
História de Matateu: 8ª parte.
Depois do encontro com a selecção da Argentina, Matateu viu a sua carreira de internacional sofrer um longo interregno.Estava em curso a época de 1952/53. Domingo após domingo, em defesa das cores do Belenenses, o seu clube de sempre, o popular jogador via aumentado o seu prestígio, consequência directa de algumas exibições extraordinárias. A Lisboa desportiva tinha já galardoado o nome de Matateu. A crítica era unânime em apontar o jogador belenense como um dos mais valorosos futebolistas nacionais que pisaram, até então, os rectângulos portugueses.
As equipas adversárias tentavam vários esquemas tácticos nas suas defesas, com o fim de anularem o perigoso dianteiro dos azuis sempre que tinham que defrontar o clube de Belém.
Não obstante todas as precauções, Matateu ia marcando os mais extraordinários golos. Ou os alcançava depois de fugas vertiginosas, em que deixava os adversários colados ao terreno ou, então, após fintas e “dribles” quase diabólicos, disparando mortíferos remates, plenos de força e rapidez.
No final da época, Matateu conseguiu mais um êxito individual. Conquistou a “Bola de Prata”, troféu atribuído pelo jornal “A Bola”, ao melhor marcador do Campeonato Nacional.Entretanto, Lucas da Fonseca fazia a sua estreia contra clubes estrangeiros. Foi a 3 de Janeiro de 1953, no campo das Salésias, num encontro entre o Belenenses e o Wacker, uma das melhores equipas estrangeiras na altura.
Matateu teve, neste jogo, uma das suas melhores exibições. Foi um autêntico quebra-cabeças para a defesa germânica.
Não obstante tão brilhante exibição e de ter sido o melhor jogador em campo, Matateu não conseguiu desfeitear a defesa antagonista. Caso curioso: o famoso artilheiro azul não tinha, ainda, marcado quaisquer golos a turmas estrangeiras. E esse fenómeno sucedeu novamente, no encontro com o Zagreb, realizado no estádio de Alvalade.
Após este jogo, em que, mais uma vez, o jogador moçambicano alardeou toda a sua classe, os adversários, em entrevistas concedidas à imprensa, declararam ser Matateu um dos melhores futebolistas europeus.
O Belenenses não foi feliz nessa época, nomeadamente na Taça de Portugal, em que foi eliminado pelo Barreirense. Este facto obrigou os dirigentes azuis a estudar a realização de alguns jogos particulares, evitando assim um prolongadíssimo “defeso”.
Foi então que nasceu a ideia de uma digressão pela Madeira, a fim de ali realizarem uma série de três jogos, dois com o Nacional e um com o União.No primeiro encontro, que o público madeirense aguardava com expectativa, Matateu não foi muito feliz.
Porém, dois dias depois, no segundo encontro disputado contra o União, Matateu mostrou toda a sua categoria de futebolista. Marcou um golo, daqueles que mais tarde viriam a denominar-se “golos à Matateu”.
O público rendeu-se, e o interior esquerdo dos azuis viu ainda mais aumentado o seu já grande prestígio.
Voltou o Belenenses a defrontar o Nacional e, neste jogo, a exibição de Matateu foi ainda mais convincente.
Marcou dois golos, sendo um deles um golo monumental, daqueles que jamais se esquecem.
Matateu tinha conquistado o público madeirense.
A época terminou para o Belenenses em pleno Verão, pelo que os seus jogadores se encontravam bastante extenuados, mormente aqueles que, como Matateu, não tinham faltado qualquer encontro ao longo de toda a época.
O “defeso” foi bastante curto para os jogadores belenenses. Efectivamente, pouco mais de um mês estiveram os azuis sem jogar. A época seguinte começou com uma série de jogos particulares.
Logo a princípio, Matateu demonstrou estar em boa forma.
Na mente dos adeptos do clube de Belém surgiram as primeiras ilusões. Seria naquele ano?...






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