para a contratualização do Procedimento Extra-Judicial de Conciliação (que prevê o pagamento mensal de uma prestação a rondar os 52 mil euros durante 5 anos e 3.500 euros nos 7 anos que se seguem, correspondentes a um montante em dívida de três milhões de euros à Segurança Social e aos impostos), muitos associados quiseram saber em que anos as obrigações do Belenenses para com o fisco e S.S. deixaram de ser cumpridas, situação grave e criminosa perante a lei.

Com uma clareza pouco habitual em relação ao passado, o vice-presidente para a área financeira, doutor Viana de Carvalho, remeteu as dívidas para os anos de 2005 e 2006, período que de grosso modo corresponde ao primeiro mandato do engenheiro Cabral Ferreira. Isto confirma, alias como se temia, o desastre da época desportiva de 2005/06, na qual o Belenenses desceu desportivamente de divisão não obstante ter tido um orçamento record de 7,5 milhões de euros.

Para estabelecer um termo de comparação, na época actual o orçamento situa-se na ordem dos 5 milhões de euros, ou seja, o acréscimo verificado em 2005/06 tratou-se simplesmente duma retenção ilegal do dinheiro dos trabalhadores do clube - jogadores e funcionários.

O incumprimento para as finanças e com a S.S. teve como consequência 800 mil euros de coimas, verba que terá de ser somada aos cerca de 2,2 milhões referentes às verbas em atraso (por parte da SAD numa percentagem importante, e também do clube).
Perante tal negro cenário, o Belenenses viu-se obrigado a hipotecar parte do seu futuro já que será obrigado a despender cerca de 52 mil mensais por um período de 5 anos - mais 3 mil euros mensais nos 7 anos que se seguem - para que a situação fique regularizada.

A proposta da direcção foi aprovada com 81 votos a favor, 36 votos contra e 16 abstenções.

Devido à importância deste assunto, o Belém até Morrer disponibiliza em vídeo os momentos mais importantes da discussão e aprovação do ponto número 2 da ordem de trabalhos.


Discussão do ponto número 2 da ordem de trabalho.


Continuação.