Belém até Morrer

Geralmente a crónica do Belém até Morrer dos jogos azuis incide sobretudo nas incidências do jogo e da viagem, quanto se trata de um jogo fora do Restelo.
Hoje não vai ser assim, e vou-me abstrair deliberadamente do jogo nas 4 linhas propriamente dito, e relatar/comentar os acontecimentos que rodearam mais esta jornada.

A telenovela teve início na Segunda-Feira passada, no encontro de futsal que opôs o Belenenses ao Boavista, ocasião na qual foi roubada cobardemente uma bandeira da Fúria Azul a um associado do Belenenses.
Este facto, não obstante vergonhoso, só si não constitui grande surpresa. Esta surge quando a direcção do Belenenses contacta, a meio da semana, os responsáveis da Fúria Azul e comunica-lhes que estão "proibidos" de assistir ao jogo de sábado na superior. Motivo: alegadas razões de segurança.
Com a pulga atrás da orelha, a direcção da Fúria Azul, que na pré-época havia préviamente acertado com a direcção a bancada de onde iria apoiar o Belenenses, imediatamente suspeitou que os cobardes do Bessa iriam ser colocados na superior do Restelo, e negou-se a mudar de sector. Seguiram-se algumas "ameaças" por parte da direcção do Belenenses, nomeadamente no que diz respeito aos convites que habitualmente cede à Fúria Azul.
Sendo a superior uma bancada mista, de acordo com o próprio Belenenses que assim a caracterizou oficialmente na Liga Portuguesa de Futebol, a Fúria Azul limitou-se a informar o Engenheiro Cabral Ferreira que compraria os bilhetes de sócio necessários no sentido de ter acesso à superior.

Chegado o dia do jogo, constatamos pessoalmente que os sócios do Belenenses estavam a ser impedidos, ainda que com bilhete de associado, de assistir ao jogo na superior. Esta informação foi-me dada por um dos porteiros que se encontrava na dita bancada.

No final do jogo, cerca de 20 elementos da Fúria Azul aguardaram pelo Engenheiro Cabral Ferreira cerca de uma hora, e tiveram oportunidade de serenamente lhe colocar esta questão. Apesar da conversa ter sido cordial e o Presidente do clube não se ter negado a falar com este grupo de associados que, como todos os restantes, paga mensalmente as suas quotas, as suas explicações não foram convincentes, isto para não lhes chamar simplesmente mentirosas.

Segundo o Engenheiro Cabral Ferreira, os sócios poderiam ter assistido ao jogo da superior, e se os porteiros o impediram foi por livre iniciativa e não por ordens expressas da direcção. Quem quiser acreditar nesta explicação que o faça, mas eu não nasci ontem nem tenho um Q.I. de dois digitos.

Ficou assim claro, no seu próprio estádio, que os Belenenses podem impunemente, por via de uma decisão arbítraria e injustificável da direcção do clube, ser afastados de uma bancada a qual tem todos os direitos de poder aceder, e no seu lugar foram colocados 50 cobardes de xadrez, que haviam incendiado nessa mesma bancada o mais elevada símbolo do nosso clube, a nossa camisola com a cruz de cristo ao peito, e que haviam igualmente roubado cobardemente um associado do clube poucos dias antes.

Mas a novela não fica por aqui, já que no Sábado compareceu no Restelo uma polícia ao melhor estilo pidesco, com a agravante dos senhores agentes serem pagos, e bem pagos, com o dinheiro do clube, ou seja, com o nosso dinheiro, enquanto associados com quotas em dia.

As arbitrariedades repressivas da PSP foram inúmeras durante o período que antecedeu o jogo, tendo atingido uma dimensão inaceitável aquando da saída, no final do encontro, da Fúria Azul e dos restantes associados que se encontravam no sector 9 dos cativos.

A PSP/PIDE simplesmente cercou o sector, impedindo os associados do Clube de Futebol "Os Belenenses" de abandonar o seu próprio estádio!

Mais uma vez, na tal "reunião" com o presidente do clube, colocamos o assunto a quem supostamente tem uma palavra a dizer sobre esta questão, pelo que aguardamos nos próximos dias uma tomada de posição pública por parte da direcção do clube, condenando a actuação das supostas forças da autoridade.

Uma última nota para dar conta da recuperação da bandeira da Fúria Azul cobardemente roubada aquando do jogo de futsal no Porto, e pelo que aparenta na foto abaixo com um brinde.

Este post, ao contrário do que é habitual neste espaço, encontra-se assinado devido ao seu conteúdo, ou seja, o seu redactor assume responsabilidade total pelas palavras nela expressas.

Alcides Silva - sócio 4339 do Clube de Futebol "OS Belenenses".