O FUTURO É AZUL?

Enquanto belenenses, vivemos actualmente um período extraordinário. Temos que recuar várias décadas para encontrar situação análoga na vida do nosso clube. Mesmo em 1989, ano da última grande vitória do futebol azul, a grandiosa conquista da taça de Portugal não foi acompanhada - muito pelo contrário – com uma classificação honrosa no campeonato.
Acontece que na presente época o Belenenses conseguiu (até ver) juntar o bom - 4º lugar da tabela – ao óptimo: presença na grande final do Jamor.
Só por si, trata-se, sem dúvida, de uma conjugação magnífica. Mas se tivermos em conta as circunstâncias que ocorreram na época passada o adjectivo magnífico transforma-se em algo ainda mais especial.
Aquando da redacção de uma série de artigos intitulados “O factor J.”, tivemos oportunidade de comprovar que a equipa azul não mudou transcendentalmente: muito pelo contrário.
Assim, o 11 azul não se alterou substancialmente: 7 dos jogadores de campo mais utilizados em 2006/07 já se encontravam no plantel na época transacta. No que respeita a saídas e entradas entraram Rodrigo Alvim, Cândido Costa e Nivaldo (e posteriormente Garcés), mas saíram Pelé e Meyong, respectivamente um dos melhores centrais e o ponta de lança mais concretizador da liga 2005/06.

Onde queremos chegar?
Ao Factor J: ao factor Jesus… Jorge Jesus!
Por outras palavras: não existiram, pelo menos aparentemente, mudanças substanciais ao nível da estrutura do clube.
Consequentemente o sucesso do futebol azul, trata-se, pelo menos neste momento, de algo que se pode considerar conjuntural, quase “acidental”…
Já aqui escrevemos: “Como teria sido a época passada com Jesus?”
Agora fazemos a pergunta “ao contrário”: Como correria a época que aí vem sem Jesus?

A nossa interrogação não pretende insinuar que o timoneiro da nau azul irá embarcar noutras aventuras. Pensamos que não.
Simplesmente queremos dizer que neste momento o sucesso do futebol azul parece depender de Jorge Jesus. Isto significa que grande parte do futuro belenense enquanto instituição (que assenta predominantemente no futebol) de sucesso depende de Jesus.
Apresenta-se-nos como uma evidência que esta realidade é no mínimo perigosa, isto para não dizer insustentável.
Nenhum clube, seja ele qual for, pode depender de um treinador.

Alguns belenenses mais alarmistas proferiram que o Vitória de Setúbal ganhou a taça há dois anos (e foi finalista na época passada) e que actualmente está com pé (com um pé e “meio”?) na segunda liga. A possibilidade de um cenário semelhante no Belenenses é, segundo eles, provável. Não cremos. Não somos apologistas da “teoria da desgraça” (isto apesar do facto de nos lembrarmos com enorme nitidez da nossa descida de divisão em 1991, ou seja, dois anos após a conquista da taça).

Corremos, isso sim, o risco de nos habituarmos à mediania: de não lutarmos por coisa nenhuma.
E o Belenenses pós 1989 é caracterizado pela mediania (por vezes até mesmo pela mediocridade).

Entendemos que os sucessos da presente época têm de ser encarados como o ponto de partida – como uma primeira pedra de um futuro grande edifício – e não como ponto de chegada: temos que aspirar a mais…
Temos, pelo menos, de manter nas épocas que se seguem o estatuto “europeu”: lutar consistentemente e continuamente pelo 4º lugar da classificação.
Boas classificações requerem bons jogadores e bons jogadores só poderão ser adquiridos se existir capacidade financeira.
E a capacidade financeira actual do Belenenses não é muito grande. Pior: é pouquíssimo diversificada, com as receitas do Bingo a representarem mais de 60% do orçamento anual azul. Isto significa uma bingo-dependência preocupante, até mesmo porque as receitas deste jogo têm vindo a baixar ano após ano (o casino de Lisboa é uma realidade e tudo o mais).

O primeiro passo (de muitos) a dar é aumentar substancialmente o número de sócios pagantes, que actualmente se situa em cerca de 10.000 – cifra demasiado baixa que se traduz no reduzido peso das quotizações nas receitas do Belenenses: 12%.
A atracção de novos sócios (e o regresso dos antigos associados que deixaram de pagar quotas) é portanto fundamental porque qualquer grande clube necessita de uma forte componente humana – mais sócios representam maior encaixe financeiro em termos de quotizações, bilhetes de sócio, venda de artigos alusivos ao Belenenses, etc. Significam simultaneamente renovação e dinamismo, uma base na qual assenta o futuro do nosso clube.

E o momento é: agora!
A menos de um mês da grande final do Jamor, o Belenenses vive um clima de euforia que não deve ser desprezado; muito pelo contrário. Este clima tem de ser capitalizado em termos de angariação de novos associados, porque existem dezenas e dezenas de milhar de simpatizantes e ex. sócios que só necessitam de um “empurrãozinho” para entrar ou reentrar na grande família belenense.
A grande final do Jamor significa esperança: esperança num futuro azul. E muitos dos associados e simpatizantes haviam deixado, nos últimos tempos, de ter esperança no sucesso do seu clube do coração.

Todos os Belenenses desejam assistir ao vivo à grande final: esta é uma realidade inquestionável. Assim, a procura de bilhetes irá certamente exceder a oferta. Por outras palavras, provavelmente só os associados belenenses terão possibilidade de adquirir o seu ingresso, não sobrando bilhetes de venda livre. Consequentemente, será necessário ser sócio para assistir à grande final.
Que melhor bandeira teríamos para uma campanha de sócios positivamente agressiva e apelativa?
Repetimos: o momento é agora!

Sim: o futuro é azul!!!