Eleição do Melhor 11 da História do Belenenses - Treinador
Artur José Pereira:
Embora os elementos disponíveis não sejam claros e inequívocos, o nosso ilustre fundador treinou a equipa do Belenenses desde 1919 (durante 3 anos, ainda, também como jogador) até a meio da época de 36/37, já minado por doença. Quantos jogadores passaram pelas suas mãos e lançou para o estrelato!
Os títulos conquistados falam por si:
* 3 Campeonatos de Portugal
* 4 Campeonatos de Lisboa
E, além disso, 3 vezes Vice-Campeão de Portugal, 1 vez Vice-Campeão Nacional, 6 vezes Vice-Campeão de Lisboa, e muitos troféus, ao tempo, da maior relevância.
Que mais é necessário dizer?
Rodolfo Faroleiro:
Antigo jogador, treinou o Belenenses nas épocas de 41/42 e 42/43. Desde 1933 que o Belenenses perseguia um título, que várias vezes lhe escapava por pouco. Além disso, tinham terminado a sua carreira de jogadores, toda uma geração de Campeões, como Augusto Silva, César de Matos, Alfredo Ramos, Joaquim de Almeida, Severo Tiago, José Luís, Perfeito Rodrigues, o próprio Rodolfo, etc, já sem falar da morte de Pepe. Acrescia a doença de Artur José Pereira e os vultuosos investimentos para transformar as Salésias no melhor estádio e complexo desportivo Português.
Em 1942, com Rodolfo Faroleiro a treinador, conquistou-se finalmente um grande título. Depois de eliminar o F.C.Porto (por 5-1), o Olhanense e o Unidos de Lisboa, o Belenenses bateu o Vitória de Guimarães, por 2-0, na final da Taça de Portugal.
No Campeonato dessa época, ficámos em 3º lugar. Destaque para as goleadas de 7-3 ao F.C.Porto e 4-0 ao Benfica, nas Salésias, e 4-1 em casa do Sporting.
No ano seguinte, 42/43, o Belenenses deveria ter ganho o Campeonato, não tivessem sido algumas interferências…Ficou em 3º lugar, a 2 pontos do Benfica e a 1 do Sporting (a quem, todavia, goleou por 5-2 e 5-0, respectivamente). Teve o melhor ataque e a melhor defesa. Ganhou todos os jogos em casa. Venceu o Vitória de Guimarães por 12-0. No somatório das 2 partidas, levou vantagem sobre todos os adversários. Mais uma vez, Rodolfo Faroleiro tinha feito um belo trabalho.
Augusto Silva:
O grande Augusto Silva teve uma primeira experiência como treinador do Belenenses em 38/39. Ficou em 4º lugar no Campeonato Nacional e foi Vice-Campeão de Lisboa, a somente 1 ponto do Sporting.
Voltou depois em 44/45, 45/46 e 46/47. Ia ganhando o Campeonato Nacional de 44/45 mas arbitragens vergonhosas não o permitiram. Ficou em 3º lugar, com os mesmos pontos do 2º e a 3 pontos do campeão Benfica. Infligimos goleadas de 15-2 e 14-1, e fomos ganhar 6-2 em casa do F.C.Porto. Em jogos com o Real Madrid, empatámos em Espanha e ganhámos nas Salésias.
Na época seguinte, o Belenenses venceu (pela 6ª vez) o Campeonato de Lisboa e conquistou o Campeonato Nacional. Augusto Silva foi o primeiro treinador Português a vencer esta prova. Fomos ainda a melhor defesa.
Em 46/47, o Belenenses em 4º lugar, com os mesmos pontos do F.C. Porto (3º). Tivemos novamente a melhor defesa do Campeonato.
Em seguida, Augusto Silva recebeu um convite para Seleccionador Nacional, que declinou.
Fernando Riera
Esteve no Belenenses entre 54/55 e 56/57.
Em 54/55, como se sabe, perdemos o Campeonato a 4 minuto do fim. Sempre se discutiu se Riera não deveria ter feito a equipa recuar e fazer anti-jogo, para melhor garantir o título. A verdade, é que é algo que nunca poderemos saber.
Em 55/56 e 56/57 ficou em 3º lugar. Deixamos a nota que o Belenenses ficou 3 vezes seguidas à frente do Sporting, enquanto ele foi nosso treinador. E que, na primeira época no Restelo, não perdemos um único jogo. O primeiro adversário que ali nos ganhou foi o...Caldas. Estranho mas verdadeiro. Como estranho foi que em 56, depois de termos, entre outros, eliminado o Benfica, desperdiçássemos a oportunidade de ir à final da Taça de Portugal, perdendo com o Torreense (embora este fosse então primo-divisionário).
