Reportagem Belém até Morrer: Belenenses vs Estrela
Mais um jogo que significou novas lesões...
O empate a zero do Belenenses ontem na Reboleira frente ao Estrela foi marcado, tal como havia sucedido em Rio Maior com o Nacional, por uma excessiva dureza: Roncatto, por exemplo, foi completamente ceifado e teve, coxeando, que abandonar as 4 linhas num lance que o arbítro nem sequer assinalou qualquer falta.
De resto, a excessiva dureza dos estrelistas durante todo o jogo teve sempre a conivência do senhor do apito, que não apresentou um único cartão amarelo. Simplesmente não pode ser! Os jogadores têm de ser protegidos, e o estatuto de jogo particular ou "amigável" não pode ser motivo para que não se cumpram as leis do futebol.
No capítulo das lesões, também Gonçalo Brandão, ainda na primeira parte, teve que abandonar o rectângulo, desta feita devido a um problema muscular após um sprint vigoroso.
Seja como for, o jogo que pretendia apresentar o Estrela aos seus associados (cerca de 300/400) não foi famoso, sendo inclusive de questionar a sua pertinência após o jogo com o Nacional e a poucos dias de uma importante participação no Tereza Herrera.
O Belenenses entrou o seu esquema predilecto da pré-época, actuando em 4x4x2x: Dragovic na baliza, Devic e Rolando no eixo da defesa, Cândido e Brandão nas laterais; losango azul do meio-campo com Gabriel, Zé Pedro, Rafael e Silas; ataque entregue a Roncatto e João Paulo.
Os pontos de interesse da partida, quase apetece dizer, esgotam-se logo aqui...
De facto, a integração de Devic no 11 sem qualquer condicionalismo é uma boa notícia, ficando assim atenuada a flagrante escassez de centrais às ordens de Jesus.
Observando o 11 azul podemos ainda notar o regresso à competição de Cândido, após dois jogos de ausência - final do torneio de Casablanca e Nacional. O agora lateral direito parece completamente recuperado da mazela que sofreu em Marrocos.
Justíssima nota de destaque deve igualmente ser dirigida a Dragovic, guardião sérvio que voltou a brilhar. Dragovic foi um dos melhores elementos azuis, tendo na 1ª parte do encontro efectuado 3 defesas de excelente qualidade.
À sua frente, Devic demonstrou algumas dificuldades quando se tratou de ir às dobras nas laterais, sendo evidente que carece ainda de falta de velocidade. Pelo contrário, demonstrou alguma segurança nas operações na grande área. Ao seu lado, Rolando actuou ao seu nível, ou seja, sempre com muita segurança.
Cândido, como seria normal após a paragem, mostrou-se menos efusivo quando se tratou de atacar, mas no cômputo geral esteve bem. Já Bradão, enquanto se manteve nas 4 linhas, revelou algumas dificuldades posicionais, sendo evidente a sua tentação em descair para o eixo da defesa.
Enquanto médio mais defensivo, Gabriel actuou sempre em bom nível, cotando-se claramente como um dos melhores belenenses em campo: o panamiano é muito forte fisicamente, nunca hesitando em ir ao choque. Simultaneamente apresenta bons índices técnicos, realidade que lhe possibilita sair a jogar. Por vezes revelou alguma alguma lentidão de processos, sinais obvios herdados do futebol latino-americano. Como nos declarou João Paulo em entrevista, "aqui não há tempo para pensar". O internacional do Panamá facilmente se adaptará à velocidade do futebol europeu.
E os "problemas" do Belenenses começaram aqui...
Os criativos do meio-campo encontravam-se em dia não, tendo sobretudo Zé Pedro uma exibição muito pobre: demasiado pobre, diria. Tratando-se de um jogador cujos índices fisícos são, durante o decorrer da época, já habitualmente baixos, o médio português acusa mais do que ninguém o rigor da pré-época. Demasiados jogos num curto espaço temporal significam para Zé Pedro actuações praticamente a passo...
Já Silas e Rafael revelaram mais dinamismo, embora tal não tenha significado boas actuações: muito longe disso. Apesar da confusão do seu futebol e das lacunas em termos de posicionamento táctico, Rafael pareceu se encontrar mais em jogo, procurar mais a bola, sinais que demonstram mais disponibilidade fisíca. O médio brasileiro vinha muito cotado do Brasil, mas até este momento têm-se revelado um pouco enquanto desilusão. Problemas de adaptação? Demasiada carga fisíca? Provavelmente.
