Belém até Morrer on tour: Madeira

Diário de um adepto.

Lisboa.
Sábado, 25 de Março de 2006, hora local 15:10, temperatura 13 graus com céu bastante nublado, algures em Lisboa, ainda a curar a ressaca de 6ª feira à noite...Foi este o cenário à partida para mais uma deslocação fora de portas para apoiar o clube do meu coração. O vôo da esperança estava marcado para as 16:40. O check-in marcava 15:35, o nervosismo apoderava-se de mim, não por ter receio de andar de avião, mas por algum atraso ou cancelamento que deitaria por terra a minha esperança de acompanhar o Mágico Belém. Por volta das 16:15 começou o embarco. O nervosismo foi substituído pela ânsia de chegar à Ilha do Tio Alberto sem qualquer atraso, consumada a descolagem senti de facto um alivio...tempo agora para pensar no resultado da partida...
- talvez um empate...
- se jogarmos com o mesmo empenho que nas últimas duas jornadas admito a vitória...

O Flamingo, imponente, cruzava os ares do Atlântico a uma velocidade cruzeiro de 800kms, o comandante anunciava como hora prevista de chegada ao Aeroporto do Funchal de 18:15, estando uma agradável tarde de sol. Após 1:30 de vôo o avião pisou solo Madeirense, as palmas ouviram-se dentro do avião,a felicitar a boa aterragem do piloto...sem comentários.

O primeiro problema surgiu à saída do Aeroporto, por ser fim de semana o único meio de transporte era o Aerobus ou de Táxi. Tentei o Bus só que apenas chegava às 20:00 sendo a hora prevista de chegada ao Funchal 20:45, não chegaria ao estádio antes das 21:15, o que seria arriscado...tentei o táxi. Li que a tarifa do percurso entre o Aeroporto e o Funchal varia entre os 17€ e os 22€...já dentro do táxi (19:05), a conversa foi animada ou não fosse este Lampião (porra um gajo tem que gramar com estes tipos em todo o lado...), passados cerca de 20 minutos avistamos o estádio dos Barreiros onde fiquei, fiquei a saber que por ser fim de semana paga-se mais 20% da tarifa de táxi, quando pedi para consultar a folha com a tarifa caiu-me tudo...32€!!!
A tarde já estava estragada com um assalto à minha carteira, o que mais me espantou é que o preço não era inflaccionado...

Já nas imediações do estádio, seriam perto das 19:30, dei uma volta ao estádio a pé, deparei com alguns adeptos do Maritimo, alguns olhavam com admiração para a cor do cachecol e comentavam "- um gajo do Belém aqui...", deparei-me com bastantes adeptos junto às portas de acesso ao estádio, apesar da hora, a ansia de entrar para
estes adeptos era grande. Continuando a explorar o redor do estádio, dei com as habituais bancas de comes e bebes, onde o Bolo do Caco tinha particular realce, sendo um produto tipico da região. Perto das 19:50 desloquei-me então ao Hotel para acompanhar os restantes adeptos do Belenenses que já estavam hospedados no Funchal...após mais de 20 minutos a andar finalmente dei que o hotel. Encontrei-me com estes no átrio do hotel. Por volta das 20:30 saímos em grupo em direcção ao estádio (porra mais 20 minutos, desta vez sempre a subir...), não sem antes pousar-mos para as habituais fotos de "familia", as quais meia dúzia de estrangeiros fizeram questão de também levarem uma recordação fotográfica para casa.
Passados 5 minutos a caminhada prosseguiu em direcção ao estádio dos Barreiros...sobe...sobe...sobe, o percurso demorou um pouco mais do que o
esperado dado à idade ternurenta de alguns adeptos que iam ficando para trás, já cansados. Perto do estádio, a uns escassos 200 metros, passamos por um café cheio de adeptos Maritimistas (jovens) os quais pertenciam à claque dos Templários e fizeram questão de começar a cantar por forma de intimidar, nada de mais, passamos mesmo pelo meio deles, alguns adeptos do Belém sentiram receio de algo que se pudesse passar, mas de facto nada se passou nem existem registos de conflitos nas deslocações da Fúria à Madeira e vice versa. Já à porta do estádio a entrada foi pacifica, não existindo qualquer revista aos adeptos, excepto...o único elemento que representava a claque sem que nada o identificasse à primeira vista (o futebol tem destas coisas). Após a detecção de algo, o agente fez questão de guardar para mais tarde devolver (de facto devolveu) =) ainda falam mal da Polícia...

Já dentro do estádio, coloquei a faixa FÚRIA com o símbolo do Belém, identificando bem a bancada dos adeptos azuis. Seriam cerca das 21:15.
Os adeptos do Belém estavam ansiosos e preocupados, Ceára na equipa titular, é capaz de tirar qualquer pessoa do sério. A entrada das equipas fez explodir o estádio, quase cheio, os adeptos do Marítimo gritavam bem alto. O pessoal de Belém abanou as bandeiras e abriu os cachecóis, o jogadores vieram junto à linha de canto agradecer o apoio arremeçando algumas bolas para a bancada tal como os jogadores do Marítimo fizeram
no inicio da partida. Após 6 horas de ter saído de casa estava no Funchal a ver o meu Belenenses, com a esperança de sair vitorioso e levar 3 pontos na bagagem. Os factos do jogo deixo para os críticos de Futebol. Nas bancadas os Templários apresentaram uma boa moldura humana, perto de 100 elementos (?), não consigo precisar visto que estavam misturados com outros adeptos. O adeptos do Belém eram cerca de 20, já nas bancadas juntaram-se outros 3 Madeirenses equipados a rigor (segundo consta em Machico existem bastantes Belenenses); da Fúria estava eu a representar com todo o orgulho que tenho em pertencer a este grupo, que no fundo é composto por amigos com um só interesse, cantar e acompanhar o nosso Beleneses em todo o lado. No fim do jogo a azia era grande, podiamos ter empatado e nunca tivemos a sorte do nosso lado, paciência.

No final do jogo, apenas 3 ou 4 jogadores vieram agradecer, não vou referir nomes, mas as atitudes ficam para quem as toma. Cerca das 23:30 abandonamos o estádio, os adeptos azuis seguiram para o seu hotel, restando-me esperar pelas 06:30 para apanhar o vôo de regresso para Lisboa.
A presença de um amigo nas bancadas prolongou-se noite dentro já no Santinho Bar, junto à Marina do Funchal, cerveja e tremoços era a ementa para uma conversa
que se estendeu até às 05:30 da manhã, onde apanhei de novo um táxi (a esta hora não existe nenhum meio de transporte para o aeroporto, no entanto, existem
12 vôos antes do 1º AeroBus). A conversa foi ainda mais agradável do que com o primeiro "fogareiro", este sim, adepto do Maritimo. O taximetro marcava 28€!!!
Desta vez já estava prevenido emocionalmente, porque já sabia o quanto me ia custar. O check-in foi às 06:05, o mesmo avião que transportava a minha esperança levou-me
numa viagem de amargura de regresso e de azia, soube a pouco a prestação da equipa. Eram perto das 08:15 quando aterramos no Aeroporto de Lisboa, no rosto a tristeza
e a fadiga de uma deslocação de 19 horas directas, não sem antes ouvir um comentário junto à saída dos passageiros de um funcionário do aeroporto "- ahh, olha um gajo do Belenenses", estimo bem que te f**** meu filho da p*** tenho todo o orgulho e faço questão de dizer a toda a gente.
A viagem terminou perto das 09:15 da manhã já em casa.

by Ich bin Blau.