Foi despedido na sequência de uma pesada derrota com o Vasco da Gama, no Brasil. No entanto, ganháramos anteriormente, sob o seu comando, a equipas como o Vice-Campeão europeu Stade de Reims, o Newcasle, o Saint’Étienne, o Dínamo de Zagreb e o mesmo Vasco da Gama.
Depois de sair do Belenenses – que considerou o seu grande amor futebolístico de sempre, dizendo que aquele campeonato perdido foi o maior desgosto que jamais teve – Fernando Riera ficou em 3º lugar no Campeonato do Mundo de 1962, à frente do seu Chile. Foi também Campeão Nacional e finalista da Taça dos Campeões pelo Benfica.
Helénio Herrera:
Passou pelo Belenenses na época de 57/58, vindo do Seviha, onde fora Vice-Campeão de Espanha. Antes, já treinara a selecção de França e conquistara 2 campeonatos de Espanha à frente do Atlético de Madrid. Para o tempo, a classificação que obtivemos, um 4º lugar, não foi especialmente brilhante, apesar de, por exemplo, termos vencido o Benfica na Luz (e, aliás, também no Restelo). E os nossos rivais de encarnado, por sua vez, eliminaram-nos na Taça de Portugal. Mas, de qualquer forma, o talento e os métodos revolucionários de Helénio Herrera deixaram uma marca lendária. Registo, ainda, para as vitórias que, com ele a treinador, averbámos sobre o Barcelona, o Valência e a Selecção do México.
A sua brilhante carreira, que lhe granjeou o epíteto de “O Mago”, afirmou-se ainda mais depois de deixar o Belenenses. De facto, este treinador Argentino seguiu para o Barcelona, onde conquistou mais 2 campeonatos e 1 Taça de Espanha e 2 Taças das Cidades com Feira (que, posteriormente se passou a chamar Taça UEFA); depois, durante dois anos, foi seleccionador de Espanha; assinou em seguida pelo Inter de Milão, onde, na melhor fase de sempre daquele clube, conquistou 3 Campeonatos e 1 Taça de Itália, 2 Taças dos Campeões Europeus (sendo ainda uma vez finalista vencido) e 2 Taças Intercontinentais; ainda ao serviço do Inter, acumulou essa função com a de treinador da Selecção de Itália; treinou ainda o Roma (vencendo mais uma Taça de Itália)e voltou ao Inter e ao Barcelona, onde terminou a carreira.
Ironicamente, é dele a expressão 12º jogador, que realçou a importância do apoio do público.
Fernando Vaz
Teve várias e polémicas passagens pelo Belenenses nas décadas de 50 e (início da de) 60. As palavras desagradáveis após a saída em 59, e os conflitos com Matateu nos anos 60 tiveram grande impacto.
Em termos de resultados, obteve um 4º lugar em 62/63, e dois terceiros lugares, em 52/53 e 58/59. Neste ano o Belenenses lutou palmo a palmo pelo título, tendo o Benfica, o Porto e os árbitros como adversários. Pela 4ª vez em 5 épocas, ficámos à frente do Sporting.
Em 62/63 e 63/64, comandou a equipa em jogos da Taça Uefa com o Barcelona, o Tresnjevka e o Roma. Por outro lado, foi semifinalista da Taça de Portugal, perdendo no jogo de desempate com o Vitória de Guimarães, depois de termos deixado o F.C.Porto pelo caminho.
Fernando Vaz teve trabalhos muito positivos (e também polémicas) ao serviço do Sporting e do Vitória de Setúbal.
Otto Glória:
Este brasileiro esteve ao serviço dos quatro maiores clubes Portugueses, tendo também treinado a selecção de Portugal, que levou ao 3º lugar no Mundial de 66. Ainda haveria de voltar a ser seleccionador entre 82 e 83.
Quando o Belenenses perdeu azaradamente aquele campeonato de 1955, o feliz contemplado (como de costume...), foi o Benfica, treinado por...Otto Glória.
Dessa grande dor, o brasileiro compensou parcialmente o Belenenses, vencendo a Taça de Honra de 1959 (batendo Benfica e Sporting) e conquistando a Taça de Portugal de 1960, ganhando ao Sporting por 2-1 na final.
No Campeonato, ficou em 3º lugar... e na última jornada fomos à Luz, impedindo que o Benfica fosse campeão invicto.
Alejandro Scopelli:
Juntamente com Tárrio e Telechea, Scopelli veio jogar para o Belenenses no fim da década de 30. Ao serviço da Argentina, tinha jogado (e até marcado um golo) no 1º Campeonato do Mundo, em 1930.
