BELÉM ATÉ MORRER ON TOUR.

Na primeira viagem da época, fora das terras de Lisboa, os cruzados azuis, na busca por um lugar santo na europa do futebol, venceram estrondosamente os infiéis nortenhos que dão pelo nome de Penafiel.

Mas começemos pelo princípio, porque a história dos adeptos indefectíveis não se inicia de rabo no sofá e telecomando na mão.
Aproveitando a deixa, poderia expressar, mais uma vez, a minha revolta contra os jogos à segunda-feira, leia-se revolta contra a Sporttv. Mas não o vou fazer: a cerca de meia centena de adeptos azuis que fizeram a viagem, que percorreram os 700 quilómetros da vitória azul, podiam dar 50 razões a explicar porque o fizeram, e também fazer 50 relatos de um dia bem passado, onde a alegria e a camaradagem entre várias gerações de Belenenses imperou.
O nosso Belenensismo, o nosso grito silencioso enquanto adeptos - e não telespectadores - de futebol, a nossa ausência em frente ao ecrán amorfo daquele canal televisivo, sem assistir a sua publicidade milionária nem contribuir para melhorar as suas audiências, é a melhor forma de protestar, de dar uma bofetada de luva azul nas sanguessugas que vêem o rectângulo de jogo em forma de cifrão.

Passemos ao que realmente interessa.
Como acima referimos, foram cerca de 40 os adeptos azuis que poderam fazer a viagem a Penafiel, a partir de Lisboa, numa organização das relações públicas do nosso clube. De salutar esta inversão de marcha em relação aos anos antecedentes, já que aparentemente esta direcção, ao contrário da precedente, considera importante os nossos jogadores contarem com o apoio do máximo de adeptos azuis fora do Restelo. Neste sentido, não podemos deixar de referir e destacar o investimento da direcção ao proporcionar a deslocação e o respectivo bilhete a um preço acessível - 13 euros.

Destes 40 adeptos, cerca de 20 eram furiosos/as, número reforçado pelo núcleo de Ovar da Fúria Azul, que mais uma vez seguiu connosco a partir da estação de serviço da antuã.

A partida, previamente prevista para às 15 horas, sofreu um atraso de cerca de 30 minutos, algo perfeitamente compreensível visto tratar de um dia de semana, o que obrigou muitos dos nossos consócios a correr do trabalho para o restelo.

Com tranquilidade e boa disposição, fomos devorando quilómetros, sendo efectuada a primeira paragem do dia, por volta das 17 horas, na estação de serviço de Pombal.
Depois de um lanche revigorante - mais ou menos líquido consuante as preferências - e à medida que a distância que nos separava do nosso destino ia sendo encurtada, o ambiente a bordo do "carocha azul" (do autocarro entenda-se), foi ganhando crescente animação, sendo muitas as gargalhadas, e ínumeros os cânticos, alguns deles originais que entretanto nasceram do ventre da inspiração e da criativiadade dos/as furiosos/as - quem não foi prepare-se para as novidades vocais, a estrear em casa frente ao vitória de guimarães.

Após curtissíma paragem na antuã, onde os nossos amigos de Ovar nos esperavam, foi num piscar de olho - no qual continuamos a aquecer as gargantas -, que alcançamos o palco de mais uma jornada de glória do grande Belém.

Ainda no interior do bus, fomos estusiasticamente saudados por cerca de duas a três dezenas de Belenenses do norte que aguardavam a nossa chegada.
Sendo já 20 horas, o jantar teve de ficar para mais tarde, ou melhor a sobremesa, já que o verdadeiro banquete, de três pratos, foi servido pelos magníficos "chefes" azuis.
Comprados e distribuídos os bilhetes, lidas e revistadas as nossas bandeiras, estandartes e faixas por senhores não da PIDE mas da GNR (ainda assim extremamente simpáticos), lá avistamos, com o coração a bater mais agitado, o rectângulo verde sobre o qual se iria disputar, e confirmar, todas as nossas esperanças.

O que dizer do jogo?
Com uma táctica de inspiração e transpiração assistimos ao acordar de um gigante adormecido, duma longa sesta de quatro ou cinco anos (isto se não quisermos chamar-lhe hibernação de década e meia).
Palavras superlativas e embalos poéticos à parte, senti realmente, sobretudo no decorrer da segunda metade do encontro, que o Belenenses, um Belenenses grande também dentro das quatro linhas, havia renascido dos moldes de vitória e glória de deuses dimíurgos de cruz de cristo ao peito.

Extra desportivamente, de sublinhar a mensagem que a Fúria Azul dedicou aos nossos amigos do salgueiros, fazendo votos, que se pode ler com mais pormenor em post anterior, de que quem GOSTA de futebol em Portugal em geral, e que os salgueiristas em particular, saibam encontrar formas de não deixar morrer um dos históricos clubes nacionais.

Quanto ao apoio proporcionado pelos adeptos azuis em geral - infelizmente demasiado dispersos na bancada -, e sobretudo pela Fúria Azul, foi de excelente nível, não obstante o número "reduzido" de furiosos/as presentes, altamente condicionados pelo facto dos "donos do futebol português" pensarem ser vantajoso, em termos económicos, realizar jogos às segundas-feiras.
Mas quantidade não é qualidade, e os presentes honraram grandemente o nome do clube e do grupo que vive nos seus corações. Prova inequívoca disto mesmo, foi o facto dos jogadores, dos cruzados azuis, terem festejado, em bloco, o segundo e o terceiro golos, junto dos/as furiosos/as.

A sobremesa, já citada, após o banquete foi consumida mesmo junto ao estádio, local onde a festa azul, com banda-sonora a condizer proporcionada pelos/as furiosos/as, continuou juntamente com alguns adeptos penafialenses que embora tristes com a derrota foram contagiados pela nossa alegria.
Nota ainda para a presença, no jogo e no continuar da festa no exterior, do famoso emplastro, e também para a presença, durante alguns minutos, do Engenheiro Cabral Ferreira junto dos associados azuis, aos quais agradeceu todo o apoio concedido aos jogadores no decorrer do encontro.

Ainda no decorrer da festa pós-jogo verificou-se um ponto alto aquando da passagem do autocarro com os vitoriosos cruzados azuis, ou melhor da tentativa de passagem do bus do clube, já todos os Belenenses presentes, em perfeita euforia, invadiram a faixa de rodagem e continuaram à festa, por breves segundos, em redor do veículo, no interior qual os nossos jogadores sorriam e saudavam-nos.

A festa no regresso a Lisboa (cidade que alcançamos já passava das 4 horas da madrugada), como não podia deixar de ser, foi exuberante, mas não a vamos relatar: ao mesmo tempo que queremos estimular a imaginação do leitor, pretendemos motiva-los a não só ler passivamente sobre as viagens mas a vive-las, através da sua presença fisica, em próxima oportunidade.
Apenas para levantar a ponta do véu e aguçar a curiosidade, somente vamos referir o facto de um garrafão e várias garrafas de excelente, segundo me disseram, vinho verde adquiridas com a intenção de serem consumidas posteriormente em Lisboa, nunca lá terem chegado... ou melhor chegaram mas vazias....