Silas, apesar de esforçado, também esteve algo apagado, sendo sempre incapaz de servir os avançados azuis com qualidade.
Depois de traçadas as dificuldades do meio-azul quando se tratou de produzir jogo ofensivo, não surpreende o que se segue: Roncatto e João Paulo tiveram sempre pouca bola, ou seja, poucas oportunidades de visar a baliza adversária (ocupada pelo "nosso" Pedro Alves depois da lesão de Nelson).
A eficácia de Roncatto enquanto goleador é algo que não nos parece, neste momento, ser um dado adquirido: o brasileiro é claramente dotado tecnicamente, sendo mesmo um jogador com classe. Para além disto, remate muito bem com ambos os pés. Combinação mortífera? Aparentemente sim, mas... parece faltar o instinto "matador", a aptência natural para o golo, para estar no sitio certo no momento. Roncatto parece capaz de grandes momentos, de grandes golos, mas simultaneamente revela até este momento alguma incapacidade quando se trata de se posicionar no local certo e simplesmente empurrar a bola de encontro às malhas.
Já João Paulo desmente completamente tudo isto: com menos classe e capacidade técnica, o brasileiro que jogava à bola descalço nas ruas do Rio tem instinto de matador. Instinto de matador e muita força...
Algo pesado e preso de movimentos quando chegou ao Belenenses, João Paulo tem vindo a melhorar substancialmente, sendo aquele tipo de jogador que poderá tornar-se um caso sério nas mãos de Jesus, um diamante (tal como Dady) que irá ser lapidado. Se é melhor jogador que Roncatto? Dificilmente. Se virá a marcar mais golos que o seu colega e compatriota? Apostamos que sim...
Em resumo: jogo que provavelmente Jesus teria preferido não realizar; primeiros 45 minutos de domínio azul, sem que tal se reflectisse em grandes oportunidades de golo (o Estrela teve menos posse de bola, mas revelou-se sempre mais perigoso); segunda metade a roçar o horrível, sem que os azuis rematassem sequer à baliza; grande dominio estrelista sem que, todavia, criasse oportunidades nitidas de golo; ao contrário dos primeiros 45 minutos, Dragovic não teve oportunidade de brilhar.
O empate a zero do Belenenses ontem na Reboleira frente ao Estrela foi marcado, tal como havia sucedido em Rio Maior com o Nacional, por uma excessiva dureza: Roncatto, por exemplo, foi completamente ceifado e teve, coxeando, que abandonar as 4 linhas num lance que o arbítro nem sequer assinalou qualquer falta.
De resto, a excessiva dureza dos estrelistas durante todo o jogo teve sempre a conivência do senhor do apito, que não apresentou um único cartão amarelo. Simplesmente não pode ser! Os jogadores têm de ser protegidos, e o estatuto de jogo particular ou "amigável" não pode ser motivo para que não se cumpram as leis do futebol.
No capítulo das lesões, também Gonçalo Brandão, ainda na primeira parte, teve que abandonar o rectângulo, desta feita devido a um problema muscular após um sprint vigoroso.
Seja como for, o jogo que pretendia apresentar o Estrela aos seus associados (cerca de 300/400) não foi famoso, sendo inclusive de questionar a sua pertinência após o jogo com o Nacional e a poucos dias de uma importante participação no Tereza Herrera.
O Belenenses entrou o seu esquema predilecto da pré-época, actuando em 4x4x2x: Dragovic na baliza, Devic e Rolando no eixo da defesa, Cândido e Brandão nas laterais; losango azul do meio-campo com Gabriel, Zé Pedro, Rafael e Silas; ataque entregue a Roncatto e João Paulo.
Os pontos de interesse da partida, quase apetece dizer, esgotam-se logo aqui...
De facto, a integração de Devic no 11 sem qualquer condicionalismo é uma boa notícia, ficando assim atenuada a flagrante escassez de centrais às ordens de Jesus.
Observando o 11 azul podemos ainda notar o regresso à competição de Cândido, após dois jogos de ausência - final do torneio de Casablanca e Nacional. O agora lateral direito parece completamente recuperado da mazela que sofreu em Marrocos.
Justíssima nota de destaque deve igualmente ser dirigida a Dragovic, guardião sérvio que voltou a brilhar. Dragovic foi um dos melhores elementos azuis, tendo na 1ª parte do encontro efectuado 3 defesas de excelente qualidade.
