boavista vs Belenenses - Análise e comentários Belém até Morrer


Dadas as ausências já anunciadas – castigos e lesões – Jorge Jesus fez apresentar no bessa um 11 sem novidades. Com Costinha de fora, existia alguma expectativa entre a massa adepta quanto ao guarda-redes a utilizar – Marco Aurélio ou Marco Gonçalves – embora a chamada deste último fosse bastante provável.
Assim, o Belenenses entrou nas 4 linhas num sistema de 4x3x2x1, com dois triângulos bem definidos à frente do quarteto defensivo: o primeiro composto por Sandro Gaúcho, Rubem Amorim e Zé Pedro e o segundo por Silas, Cândido Costa e Dady.
Previa-se, portanto, ao contrário do que sucedeu frente à Naval, um meio campo mais criativo, de passe curto, e não o jogo mais directo e em velocidade no qual Garcés e Eliseu tão bem se enquadram.
Foi precisamente isto o que sucedeu, chamando os azuis a si o domínio das operações a meio campo a partir dos 15 minutos de jogo – o Boavista entrou forte, pressionante, muito rematador, mas rapidamente o carrossel belenense começou a se impor. O “canto do cisne” axadrezado neste período do jogo verificou-se aos 12 minutos com Marco a defender um remate de longe de Zé Manel, a respectiva recarga por Marquinho, e com Fary a rematar depois para fora.

De facto, depois do primeiro quarto de hora, o Belenenses começou a impor o seu estilo de jogo tecnicista, perdendo Dady uma grande oportunidade de inaugurar o marcador: com 20 minutos de jogo decorridos, o cabo-verdiano remata contra William na sequência de um primeiro remate de Cândido Costa.
Incapazes de produzir jogo nas faixas, os axadrezados continuam a optar por remates à distância aos quais Marco G. esteve sempre muito atento.
Ao virar da meia-hora, o Belenenses tem nova oportunidade de golo, desta feita na sequência de um cabeceamento de Rolando, após centro de Cândido, culminando uma boa jogada de envolvimento dos azuis.

Alguns minutos volvidos, o Belenenses aproxima-se novamente com perigo da baliza adversária em 3 ocasiões quase consecutivas: aos 37 minutos Zé Pedro remata para as mãos de william; aos 38´um centro tenso de Amaral encontra Dady, na área, que cabeceia ao lado; no minuto seguinte, e após magnifico passe de Cândido, Dady isola-se e, quando todos antevêem já o golo azul, remata muito fraco e à figura do guardião local que consegue suster a bola.

No início dos segundos 45 minutos, o cariz do jogo não se altera substancialmente, podendo os azuis do Restelo inaugurar o marcador quase imediatamente: Silas bate um livre na esquerda ao qual Nivaldo, isolado, responde com um cabeceamento que William defende.

Com o boavista, incapaz de penetrar na área azul, obrigado quase sempre a efectuar remates longínquos, Jorge Jesus, depois de uma série de passes falhados de Sandro Gaúcho, retira o brasileiro do jogo e aposta num jogador mais ofensivo, Fernando.
Quando, pelo menos em termos teóricos, se julgou que o Belenenses iria subir no terreno e avançar irresistivelmente para a vitória, sucedeu precisamente o contrário: com o recuo de Amorim para trinco o meio campo azul perde fulgor e qualidade técnica, e é o boavista que passa a procurar o golo com mais afinco: quase sempre através de Zé Manel os visitados passam a criar mais perigo, como sucede aos 63 minutos com um remate forte ao lado e aos 71´com o mesmo jogador a não aproveitar uma saída em falso da baliza de Marco G – tratou-se da única falha do guarda-redes azul, isto para além do pormenor da colocação da bola em jogo. No banco Jorge Jesus pressente o perigo, e no minuto seguinte substitui Cândido Costa por Pinheiro.

Dados os resultados do fim-de-semana e a tendência do jogo, era tempo de garantir um ponto e manter os do Bessa a 4 pontos.

Apesar do remate de Linz – já entrado em campo - contra o corpo de Marco G. aos 75 minutos, o boavista era incapaz de desfazer o nulo e Belenenses parecia satisfeito com o resultado. Apesar do impasse e da postura mais calculista dos últimos 30 minutos, os azuis criam ainda perigo através de Silas, aos 82 minutos, que remata fraco após ter ultrapassado 3 defesas adversários. O mesmo Silas, já no período de compensação, recebe um cruzamento da direita e tenta servir na área Dady, com a bola a sobrar para William. Não havia tempo para mais…

Momentos decisivos do jogo:

Minuto 20: Cândido Costa falha o remate em zona central e a bola sobra para Dady que, isolado, acaba por acertar no corpo de William.

Minuto 38: Cândido Costa isola Dady mas este, na cara de William, não consegue fazer melhor que atirar para defesa fácil do guarda-redes axadrezado.

Minuto 60: Jorge Jesus tira Sandro Gaúcho e coloca em campo Fernando. Má substituição uma vez que Rubem Amorim é obrigado a recuar e o meio-campo azul perde fulgor.

Disse Jorge Jesus:
«Para nós este resultado é um mal menor, porque durante a primeira parte, em especial a partir dos 15 minutos, a minha equipa teve duas grandes oportunidades e podia ter ficado em vantagem, apesar de ter sido um jogo dividido. Na segunda parte não houve grandes oportunidades e a minha equipa ressentiu-se pela quebra física de alguns jogadores, que já não podiam e tiveram de ser substituídos. Mesmo assim, a equipa com mais qualidade na zona de decisão foi o Belenenses. Mas pelo que o Boavista, uma equipa muito competitiva e bem orientada, fez no jogo, acho que foi um ponto bem conquistado para cada equipa.»