Como treinador, serviu o Belenenses já no fim da época de 39/40. Ficámos em 3º lugar no Campeonato Nacional e fomos à final da Taça de Portugal, que perdemos com o Benfica.
No ano seguinte, Scopelli continuou e os resultados foram semelhantes: 3º lugar no Campeonato de Lisboa (a 2 pontos do 1º); 3º lugar no Campeonato Nacional, a 1 ponto do 2º (com vitórias de 5-1 sobre o Sporting e 5-3 sobre o Benfica; melhor defesa de todos os concorrentes); finalista da Taça de Portugal, onde não levámos a melhor sobre o Sporting.
Em 47/48. Scopelli foi novamente treinador do Belenenses. Estivemos bastante tempo na liderança do Campeonato, já a 2/3 da prova, mas acabámos em 3º lugar, a 4 pontos de Benfica e Sporting. Na Taça de Portugal, Scopelli pela 3ª vez nos conduziu à/na final, e pela 3ª vez foi derrotado. Nesta mesma época, fomos convidados a ir inaugurar o Estádio do Real Madrid.
Quando Scopelli (coadjuvado por Peres Bandeira) voltou a treinar o Belenenses, em 72/73, o Real Madrid novamente nos convidou, desta feita para comemorar os 25 anos do seu estádio e homenagear Gento. Para esse convite, decerto contribuiu a excelente época que o Belenenses realizou. Com efeito, obtivemos o 2º lugar no Campeonato, posição que, desde então, não mais repetimos...
No ano seguinte, ainda com Scopelli, o Belenenses ficou em 5º lugar, mas bem colado aos primeiros...
Jimmy Meliá:
Desportivamente, o Belenenses vivia o momento desportivo mais negro da sua história quando Jimmy Meliá chegou ao clube no início de 1984. Impensavelmente, tínhamos caído na 2ª divisão. Já na época anterior falháramos a subida, e de novo ela parecia difícil.
Com a vinda deste treinador Inglês, o Belenenses garantiu o retorno ao seu lugar de sempre, na divisão maior; e a época de regresso, 84/85, ainda com Meliá no comando, saldou-se com um razoável 6º lugar.
A certa altura da época seguinte, os resultados começaram a deteriorar-se. Jimmy Meliá saiu, entrando o senhor que se segue.
Henry Depireux:
Chegou ao Belenenses no fim de 1985. O começo foi auspicioso, indo logo ganhar a Setúbal. A equipa melhorou, sobretudo defensivamente (por algum motivo Jorge Martins, Sobrinho e José António foram ao Mundial de 86). Vencendo o Braga por 2-0 nas meias-finais, o Belenenses regressou à final da Taça de Portugal…26 anos depois, embora perdendo-a.
No ano seguinte, com Mladenov e Mapuata, foi o ataque, o 2º melhor do campeonato, a brilhar, com exibições espectaculares, do melhor que temos visto. Grandes, enormes assistências encheram o Restelo, nos jogos com Benfica, Porto e Sporting, este por nós vencido com grande classe, e com bastante público em quase todos os outros jogos. O Belenenses liderou até à 8ªjornada e nunca me lembro de um ano em que tenha sido tão perseguido pelas arbitragens, já sem falar nos 2 pontos que perdeu com o Caso Mapuata. Depireux pagou a factura das suas declarações desassombradas e corajosas – e não, não foi Dias da Cunha o primeiro a falar em sistema, foi, sim, Henry Depireux quase 20 anos antes. Apesar disso, o Belenenses assegurou a presença na Taça UEFA.
Depireux foi muito mais que um treinador no Belenenses. Chegava de manhã bem cedo e partia noite cerrada. Amou realmente o Belenenses, e devolveu-lhe ambição e exigência, revolucionando mentalidades, não consentindo no deixa-andar. No fim dessa época 86/87, a sua vontade de ir longe foi-se transformando em desespero pelos reforços que não chegavam. Passou a ser incómodo. Foi dispensado por um lapso na utilização de estrangeiros na Taça de Honra. E foi já sem ele que chegaram os tais reforços.
Voltou ao Belenenses, como sempre sonhara, mas numa época em que tudo era confusão no Restelo (90/91). Só durou 8 jornadas… E, pela 2ª vez, partiu em lágrimas imerecidas.
Marinho Peres
Teve duas ou, se quisermos, três passagens pelo Belenenses.