À sua frente, Devic demonstrou algumas dificuldades quando se tratou de ir às dobras nas laterais, sendo evidente que carece ainda de falta de velocidade. Pelo contrário, demonstrou alguma segurança nas operações na grande área. Ao seu lado, Rolando actuou ao seu nível, ou seja, sempre com muita segurança.
Cândido, como seria normal após a paragem, mostrou-se menos efusivo quando se tratou de atacar, mas no cômputo geral esteve bem. Já Bradão, enquanto se manteve nas 4 linhas, revelou algumas dificuldades posicionais, sendo evidente a sua tentação em descair para o eixo da defesa.
Enquanto médio mais defensivo, Gabriel actuou sempre em bom nível, cotando-se claramente como um dos melhores belenenses em campo: o panamiano é muito forte fisicamente, nunca hesitando em ir ao choque. Simultaneamente apresenta bons índices técnicos, realidade que lhe possibilita sair a jogar. Por vezes revelou alguma alguma lentidão de processos, sinais obvios herdados do futebol latino-americano. Como nos declarou João Paulo em entrevista, "aqui não há tempo para pensar". O internacional do Panamá facilmente se adaptará à velocidade do futebol europeu.
E os "problemas" do Belenenses começaram aqui...
Os criativos do meio-campo encontravam-se em dia não, tendo sobretudo Zé Pedro uma exibição muito pobre: demasiado pobre, diria. Tratando-se de um jogador cujos índices fisícos são, durante o decorrer da época, já habitualmente baixos, o médio português acusa mais do que ninguém o rigor da pré-época. Demasiados jogos num curto espaço temporal significam para Zé Pedro actuações praticamente a passo...
Já Silas e Rafael revelaram mais dinamismo, embora tal não tenha significado boas actuações: muito longe disso. Apesar da confusão do seu futebol e das lacunas em termos de posicionamento táctico, Rafael pareceu se encontrar mais em jogo, procurar mais a bola, sinais que demonstram mais disponibilidade fisíca. O médio brasileiro vinha muito cotado do Brasil, mas até este momento têm-se revelado um pouco enquanto desilusão. Problemas de adaptação? Demasiada carga fisíca? Provavelmente.
Silas, apesar de esforçado, também esteve algo apagado, sendo sempre incapaz de servir os avançados azuis com qualidade.
Depois de traçadas as dificuldades do meio-azul quando se tratou de produzir jogo ofensivo, não surpreende o que se segue: Roncatto e João Paulo tiveram sempre pouca bola, ou seja, poucas oportunidades de visar a baliza adversária (ocupada pelo "nosso" Pedro Alves depois da lesão de Nelson).
A eficácia de Roncatto enquanto goleador é algo que não nos parece, neste momento, ser um dado adquirido: o brasileiro é claramente dotado tecnicamente, sendo mesmo um jogador com classe. Para além disto, remate muito bem com ambos os pés. Combinação mortífera? Aparentemente sim, mas... parece faltar o instinto "matador", a aptência natural para o golo, para estar no sitio certo no momento. Roncatto parece capaz de grandes momentos, de grandes golos, mas simultaneamente revela até este momento alguma incapacidade quando se trata de se posicionar no local certo e simplesmente empurrar a bola de encontro às malhas.
Já João Paulo desmente completamente tudo isto: com menos classe e capacidade técnica, o brasileiro que jogava à bola descalço nas ruas do Rio tem instinto de matador. Instinto de matador e muita força...
Algo pesado e preso de movimentos quando chegou ao Belenenses, João Paulo tem vindo a melhorar substancialmente, sendo aquele tipo de jogador que poderá tornar-se um caso sério nas mãos de Jesus, um diamante (tal como Dady) que irá ser lapidado. Se é melhor jogador que Roncatto? Dificilmente. Se virá a marcar mais golos que o seu colega e compatriota? Apostamos que sim...
Em resumo: jogo que provavelmente Jesus teria preferido não realizar; primeiros 45 minutos de domínio azul, sem que tal se reflectisse em grandes oportunidades de golo (o Estrela teve menos posse de bola, mas revelou-se sempre mais perigoso); segunda metade a roçar o horrível, sem que os azuis rematassem sequer à baliza; grande dominio estrelista sem que, todavia, criasse oportunidades nitidas de golo; ao contrário dos primeiros 45 minutos, Dragovic não teve oportunidade de brilhar.
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