Opinião: Para onde caminhamos?

Depois de uma época muitíssimo bem sucedida – presença na final da taça e 5º classificado na liga – o Belenenses parece ter regressado ao período de campanha eleitoral: acusações e contra-acusações, teorias da desgraça e teorias paradisíacas, tudo tem servido como “arma de arremesso”.

Tudo começou com um “Domingo Sangrento”: de rajada, o jornal “O Jogo” publica uma série de artigos alarmistas que parecem ser citações de uma sessão de campanha oposicionista.
A direcção contra-ataca no mesmo dia, publicando um comunicado que traça um cenário drasticamente diferente.

Neste bate bola da metade de um court para a outra, encontramo-nos nós, associados e adeptos belenenses e, apetece-me dizer, encontra-se também a verdade.

Talvez tudo se encaixe na teoria do copo meio vazio ou do copo meio cheio…

Pairando sobre este cenário (negro? empolado?) encontra-se, por sua vez, a ausência do anúncio de novas contratações.
Novamente, os dois lados da barricada guerreiam-se: os opositores defendem que o clube está falido, não tem capacidade financeira para adquirir novos jogadores; a direcção apresenta o trunfo das renovações de jogadores importantes do plantel, ao mesmo tempo que acena com um “calendário” muito bem definido para o anúncio de novas contratações – a chegada a Portugal de Jorge Jesus deverá coincidir com os x´s marcados a azul no calendário da SAD...

Poderão uns dizer: não obstante a veracidade das notícias vindas a lume, estas só denegriam a imagem do Belenenses, ou seja, quem as denuncia aos meios de comunicação social está a prestar um péssimo serviço ao clube.
Respondem os restantes: tapar o sol com peneira é, na realidade, o pior que pode acontecer ao Belenenses; a verdade dos factos pode/deve fazer-se acompanhar com a pressão dos associados azuis porque dirigentes pressionados têm mais tendência a agir para procurar resolver os problemas.

Uns e outros têm a sua razão, ou seja, NINGUÉM tem razão.

Os belenenses mais descontraídos podem até considerar divertida uma novela pimba para animar o defeso: “não há bola nem nada…”.

Não nos encontramos no seio destes. O que se passa é muito grave. Devendo a verdade se encontrar a meio destes duas posições antagonistas que fomos traçando, é grave porque o Belenenses de facto tem dívidas ao fisco e a segurança social; é grave porque podemos ser obrigados a sair de nossa casa aquando do regresso à Europa do futebol; mas também é grave porque muitos parecem sentir alguma prazer mórbido em toda esta situação: é a teoria do “eu bem vos avisei…”; é grave porque a família belenense se encontra dividida, retalhada; é grave porque o ódio e a raiva turvam a razão e o bom-senso.

As dívidas ao fisco e segurança social são graves: repito-o.
Mas, sem dúvida, o clima de guerra aberta entre belenenses é-o ainda mais.

Terá a reunião do Conselho Geral tido o condão de apaziguar os ânimos, de diluir o crescente aumento da tensão? Duvidamos…

Por entre as páginas deste folhetim trágico-cómico-pimba, atrevemo-nos a colocar uma questão: Pode um clube que apresenta um orçamento acima dos 7 milhões de euros ser gerido eficazmente por não profissionais, por uma equipa directiva que não se dedica exclusivamente a esse mesmo clube visto não ser remunerada?