Da primeira vez, veio escassos dias antes do início do Campeonato de 87/88. O começo foi desastroso mas acabámos em 3º lugar – a nossa última presença no pódio – e a escassos 3 pontos do 2º. Ainda nessa época, batemo-nos valentemente com o Barcelona na Taça Uefa, perdendo no global por 2-1 e sofrendo os 2 golos na Catalunha já nos períodos de descontos.
A meio do defeso que se seguiu, com a alegação de problemas familiares, ficou no Brasil. Sucedeu-lhe Mortimore, que até começou muito bem, liderando o Campeonato e eliminando o Bayer Leverkusen. Mas, depois, as coisas foram-se deteriorando e Marinho Peres voltou em Janeiro ou Fevereiro de 1989. Na Taça de Portugal, tínhamos ultrapassado o Sintrense, o Covilhã e o Estrela de Portalegre. Com Marinho Peres, eliminámos F.C.Porto, Espinho e Sporting para, na final, arrebatarmos o troféu, vencendo o Benfica por 2-1.
Marinho Peres voltou a partir. A versão oficial é que continuavam os problemas familiares. Mas nunca nos esquecemos de ouvir uma entrevista em que ele deu uma outra versão: permaneceria, se lhe dessem os reforços para ir mais longe. Não deram...
Voltou na época de 2000/2001. Com um belo começo (2º/3º lugar já passado um terço do Campeonato) e muito bom futebol, o 7º lugar final, mas colado aos que nos precederam, não diz tudo sobre o seu trabalho. Arbitragens como as da Luz não ajudaram.
No ano seguinte, em vez da ambição de ir mais longe, sangrou-se-lhe o plantel. Com muito mérito, inventou soluções e ficámos em 5º lugar, com vitórias 3-0 (e 2-1, “lá”) sobre o F.C.Porto e sobre o Sporting.
Em 2002/2003, novo bom começo, mais uma vez andando pelo 3º lugar. Mas as arbitragens (logo desde a 1ª jornada, nas Antas) e a sua indignação por lhe negarem os defesas que pedia, fez “azedar” as coisas e saiu a meio da época.
Abel Braga
Infelizmente, repetiu-se. Fruto de períodos conturbados, em 90/91 o Belenenses voltou a descer – mais um golpe terrível. E, na época seguinte, na Liga de Honra, com quase 1/3 do Campeonato vovido, estávamos em preocupante 11º lugar.
Veio Abel Braga... e foram 23 jogos sem perder, assegurando a subida, e com jogos épicos, como aquele que levou 50 camionetas a Coimbra...
No regresso à 1ª divisão, em 92/93, belas exibições, bons resultados e o 2º lugar já com 1/3 do Campeonato. Apesar de termos descido em exibições e resultados, a 5 minutos do final da penúltima jornada, estámos no 5º lugar e na Europa. Mas, uma vez mais fatidicamente, o Sporting empata no Restelo e o Marítimo marca na Madeira. Como perdemos na última jornada, quedámo-nos em 7º lugar.
No ano seguinte, 93/94, saiu ao fim de umas 8 jornadas, alegando desmotivação. A equipa estava numa posição confortável, a 2 pontos dos lugares europeus.
Desde então, Abel Braga teve em 2006 um ano de grande sucesso. Conduziu o Internacional de Porto Alegre ao seu primeiro título da Taça Libertadores da América (equivalente à Liga dos Campeões na Europa), após uma final disputada com o então campeão do mundo São Paulo. O título garantiu a presença no Campeonato Mundial de Clubes da FIFA em Dezembro daquele ano. Abel Braga e o Internacional aproveitaram e conquistaram o título mundial, vencendo o Barcelona na final.
Jorge Jesus:
O nosso actual treinador está na memória de todos, pelo que pouco há a dizer.
Vindo para o Belenenses no defeso de 2006/2007, não sabia sequer em que divisão ia jogar. O começo da época foi irregular. Mas a partir de 1/3 do Campeonato, embalou-se e acabámos no 5º lugar, perdendo o 4º lugar na última jornada – e, sobretudo, aos 90m do jogo em Braga.
Mais importante que isto, o Belenenses regressou à final da Taça de Portugal (e também à Taça UEFA), 18 anos depois. Lutámos galhardamente na final com o Sporting, perdendo a 3 minutos do fim, quando estávamos só com 10 jogadores em campo.
Na presente época, a equipa conquistou o Torneio de Casablanca, brilhou no Teresa Herrera (com Real Madrid e Atalanta), discutiu bem a eliminatória com o Bayern que azaradamente nos saiu no sorteio da Taça UEFA e, após um mau começo de campeonato, foi-se equilibrando e está no pelotão da frente, com a tabela classificativa a apresentar um fosso entre 2 metades. Entretanto, fomos eliminados da nóvel Taça da Liga…
Embora os elementos disponíveis não sejam claros e inequívocos, o nosso ilustre fundador treinou a equipa do Belenenses desde 1919 (durante 3 anos, ainda, também como jogador) até a meio da época de 36/37, já minado por doença. Quantos jogadores passaram pelas suas mãos e lançou para o estrelato!
