História de Matateu (XX)- Conclusão

O Belenenses terminara o campeonato com um excelente triunfo sobre o campeão, vitória entusiásticamente saudada pelos adeptos do clube. Entretanto prosseguia a «Taça». Bem moralizados pelos êxitos alcançados nas últimas jornadas, os «azuis» do Restelo foram às Antas para defrontar o F. C. Porto. Ao fim dos 90 minutos, a equipa de Matateu que foi um verdadeiro perigo para as redes de Acúrsio, alcançou um notável triunfo por 3-1, tendo o famoso jogador colaborado em dois dos golos do «onze».

No encontro disputado no Restelo os «azuis» não foram muito felizes. Todavia, Matateu, embora bem «aguardado», teve algumas das suas jogadas características que empolgaram o público.

E chegou o grande dia. Em 3 de Julho, no Estádio Nacional, repleto de um público delirante, os «azuis» subiram ao rectângulo com o firme pensamento de chegarem ao tão apetecido êxito, aquele êxito que os sócios desde há muito aguardavam.


O adversário era, no entanto, de alta valia e com tantas possibilidades como o seu antagonista. Recheado de grandes «vedetas», o Sporting era o grande favorito. Mas Matateu e os seus colegas não se inferiorizaram,. Agigantando-se, lutando com vontade e brio, levaram de vencida o seu grande competidor. Matateu, o homem do Alto Mahé, foi o impulsionador da Vitória. Ao intervalo, o resultado era de 1-1.

No segundo tempo, o Belenenses ficaria em festa. A alegria entrou nas «hostes» azuis. Foi Matateu, o mais «internacional» dos «internacionais» belenenses, quem viria afinal, a oferecer essa grande festa. Um excelente passe de Yauca e Matateu, bem colocado, remata imparável o golo da vitória. Um golo que valeu a «Taça de Portugal», desde há tanto desejada pelos adeptos dos «azuis». Ao fim de 18 anos, o Belenenses conquistava uma grande vitória com repercussão no mundo do futebol.

E foi Matateu, o ídolo do Belém, o homem que representa todo um símbolo da prestimiosa colectividade, que marcara o tento e originara todo aquele grande regozijo. Terminava, assim a mais brilhante época de um dos mais famosos jogadores portugueses. O interior moçambicano continuou a ser, ao longo da temporada, um verdadeiro terror para os guardiões. Embora caminhando para o ocaso da sua extraordinária carreira futebolística. Matateu conseguiu uma vez mais, guindar-se a elevado plano do futebol português, ao mesmo tempo que no estrangeiro, a sua forte personalidade de futebolista ficava bem assinalada com algumas exibições de grande mérito.

Matateu tem sido (isto em 1960), ao longo da sua vida de jogador de futebol, um autêntico desportista. São (foram) muitas as vezes em que ele tem ficado (ficou) estendido nos rectângulos, vítima de adversários menos correctos. Mas o jogador nunca teve uma atitude menos elegante para com o adversário, ou uma tentativa de desforço. A juntar ao seu «palmarés» o título da sua correcção ficará em lugar de destaque.Já este mês, novo triunfo veio alegrar as hostes do Belém: a conquista da «Taça de Honra». Mais uma vez, o homem de Moçambique teve papel preponderante na decisão do primeiro torneio oficial. Na carreira de Matateu continua, porém, uma lacuna por preencher: o título máximo do futebol português tem fugido, teimosamente, à perseguição de Lucas da Fonseca.
O «Nacional» principiou anteontem, e na mente do extraordinário jogador laurentino continua em aberto um grande sonho.
É a este desportista que, amanhã, será prestada homenagem. Festa merecida, consagração de um dos maiores «ases» do futebol português. Matateu terá a rodeá-lo todos quanto admiram as suas invulgares características de jogador. Depois...
Depois a história continuará, já que a carreira de Matateu não termina com a sua festa (de 1960). A sua figura de grande ídolo manter-se-à viva em todos os amantes do desporto-rei.