"Guerra civil" no andebol belenense provoca primeira baixa?

Segundo o jornal "Record", João Florêncio, treinador do andebol azul, bateu com a porta:

"O inevitável vai acontecer: João Florêncio, treinador do Belenenses, orienta hoje o conjunto do Restelo pela última vez, na recepção ao ABC, em partida da 8.ª jornada da Liga Halcon. O técnico já enviou uma carta de rescisão endereçada ao clube lisboeta, presidido por Cabral Ferreira, alegadamente por não ter condições para dar continuidade ao seu trabalho devido aos sucessivos incumprimentos dos dirigentes da agremiação da cruz de Cristo".

A notícia (ainda não oficial, parecendo de confirmação oficial) prossegue, justificando tal saída com "A instabilidade constante, dada a falta de pagamento de prémios de jogo, salários atrasados e a ausência de diálogo entre a direcção e o grupo de trabalho".

Que comentário nos merece tal notícia?

Antes de mais, a instituição Clube de Futebol "Os Belenenses" é atingida como um todo, sendo o seu (bom?) nome mais uma vez enlameado.

Em segundo lugar, lança nuvens negras sobre o andebol azul - talvez a modalidade de pavilhão mais querida dos belenenses -, sobre as restantes modalidades do clube e, em última análise, sobre a própria situação económico-financeira do Belenenses.

Em relação ao primeiro aspecto, não restam dúvidas de que o andebol azul - um exemplo em termos de formação - pode sofrer um grande revés a curto e médio prazo. Mais do que a saída de João Florêncio, é notório que de a um mês a esta parte se vive uma espécie de "guerra civil" entre a secção e a direcção, guerra essa que pode provocar posições extremadas e, em último caso, a saída de alguns jogadores importantes alegando incumprimento salarial.

Nesta guerra, esgrimiram-se argumentos de ambos os lados da barricada, sendo difícil perceber com clareza de que lado se encontra a "razão".
Por um lado, a secção e os seus jogadores alega sucessivos incumprimentos salariais, pelo outro a direcção acusa os jogadores de falta de profissionalismo e, nas entrelinhas, a secção por não ter conseguido angariar até à data os indispensáveis patrocínios. A realidade vivida pelas modalidades é muito clara: o clube despende uma percentagem - cerca de um terço no caso do andebol - do orçamento das secções, tendo estas que obter receitas próprias (sobretudo através de patrocínios) que garantam a restante percentagem. Assim, a secção de andebol recebe do clube cerca de 200 mil euros, rondando o orçamento total cerca de 600 mil euros.

Estando a época ainda no seu início, parece ser um dado adquirido que nem a direcção tem cumprido as suas obrigações, nem a secção logrou obter os tais indispensáveis patrocínios - pelo menos as camisolas continuam despidas.
Mas cabe a secção ter que conseguir patrocínios, poderá perguntar-se? Essa tarefa não caberá ao departamento comercial do clube? Talvez...

Por entre todos estes sês, duas coisas parecem-nos evidentes:
O Belenenses vive (continua a viver) tempos de grandes dificuldades económicas; a secção de andebol terá apostado alto de mais em termos orçamentais...

Pelo meio, o nome do clube continua a ser enlameado e os jogadores - sem que qualquer responsabilidade lhes possa ser incutida - vivem momentos de grande angustia pessoal e financeira.

Resta-nos a nós, associados e adeptos, estar presentes hoje no pavilhão do Restelo...