Os títulos conquistados falam por si:
* 3 Campeonatos de Portugal
* 4 Campeonatos de Lisboa
E, além disso, 3 vezes Vice-Campeão de Portugal, 1 vez Vice-Campeão Nacional, 6 vezes Vice-Campeão de Lisboa, e muitos troféus, ao tempo, da maior relevância.
Que mais é necessário dizer?
Rodolfo Faroleiro:
Antigo jogador, treinou o Belenenses nas épocas de 41/42 e 42/43. Desde 1933 que o Belenenses perseguia um título, que várias vezes lhe escapava por pouco. Além disso, tinham terminado a sua carreira de jogadores, toda uma geração de Campeões, como Augusto Silva, César de Matos, Alfredo Ramos, Joaquim de Almeida, Severo Tiago, José Luís, Perfeito Rodrigues, o próprio Rodolfo, etc, já sem falar da morte de Pepe. Acrescia a doença de Artur José Pereira e os vultuosos investimentos para transformar as Salésias no melhor estádio e complexo desportivo Português.
Em 1942, com Rodolfo Faroleiro a treinador, conquistou-se finalmente um grande título. Depois de eliminar o F.C.Porto (por 5-1), o Olhanense e o Unidos de Lisboa, o Belenenses bateu o Vitória de Guimarães, por 2-0, na final da Taça de Portugal.
No Campeonato dessa época, ficámos em 3º lugar. Destaque para as goleadas de 7-3 ao F.C.Porto e 4-0 ao Benfica, nas Salésias, e 4-1 em casa do Sporting.
No ano seguinte, 42/43, o Belenenses deveria ter ganho o Campeonato, não tivessem sido algumas interferências…Ficou em 3º lugar, a 2 pontos do Benfica e a 1 do Sporting (a quem, todavia, goleou por 5-2 e 5-0, respectivamente). Teve o melhor ataque e a melhor defesa. Ganhou todos os jogos em casa. Venceu o Vitória de Guimarães por 12-0. No somatório das 2 partidas, levou vantagem sobre todos os adversários. Mais uma vez, Rodolfo Faroleiro tinha feito um belo trabalho.
Augusto Silva:
O grande Augusto Silva teve uma primeira experiência como treinador do Belenenses em 38/39. Ficou em 4º lugar no Campeonato Nacional e foi Vice-Campeão de Lisboa, a somente 1 ponto do Sporting.
Voltou depois em 44/45, 45/46 e 46/47. Ia ganhando o Campeonato Nacional de 44/45 mas arbitragens vergonhosas não o permitiram. Ficou em 3º lugar, com os mesmos pontos do 2º e a 3 pontos do campeão Benfica. Infligimos goleadas de 15-2 e 14-1, e fomos ganhar 6-2 em casa do F.C.Porto. Em jogos com o Real Madrid, empatámos em Espanha e ganhámos nas Salésias.
Na época seguinte, o Belenenses venceu (pela 6ª vez) o Campeonato de Lisboa e conquistou o Campeonato Nacional. Augusto Silva foi o primeiro treinador Português a vencer esta prova. Fomos ainda a melhor defesa.
Em 46/47, o Belenenses em 4º lugar, com os mesmos pontos do F.C. Porto (3º). Tivemos novamente a melhor defesa do Campeonato.
Em seguida, Augusto Silva recebeu um convite para Seleccionador Nacional, que declinou.
Fernando Riera
Esteve no Belenenses entre 54/55 e 56/57.
Em 54/55, como se sabe, perdemos o Campeonato a 4 minuto do fim. Sempre se discutiu se Riera não deveria ter feito a equipa recuar e fazer anti-jogo, para melhor garantir o título. A verdade, é que é algo que nunca poderemos saber.
Em 55/56 e 56/57 ficou em 3º lugar. Deixamos a nota que o Belenenses ficou 3 vezes seguidas à frente do Sporting, enquanto ele foi nosso treinador. E que, na primeira época no Restelo, não perdemos um único jogo. O primeiro adversário que ali nos ganhou foi o...Caldas. Estranho mas verdadeiro. Como estranho foi que em 56, depois de termos, entre outros, eliminado o Benfica, desperdiçássemos a oportunidade de ir à final da Taça de Portugal, perdendo com o Torreense (embora este fosse então primo-divisionário).
