Protesto Ultra Nacional

A Furia Azul revendo-se e partilhando causas em comum com todos os adeptos que sofrem com o estado actual do nosso futebol, aderirá hoje ao protesto que se realizará um pouco por todo o País e que tem os fundamentos que estão descritos no "press release" que aqui está.

Hoje temos mais uma jornada que é sintomática do porquê reclamar contra o nosso futebol, uma jornada jogada em dia laboral, num dia de chuva às 19:15 com transmissão em directo na TV... será fácil advinhar o deserto que será o Restelo!


"Press Release" do Protesto Ultra Nacional

Vimos por este meio dar conhecimento e solicitar a divulgação do Protesto Ultra Nacional que será levado a cabo este fim-de-semana na maioria dos estádios pelos Grupos Organizados de Apoio dos campeonatos profissionais e dos escalões secundários do futebol português.
O objectivo é o de alertar para uma progressiva e inegável degradação do estatuto do Adepto, que é visto cada vez mais como um mero cliente ou consumidor. Queremos deixar claro que os Adeptos não são o mal do futebol, mas sim o que este tem de mais belo e a verdadeira essência da sua grandeza.
Para além disso, pretendemos reforçar a ideia de que o comportamento das claques é um problema ínfimo na realidade do futebol português. Existem praticamente 50 claques em actividade só nos campeonatos profissionais. Em quantos dos 288 jogos realizados esta época, só falando dos dois primeiros escalões, aconteceram incidentes? Contam-se pelos dedos de uma mão, constituindo uma percentagem ínfima em comparação com os comportamentos anómalos de outros intervenientes do espectáculo desportivo. As claques são um factor de inclusão para uma juventude carente de ideais e motivações, pelo que é necessário romper de uma vez com os preconceitos e abrir as portas um novo futuro. Estes são os principais motivos da nossa preocupação:
- Os interesses do Futebol Moderno geraram escândalos como o Apito Dourado, que envolve 171 arguidos em relação aos quais existe uma intolerável complacência e uma preocupante inacção da Justiça.
- Os erros grosseiros de arbitragem repetem-se semanalmente sem que sejam tomadas medidas purificadoras do sector nem lançada para a mesa propostas de rompimento com o "sistema" vigente.
- A Liga assiste ao desvirtuar das competições por si organizadas, com salários em atraso e incumprimentos de toda a ordem, assobiando para o ar como se não fosse nada consigo.
- A FPF não consegue posicionar-se como alternativa viável, vivendo obcecada pela galinha dos ovos de ouro que são as selecções nacionais e descurando as competições que estão sob a sua égide, deixando a II e III Divisões à sua sorte. A redução dos campeonatos, nos moldes em que foi planificada, será desastrosa para o nosso futebol.
- O amor à camisola morreu e os jogadores comportam-se cada vez mais como mercenários da bola. As referências de balneário escasseiam e o mercado é que dita as regras, sendo considerado natural e bem aceite o desrespeito sistemático pelos contratos assinados e a palavra dada.
- Os preços dos bilhetes são assustadores e desligados da realidade sócio-económica portuguesa, constituindo a principal razão de afastamento dos Adeptos dos estádios. Mesmo em jogos da III Divisão já houve, há pouco tempo, quem tivesse de pagar um bilhete de 15€. A quem interessa ter tanta cadeira vazia?
- A ditadura televisiva obriga a que cada jornada seja uma maratona que começa na sexta-feira e algumas vezes nem na segunda-feira acaba. Nesta jornada, apenas um jogo está marcado para o domingo à tarde. Os convites à permanência no sofá são descarados e exigem uma inversão enquanto ainda é tempo.
- Os dirigentes não cumprem compromissos, preconizam gestões desastrosas, arruínam clubes, envolvem-se em guerrilhas pessoais que resolvem com agressões físicas filmadas pelas televisões sem que as autoridades mexam uma palha. Um choque para quem recordar cargas policiais já ocorridas sobre Adeptos que foram ao mesmo aeroporto somente com o intuito de festejar um sucesso da sua equipa em noite europeia.
- Há que ACABar com o estatuto de impunidade que permite à polícia agredir Adeptos indiscriminadamente, como aconteceu no Estádio do Bessa, sem por isso ser responsabilizada. O Adepto não pode ser culpado até prova em contrário, como decreta a Lei 16/2004, talvez o documento mais repressivo publicado em Portugal após o 25 de Abril. Somos cidadão com deveres, mas também direitos que têm de ser respeitados também dentro dos recintos desportivos.
Queremos mostrar que os Adeptos não são o mal do futebol, mas sim o que este tem de mais belo e a verdadeira essência da sua grandeza. Foi isso que nos deu força para avançar com o Protesto Ultra Nacional que vai acontecer este fim-de-semana sob o lema: "Ultras Unidos pela Liberdade dos Adeptos; Sim ao Futebol, não ao negócio". Frase esta que deverá ser exibida pelos grupos aderentes. Acima de tudo queremos mostrar que o espírito “Ultra” é também a união por uma causa comum a todos, não somos sempre os “feios, porcos e maus”.