O Belenenses de... Carlos Faísca

Mais uma vez a questão das assistências e do número de sócios azuis acaba por preencher o espaço deste blog. No entanto não o é por acaso, mas sim pela sua crucial importância, e terá que ser relembrado exaustivamente enquanto não existir um plano de acção claro por parte dos órgãos de gestão do clube (existiram, no entanto, já alguns indícios de que algo finalmente poderá estar a mudar) e ao mesmo tempo, enquanto a mentalidade de muitos adeptos não se alterar neste capítulo, pois ainda no último jogo contra o Guimarães ouvi eu da boca de um dos sócios que mais acompanha todas as equipas do clube algo deste teor “desde que o Belenenses ganhe, até posso ser eu o único no estádio”. Não se tratando de uma opinião isolada e que afecta transversalmente muitos sócios do belenenses, é preocupante.


Prezados consócios, o maior activo de um clube são os seus adeptos e sócios! Até podem não o ser à primeira vista numa perspectiva meramente económica, existindo a um olhar menos atento, outros métodos mais eficazes de angariar receitas, mas a longo prazo são-no senão vejamos apenas dois aspectos (poderia enumerar muitos outros mais óbvios) entre muitos que com menor frequência são ponderados:

Mais sócios e adeptos não significam apenas o lucro substancial de quotizações e receitas de bilheteira, são ao mesmo tempo portadores vivos da marca “Belenenses”, por exemplo, certamente que a recente negociação do naming da bancada poente teria ocorrido por valores bem superiores caso esta não tivesse a ridícula média de 2000 espectadores/jogo. Com um maior peso numérico mais e melhores acordos e parcerias seriam obtidos.

Mais sócios e adeptos constituem um maior grupo de pressão a favor dos interesses do clube sobre toda a sociedade civil, desde a comunicação social à política. São um maior número de potenciais funcionários ligados à Câmara, ao governo, à federação, ao sector bancário, etc.

É também sempre bom recordar as palavras de um antigo treinador do clube: “Falta ao Belenenses capacidade financeira [que em certa medida pode ser mais facilmente alcançada com esse aumento exponencial de sócios e adeptos] e também ter uma massa associativa que consiga colocar em todos os jogos em casa, pelo menos, 10 a 15 mil pessoas". Espero assim que finalmente com este novo executivo azul, em quem tenho enorme esperança, nasça um “gabinete” de marketing ajustado à realidade do séc. XXI, que tenha a consciência que um produto (seja ele qual for) tem que ser muitas vezes vendido abaixo do seu valor real, como “isco” à aquisição futura de serviços mais lucrativos, pois afinal de que nos server um serviço pago que não dá lucro? Não será antes preferível procurar fidelizar o cliente e depois sim colocar o produto no seu valor real? Não estou com isto a defender que se repita em todos os jogos a situação que ocorreu com o Vitória de Guimarães, mas com determinados critérios (como faixa etária, localização geográfica, determinados eventos e comemorações, etc.) e com uma sensibilidade que analise correctamente a conjuntura especifica de cada jogo, é urgente incentivar a deslocação em massa até ao Estádio do Restelo.

P.S. - Até aqui temos um clube gerido exactamente como nos anos 50, com a agravante dos resultados desportivos serem piores. Dois exemplos claros disso, que prejudicam o clube e me envergonham como sócio, são o site e a forma de pagamento de quotizações. O primeiro encontra-se quase sempre desactualizado pelo que muitas das notícias referentes à vida interna do clube e da SAD são muitas vezes divulgadas em primeira mão na comunicação social, são frequentes o número de vezes que está em baixo, possui uma enorme falta de informação e nem sequer a loja on-line está disponível apesar do seu anúncio há mais de 1 ano e meio.

Quanto ao pagamento de quotas é também impensável que ainda não se possa realizar por intermédio de débito directo em conta, o que prejudica o clube. Por exemplo muito recentemente ouvi vários lampiões afirmar que só se mantinham sócios porque o pagamento era efectuado directamente na conta e eles deixavam arrastar a situação, num claro comodismo típico da sociedade portuguesa actual. Ora no Belenenses bastava que eles não tivessem o trabalho de se dirigir até ao Restelo (que chatice!). Sem esta modalidade esta semana terei que me deslocar até ao Restelo (e não moro nem trabalho lá perto) para actualizar a minha situação provavelmente à hora de almoço (será que a secretaria está aberta? É que no site não refere os horários da mesma, mas já da secção de campismo sim!) ou ao final da tarde.