Foi despedido na sequência de uma pesada derrota com o Vasco da Gama, no Brasil. No entanto, ganháramos anteriormente, sob o seu comando, a equipas como o Vice-Campeão europeu Stade de Reims, o Newcasle, o Saint’Étienne, o Dínamo de Zagreb e o mesmo Vasco da Gama.
Depois de sair do Belenenses – que considerou o seu grande amor futebolístico de sempre, dizendo que aquele campeonato perdido foi o maior desgosto que jamais teve – Fernando Riera ficou em 3º lugar no Campeonato do Mundo de 1962, à frente do seu Chile. Foi também Campeão Nacional e finalista da Taça dos Campeões pelo Benfica.
Helénio Herrera:
Passou pelo Belenenses na época de 57/58, vindo do Seviha, onde fora Vice-Campeão de Espanha. Antes, já treinara a selecção de França e conquistara 2 campeonatos de Espanha à frente do Atlético de Madrid. Para o tempo, a classificação que obtivemos, um 4º lugar, não foi especialmente brilhante, apesar de, por exemplo, termos vencido o Benfica na Luz (e, aliás, também no Restelo). E os nossos rivais de encarnado, por sua vez, eliminaram-nos na Taça de Portugal. Mas, de qualquer forma, o talento e os métodos revolucionários de Helénio Herrera deixaram uma marca lendária. Registo, ainda, para as vitórias que, com ele a treinador, averbámos sobre o Barcelona, o Valência e a Selecção do México.
A sua brilhante carreira, que lhe granjeou o epíteto de “O Mago”, afirmou-se ainda mais depois de deixar o Belenenses. De facto, este treinador Argentino seguiu para o Barcelona, onde conquistou mais 2 campeonatos e 1 Taça de Espanha e 2 Taças das Cidades com Feira (que, posteriormente se passou a chamar Taça UEFA); depois, durante dois anos, foi seleccionador de Espanha; assinou em seguida pelo Inter de Milão, onde, na melhor fase de sempre daquele clube, conquistou 3 Campeonatos e 1 Taça de Itália, 2 Taças dos Campeões Europeus (sendo ainda uma vez finalista vencido) e 2 Taças Intercontinentais; ainda ao serviço do Inter, acumulou essa função com a de treinador da Selecção de Itália; treinou ainda o Roma (vencendo mais uma Taça de Itália)e voltou ao Inter e ao Barcelona, onde terminou a carreira.
Ironicamente, é dele a expressão 12º jogador, que realçou a importância do apoio do público.
Fernando Vaz
Teve várias e polémicas passagens pelo Belenenses nas décadas de 50 e (início da de) 60. As palavras desagradáveis após a saída em 59, e os conflitos com Matateu nos anos 60 tiveram grande impacto.
Em termos de resultados, obteve um 4º lugar em 62/63, e dois terceiros lugares, em 52/53 e 58/59. Neste ano o Belenenses lutou palmo a palmo pelo título, tendo o Benfica, o Porto e os árbitros como adversários. Pela 4ª vez em 5 épocas, ficámos à frente do Sporting.
Em 62/63 e 63/64, comandou a equipa em jogos da Taça Uefa com o Barcelona, o Tresnjevka e o Roma. Por outro lado, foi semifinalista da Taça de Portugal, perdendo no jogo de desempate com o Vitória de Guimarães, depois de termos deixado o F.C.Porto pelo caminho.
Fernando Vaz teve trabalhos muito positivos (e também polémicas) ao serviço do Sporting e do Vitória de Setúbal.
Otto Glória:
Este brasileiro esteve ao serviço dos quatro maiores clubes Portugueses, tendo também treinado a selecção de Portugal, que levou ao 3º lugar no Mundial de 66. Ainda haveria de voltar a ser seleccionador entre 82 e 83.
Quando o Belenenses perdeu azaradamente aquele campeonato de 1955, o feliz contemplado (como de costume...), foi o Benfica, treinado por...Otto Glória.
Dessa grande dor, o brasileiro compensou parcialmente o Belenenses, vencendo a Taça de Honra de 1959 (batendo Benfica e Sporting) e conquistando a Taça de Portugal de 1960, ganhando ao Sporting por 2-1 na final.
No Campeonato, ficou em 3º lugar... e na última jornada fomos à Luz, impedindo que o Benfica fosse campeão invicto.
Alejandro Scopelli:
Juntamente com Tárrio e Telechea, Scopelli veio jogar para o Belenenses no fim da década de 30. Ao serviço da Argentina, tinha jogado (e até marcado um golo) no 1º Campeonato do Mundo, em 1930.
