"Má sorte, ter nascido p***"...
... era o título de uma peça exibida em Portugal há uns anos atrás e que encaixa neste sentimento comum pelo menos a alguns de nós desde ontem (na verdade há muito mais do que isso).
Quer queiram quer não, o Belenenses (clube chato à brava para estes “senhores”), Campeão de Portugal por QUATRO vezes, vencedor da Taça de Portugal por TRÊS VEZES (não alongando o rol), foi a Marrocos este fim-de-semana e de lá trouxe mais uma Taça para a já sobrelotada sala de troféus (que conta com mais de DEZ MIL outros).
Tratou-se de um troféu de pré-temporada, dirão que apenas mais um de entre muitos que por esse mundo fora se disputam. É um, sem dúvida, mas será um pouco mais do que isso. Depois de despachar um misto de duas equipas rivais e (por acaso) as mais representativas da capital marroquina por 1-0 na meia-final, esperar-se ia um tratamento digno por parte da comunicação social, habitualmente tão “excitada” como com falta de assunto nestas coisas das pré-épocas. Não houve. Simplesmente nenhum destaque de assinalar. Tudo bem, ainda não havíamos ganho nada.
Julgar-se-ia então que ao vencer a final e arrecadando o troféu, aí sim, seria feito justo eco do feito, tanto mais que nesse jogo vencemos por 2-0 aquele que é “só” o vice-campeão africano de futebol (finalista vencido da Taça dos Clubes Campeões Africanos, frente ao “papa-taças”, o egípcio Al-Ahly).
Pois bem... o cenário após atenta observação desde as 23:00 de Domingo até ao momento produziu isto:
A Bola: faz pequena referência na capa, 5x4cm, (ENA!!!!) e uma página no interior profundo.
Record: sem referência na capa (ridícula) e dois terços de página;
O Jogo: sem referência na capa e uma página no interior;
Mais futebol: absolutamente nada;
Sportugal: sem referência em destaque e apenas uma curta no interior de hoje às 13h;
Jornal de Notícias (online): curta caixa na secção de desporto;
Diário de Notícias (online): nada na secção de desporto;
Público: nada de nada;
Correio da Manhã: nada de nada;
SOL (semanário online): nada nos destaques do desporto, só procurando na secção (o SOL quando nasce é só para alguns).
Diário Desportivo: (se alguém o tiver informe-nos por favor...)
Ora achamos que isto se deve a alguns factos particulares, pelo que os belenenses deverão mostrar a sua total compreensão. A saber:
- Não temos nenhum futebolista que troque de penteado todos os dias ou que utilize uma marca eleita de corta-unhas.
- Não equipamos de cor-de-rosinha fofinho (ai aquele laranja do ano passado, ai, ai, está tão fora de moda),
- Temos o péssimo mau hábito de querer afrontar os três clubes do estado, no campo e fora dele.
- Não temos um patrocínio da nossa Câmara Municipal (irra, antes pelo contrário!!)
- Não temos um estádio camarário do qual, além de não pagarmos despesas de manutenção, ainda possamos “vender” o seu nome a uma importante seguradora do panorama europeu (temos o nosso e não o fazemos, talvez fosse possível, mas enfim...)
- O nosso Presidente da Direcção (a quem aproveitamos para reiterar os nossos votos de rápido restabelecimento e regresso à nossa companhia) não possui protuberantes apêndices auditivos nem inicia as frases todas por “hum hum...”, tão pouco dedica ao flato discreto e “concubinantemente” público nem sobre essa capacidade inata consta em livros que se escrevam por aí, e também não se lhe conhece a fraqueza do álcool em cerimónias públicas e decorrente má figura.
Portanto como vêem, caros leitores belenenses, analisando fria e objectivamente, não temos razão para protestar visto o tratamento ser perfeitamente igual para todos os clubes em função do seu interesse relativo.
E também, que raio, o Club Africain da Tunísia é só o vice-campeão africano de futebol!!!
Não é um Carouge da 16ª divisão belga, ou um clube amador da 26ª divisão holandesa que seja goleado por 10-0 pelo campeão português em título.
Caramba! De que se queixam?
PS: Guardámos este post para a edição da noite por causa do título. Ainda pensámos em pintá-lo de cor-de-rosinha e pôr à tarde, mas p*** soa mal a qualquer hora do dia. Bem... para quase todos, que não consta que o negócio mais velho do mundo esteja em riscos de falência.
|