QUARTA E ÚLTIMA PARTE DO DIÁRIO DOS CAMPEÕES.

Nuno Coelho - Vamos agora ouvir Nuno Lopes, director desportivo do futsal, que esteve sempre connosco desde o primeiro momento, que foi o grande mentor, digamos assim, de tudo isto que se passou.
Nuno Lopes, o que é que para ti representa este título e esta vitória, que posso dizer, pessoal?

Nuno Lopes - É uma vitória pessoal, mas é uma alegraia muito maior para os meus jogadores, para os meus treinadores, para as pessoas que trabalham comigo, para os meus seccionistas que trabalham de borla e estão cá todos os dias, esta é a vitória deles.
A minha vitória vai ser saboreada ainda, muito lentamente... neste momento, é o momento dos jogadores, dos treinadores, dos adeptos, dos seccionistas, e o meu vem depois.
Nuno Coelho - Vamos ouvir agora o Miguel, que sempre nos acompanhou desde o início, que está no futsal de alma e coração, digo eu, eu acredito que sim.
Miguel, o que é que para ti representa este título nacional?
Miguel Barreiros - Representa mais um título nacional para o futsal, na segunda época de existência, o que significa um trabalho notável que tem sido feito com grande rigor. Sempre que os projectos nascem, nos primeiros tempos, é natural existirem algumas convulsões e instabilidade e realmente aquilo que quero elogiar é a forma como o grupo se tem mantido unido, apesar das naturais alterações que têm havido.
Espero que isso continue, porque é com certeza a garantia de mais sucessos no futuro.
Nuno Coelho - O que é que tu pensas que fará o Belenenses, no futuro, na 1ª divisão?
Miguel Barreiros - O Belenenses tem de sempre, enfim, dignificar... não vamos ser exagerados, no 1º ano na 1ª divisão, num projecto com 3 anos, não podemos ambicionar ser já campeões. Aliás eu acho que temos de partir sempre para ser campeões em tudo, podemos não o conseguir, mas temos de lutar até ao limite das nossas forças.
Este grupo de trabalho já demonstrou que é capaz de nos fazer sonhar, que é isso que eu espero que continue a acontecer na 1ª divisão.
Nuno Coelho - Disseste agora uma coisa muito importante, que é a ambição de todos os jogadores. Tu achas que no futuro próximo, podemos aspirar a algo mais do que aquilo que conseguimos atingir até agora?
Miguel Barreiros - Eu penso que a ambição move montanhas, acho que essa é a mensagem que deve ficar.
Nuno Coelho - Muito obrigado.
Vou parar agora com as entrevistas, porque vou beber uma tacinha de champanhe para celebrar a concretização do nosso objectivo. Estou farto de fazer entrevistas (risos) e agora vou parar e vamos todos festejar.
(pouco depois)
Vamos ouvir agora, por último, José António, que nos acompanhou para todo o lado, não faltou a um jogo.
Peço desculpa por estar a interromper a conversa..., tenho de entrevistar aqui o José António que foi um homem que nos acompanhou e tem uma grande quota parte no nosso sucesso.
O que é quue representa para ti este título?
José António - O título representa muito, porque este grupo a mim diz-me muito. Fiz desporto 17 anos, e só fui campeão nacional uma vez, de juvenis, pelo Belenenses (atletismo).
O importante do título não foi o título, foi vocês merecerem ganha-lo, porque é um grupo de pessoas simplesmente fantástico. Com maneiras de jogar futsal diferentes, maneiras de estar diferentes, mas há uma amizade que une o grupo, nos bons e nos maus momentos.
Eu só cito 2 jogos: no Fundão, foi para mim um jogo fundamental, ou vinhámos aí por cima ou começavamos a descer, e com o Boa-Esperança. Como é que o último dá ao primeiro 4-0 num quarto de hora, e a equipa deu a volta ao jogo. Quem viu esses 2 jogos sabe que este grupo merece ser campeão.
Pela maneira que se tem de estar no desporto, e uma parte deles nem sequer é Belenenses, mas para este clube, com amor à camisola e ao grupo, se fosse preciso morria em campo, e não vou dizer nomes...
Nuno Coelho - O que é que tu achas que este plantel, o plantel da próxima época, pode fazer na 1ª divisão?
José António - É assim. Este plantel, na próxima época, se jogar para o play-off, para as primeiras 8 equipas, é óptimo, porque a equipa não tem experiência de 1º divisão, apesar de haver alguns jogadores que já foram campeões nacionais, castelinho, serrinha, etc.
Mas, para mim, eu já não penso só na próxima época. Eu estou habituado a pensar desta forma, ou seja, acho que o clube tem de se preparar a nível de escola. A próxima época não é agora que se está a planear. De certeza absoluta que o Manel, que construiu esta equipa que é campeã nacional, há 2 anos e agora, já planeou a próxima época, os jogadores já estão contratados, já está tudo organizado.
Portanto eu já estou a pensar na outra a seguir, em 2006-07, e aí as hipóteses são muito simples: ir para a profissionalização, não podemos manter esta cena do amadorismo...