Como treinador, serviu o Belenenses já no fim da época de 39/40. Ficámos em 3º lugar no Campeonato Nacional e fomos à final da Taça de Portugal, que perdemos com o Benfica.
No ano seguinte, Scopelli continuou e os resultados foram semelhantes: 3º lugar no Campeonato de Lisboa (a 2 pontos do 1º); 3º lugar no Campeonato Nacional, a 1 ponto do 2º (com vitórias de 5-1 sobre o Sporting e 5-3 sobre o Benfica; melhor defesa de todos os concorrentes); finalista da Taça de Portugal, onde não levámos a melhor sobre o Sporting.
Em 47/48. Scopelli foi novamente treinador do Belenenses. Estivemos bastante tempo na liderança do Campeonato, já a 2/3 da prova, mas acabámos em 3º lugar, a 4 pontos de Benfica e Sporting. Na Taça de Portugal, Scopelli pela 3ª vez nos conduziu à/na final, e pela 3ª vez foi derrotado. Nesta mesma época, fomos convidados a ir inaugurar o Estádio do Real Madrid.
Quando Scopelli (coadjuvado por Peres Bandeira) voltou a treinar o Belenenses, em 72/73, o Real Madrid novamente nos convidou, desta feita para comemorar os 25 anos do seu estádio e homenagear Gento. Para esse convite, decerto contribuiu a excelente época que o Belenenses realizou. Com efeito, obtivemos o 2º lugar no Campeonato, posição que, desde então, não mais repetimos...
No ano seguinte, ainda com Scopelli, o Belenenses ficou em 5º lugar, mas bem colado aos primeiros...
Jimmy Meliá:
Desportivamente, o Belenenses vivia o momento desportivo mais negro da sua história quando Jimmy Meliá chegou ao clube no início de 1984. Impensavelmente, tínhamos caído na 2ª divisão. Já na época anterior falháramos a subida, e de novo ela parecia difícil.
Com a vinda deste treinador Inglês, o Belenenses garantiu o retorno ao seu lugar de sempre, na divisão maior; e a época de regresso, 84/85, ainda com Meliá no comando, saldou-se com um razoável 6º lugar.
A certa altura da época seguinte, os resultados começaram a deteriorar-se. Jimmy Meliá saiu, entrando o senhor que se segue.
Henry Depireux:
Chegou ao Belenenses no fim de 1985. O começo foi auspicioso, indo logo ganhar a Setúbal. A equipa melhorou, sobretudo defensivamente (por algum motivo Jorge Martins, Sobrinho e José António foram ao Mundial de 86). Vencendo o Braga por 2-0 nas meias-finais, o Belenenses regressou à final da Taça de Portugal…26 anos depois, embora perdendo-a.
No ano seguinte, com Mladenov e Mapuata, foi o ataque, o 2º melhor do campeonato, a brilhar, com exibições espectaculares, do melhor que temos visto. Grandes, enormes assistências encheram o Restelo, nos jogos com Benfica, Porto e Sporting, este por nós vencido com grande classe, e com bastante público em quase todos os outros jogos. O Belenenses liderou até à 8ªjornada e nunca me lembro de um ano em que tenha sido tão perseguido pelas arbitragens, já sem falar nos 2 pontos que perdeu com o Caso Mapuata. Depireux pagou a factura das suas declarações desassombradas e corajosas – e não, não foi Dias da Cunha o primeiro a falar em sistema, foi, sim, Henry Depireux quase 20 anos antes. Apesar disso, o Belenenses assegurou a presença na Taça UEFA.
Depireux foi muito mais que um treinador no Belenenses. Chegava de manhã bem cedo e partia noite cerrada. Amou realmente o Belenenses, e devolveu-lhe ambição e exigência, revolucionando mentalidades, não consentindo no deixa-andar. No fim dessa época 86/87, a sua vontade de ir longe foi-se transformando em desespero pelos reforços que não chegavam. Passou a ser incómodo. Foi dispensado por um lapso na utilização de estrangeiros na Taça de Honra. E foi já sem ele que chegaram os tais reforços.
Voltou ao Belenenses, como sempre sonhara, mas numa época em que tudo era confusão no Restelo (90/91). Só durou 8 jornadas… E, pela 2ª vez, partiu em lágrimas imerecidas.
Marinho Peres
Teve duas ou, se quisermos, três passagens pelo Belenenses.
Da primeira vez, veio escassos dias antes do início do Campeonato de 87/88. O começo foi desastroso mas acabámos em 3º lugar – a nossa última presença no pódio – e a escassos 3 pontos do 2º. Ainda nessa época, batemo-nos valentemente com o Barcelona na Taça Uefa, perdendo no global por 2-1 e sofrendo os 2 golos na Catalunha já nos períodos de descontos.