Nuno Coelho - Achas que é o próximo passo a seguir?
José António - Não digo que seja já nesta época porque neste grupo há uma percentagem esmagadora de jogadores que trabalham. Três ou quatro estão desempregados, não conheço as pessoas, mas sei que a maior parte delas trabalha.
Por isso é assim: há que manter o grupo, não é por acaso que o grupo é em 2 anos seguidos duas vezes campeão nacional, o grupo é fantástico. Agora, para a próxima época, para o objectivo dos 8 primeiros, há que manter o grupo e reforça-lo.
Mas se em 2008, alguma vez... tem de haver sempre ambição, por mim eramos já campeões para o ano, não há 2 sem 3. Mas se não formos para o ano, temos de pensar em 2006-07. Criemos escolas, porque são as as escolas que preparam o futuro, criemos escolinhas de futsal, é muito importante, e pá é irmos para a profissionalização, isto não vai lá com amadorismo.
Nuno Coelho - Vamos fechar esta ronda de entrevistas. Foi com muito prazer que fiz estas entrevistas e vamos fechar, com muito orgulho e muito prazer esta grande festa.
Ia acabar esta ronda de entrevistas, mas falta-me ainda uma pessoa muito importante que foi um baluarte da nossa vitória.
Vamos falar com Marco Reis. Tu que já foste campeão nacional, como eu e como muitos outros que estão aqui, o que é que reperesenta para ti este título?
O que é que achas que esta equipa pode conseguir?
Marco Reis - Estou a ser entrevistado por um dos meus melhores amigos da minha vida, que é uma coisa muito importante.
Pela excitação de ser campeão nacional, nós sabemos que é a segunda, mas pela festa que foi, pelas pessoas que são, pela ano que passámos, pelo coração que o clube, o Belenenses, tem, para mim é uma das maiores alegrias da minha vida. E não joguei os 2 jogos, estando fora sofri muito, e não há palavras para descrever aquilo que sofri.
Espero que para o ano a gente alcance os nossos objectivos , os pretendidos pelo clube, com a pessoa que me esta a entrevistar, se deus quiser, vamos esperar por isso.
E para mim... eu que senti na pele o que é chegar ao pé do meu amigo Nuno Coelho e agarrar-me a ele e virem-me as lágrimas aos olhos, 2 ou 3 vezes, para mim é muito importante...
Um beijinho grande à Fúria Azul e as pessoas que gostam de nós.
Nuno Coelho - Vamos acabar agora com a senda de entrevistas, nós que somos campeões nacionais e vamos ouvir a festa.
(os jogadores e a Fúria Azul cantavam em uníssono: campeões allez, campeões allesz, campeões allez...)
No fim da festa o Nuno Lopes, director desportivo da modalidade e sócio da Fúria Azul, fez um comentário final onde se encontra bem patente o seu cansaço, a sua sinceridade, o seu amor ao clube que é também já dele, as suas angústias quanto as dispensas, mas também a sua alegria pela subida de divisão e pelo título de campeão nacional.
Nuno Lopes - Dia 29 (de Maio), 1 e meia da manhã, estamos prestes a chegar a Lisboa. Todo o pessoal está feliz e o Belenenses está mais rico, com o título de campeão nacional da segunda divisão de futsal, a juntar ao da terceira divisão de futsal.
Em dois anos, dois títulos, duas subidas de divisão, uma presença na final-four...
Um grupo maravilhoso de treinadores, jogadores, seccionistas, adeptos e funcionários do clube.
Muitas alegrias, muitas tristezas... poucas tristezas, poucas, as tristezas foram momentâneas, algum resultado menos conseguido, mas muitas horas de trabalho, muitos litros de suor, muitas lágrimas de todo este grupo maravilhoso.
Dois grupos maravilhosos que em dois anos souberam honrar a camisola do clube e souberam encarnar a alma e o espírito de ser Belenenses, e é nisso que eu tenho um grande orgulho de ter sido responsável... não por ter liderado, o grupo foi liderado pelo treinador, Manuel Jorge, é ele o líder... Mas ter sido responsável pela organização de tudo isto.
É um grande, grande orgulho estar inserido na família do Belenenses, e não sei explicar sequer o orgulho que tenho.
Sinto um grande orgulho nestes dois grupos fantásticos e sinto uma grande honra em ter podido contribuir para o engrandecimento do Belenenses e para ver a alegria destes adeptos todos, que ainda hoje estiveram aqui, que se deslocaram, que fizeram tantos quilómetros para nos ver, que não se calaram, embora estivessem estado em minoria, e nos apoiaram de princípio ao fim e gritaram campeões e que saltaram, conviveram e choraram...
Sinto uma enorme honra em ter podido participar neste projecto.
Está a chegar ao fim o dia, amanhã é um dia diferente, começa uma nova fase, começa uma nova etapa, preparar já a próxima época e o finalizar desta.
Momentos difíceis, ter de dispensar jogadores... muito difícies, ninguém imagina o que é para mim ter de prescindir de jogadores como estes.
Mas começa uma nova época já amanhã...