A meio do defeso que se seguiu, com a alegação de problemas familiares, ficou no Brasil. Sucedeu-lhe Mortimore, que até começou muito bem, liderando o Campeonato e eliminando o Bayer Leverkusen. Mas, depois, as coisas foram-se deteriorando e Marinho Peres voltou em Janeiro ou Fevereiro de 1989. Na Taça de Portugal, tínhamos ultrapassado o Sintrense, o Covilhã e o Estrela de Portalegre. Com Marinho Peres, eliminámos F.C.Porto, Espinho e Sporting para, na final, arrebatarmos o troféu, vencendo o Benfica por 2-1.
Marinho Peres voltou a partir. A versão oficial é que continuavam os problemas familiares. Mas nunca nos esquecemos de ouvir uma entrevista em que ele deu uma outra versão: permaneceria, se lhe dessem os reforços para ir mais longe. Não deram...
Voltou na época de 2000/2001. Com um belo começo (2º/3º lugar já passado um terço do Campeonato) e muito bom futebol, o 7º lugar final, mas colado aos que nos precederam, não diz tudo sobre o seu trabalho. Arbitragens como as da Luz não ajudaram.
No ano seguinte, em vez da ambição de ir mais longe, sangrou-se-lhe o plantel. Com muito mérito, inventou soluções e ficámos em 5º lugar, com vitórias 3-0 (e 2-1, “lá”) sobre o F.C.Porto e sobre o Sporting.
Em 2002/2003, novo bom começo, mais uma vez andando pelo 3º lugar. Mas as arbitragens (logo desde a 1ª jornada, nas Antas) e a sua indignação por lhe negarem os defesas que pedia, fez “azedar” as coisas e saiu a meio da época.
Abel Braga
Infelizmente, repetiu-se. Fruto de períodos conturbados, em 90/91 o Belenenses voltou a descer – mais um golpe terrível. E, na época seguinte, na Liga de Honra, com quase 1/3 do Campeonato vovido, estávamos em preocupante 11º lugar.
Veio Abel Braga... e foram 23 jogos sem perder, assegurando a subida, e com jogos épicos, como aquele que levou 50 camionetas a Coimbra...
No regresso à 1ª divisão, em 92/93, belas exibições, bons resultados e o 2º lugar já com 1/3 do Campeonato. Apesar de termos descido em exibições e resultados, a 5 minutos do final da penúltima jornada, estámos no 5º lugar e na Europa. Mas, uma vez mais fatidicamente, o Sporting empata no Restelo e o Marítimo marca na Madeira. Como perdemos na última jornada, quedámo-nos em 7º lugar.
No ano seguinte, 93/94, saiu ao fim de umas 8 jornadas, alegando desmotivação. A equipa estava numa posição confortável, a 2 pontos dos lugares europeus.
Desde então, Abel Braga teve em 2006 um ano de grande sucesso. Conduziu o Internacional de Porto Alegre ao seu primeiro título da Taça Libertadores da América (equivalente à Liga dos Campeões na Europa), após uma final disputada com o então campeão do mundo São Paulo. O título garantiu a presença no Campeonato Mundial de Clubes da FIFA em Dezembro daquele ano. Abel Braga e o Internacional aproveitaram e conquistaram o título mundial, vencendo o Barcelona na final.
Jorge Jesus:
O nosso actual treinador está na memória de todos, pelo que pouco há a dizer.
Vindo para o Belenenses no defeso de 2006/2007, não sabia sequer em que divisão ia jogar. O começo da época foi irregular. Mas a partir de 1/3 do Campeonato, embalou-se e acabámos no 5º lugar, perdendo o 4º lugar na última jornada – e, sobretudo, aos 90m do jogo em Braga.
Mais importante que isto, o Belenenses regressou à final da Taça de Portugal (e também à Taça UEFA), 18 anos depois. Lutámos galhardamente na final com o Sporting, perdendo a 3 minutos do fim, quando estávamos só com 10 jogadores em campo.
Na presente época, a equipa conquistou o Torneio de Casablanca, brilhou no Teresa Herrera (com Real Madrid e Atalanta), discutiu bem a eliminatória com o Bayern que azaradamente nos saiu no sorteio da Taça UEFA e, após um mau começo de campeonato, foi-se equilibrando e está no pelotão da frente, com a tabela classificativa a apresentar um fosso entre 2 metades. Entretanto, fomos eliminados da nóvel Taça da Liga…
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