O ORGULHO DE SER BELENENSES E A FINAL DA TAÇA

Com as muitas e únicas virtudes e também alguns defeitos que tenha, o Belenenses é o meu clube e assumo-o por inteiro.

Tal facto não me impede de pugnar por aquilo que me parece ser melhor para o clube e para o que o possa promover, tornar maior e trazer-nos felicidades.

A frase “Não é do Belenenses quem quer mas apenas quem pode” deve ser entendida no sentido de que ser do Belenenses é algo de ímpar, difícil mas grandioso, que nos distingue dos outros, e não como exercício de masoquismo de quem não quer nem ousa ser feliz.

Eu quero ser feliz no Belenenses, à nossa maneira: com sofrimento transformado em alegria, com angústia transformada em plenitude, com mil e uma dificuldades transformadas em sucessos. Quero ser feliz, não da maneira fácil como são os adeptos dos clubes a que todos aderem, por causa da propaganda e dos resultados, mas com alma, sorrisos e lágrimas, com orgulho de ser Belenenses.

Penso que todos os nossos sócios e adeptos deviam imbuir-se desse orgulho. O Belenenses não é uma coisa qualquer, um novo rico sustentado pelo Estado, por uma Autarquia ou por um grupo financeiro. É o triunfo da dedicação, da vontade de resistir, da capacidade de sobreviver. As páginas riquíssimas dos quase 90 anos da nossa história, não estão escritas apenas com tinta dourada dos sucessos; muitas, entre as mais belas, escreveram-se com tinta de sangue, de suor e de lágrimas. Com estas foram amassadas o nosso sentimento pelo Belenenses.

Há sentimentos íntimos que temos dificuldade em mostrar, e penso que esse é o caso de muitos belenenses arreigadamente dedicados ao seu clube, que terão no coração até à morte. Mas no mundo em que vivemos, para se ter visibilidade, não basta ser, é necessário também parecer.

E parecer implica muitas coisas. Implica estar presente nos jogos não só no Restelo mas em todos os lados onde o Belenenses joga. Implica não ouvir uma ofensa sem uma resposta digna e à altura. Implica não aceitar que outros possam gritar mais pelo seu clube do que nós. Implica pôr no exterior a cor azul que nos aquece o coração.

A imagem de um clube não resulta somente da força das suas equipas; mas também, em igual importância, da força e da presença dos seus adeptos. Se olharem para os fóruns onde adeptos deixam as suas opiniões, nós, sobretudo esta época, somos muito mais agredidos com a questão das fracas assistências do que por causa dos resultados.

Não vale a pena esmiuçar todos os ses e porquês sobre esta questão: já se sabe que as câmaras da TV filmam no Restelo o lado contrário ao dos sócios, que não somos um clube cujos adeptos vivam todos num pequeno círculo (de cidade ou distrito) à volta do estádio, que a nossa massa adepta está envelhecida, que não temos Autarquias a pagar camionetas, que os últimos anos foram muito difíceis, etc., etc. Mas o facto é que somos atacados e diminuídos por causa disso.

Defender o orgulho de ser Belenenses é também dar a resposta adequada a esse tema. Se somos o 4º clube em adeptos, temos que exigir de nós mesmos ser o 4º clube em assistências.

Nesse objectivo, todos – Directores, profissionais de Marketing, comunicação e imagem, sócios e adeptos – todos, todos, sem excepção nos devemos empenhar. Quem o não faz, sem razão atendível, está a deixar mal o seu clube, o nosso Belenenses.

Vem aí a final da Taça de Portugal. Longos 18 anos, uma autêntica eternidade, nos separaram da última e vitoriosa presença. No entanto, à data em que escrevemos isto, a pouco mais de 2 semanas da final no Jamor, tudo nos parece parado…

Não está. Pelo menos na Fúria Azul já se está a trabalhar para se pintar o Estádio Nacional da nossa cor e do nosso símbolo. Mais uma vez, como tem feito ao longo de 23 anos, tanto nos bons como nos maus momentos, a Fúria Azul vai estar na primeiríssima linha a defender o ORGULHO DE SER BELENENSES e a CELEBRAR A ALEGRIA DO AZUL.

Neste trabalho, todos os Furiosos podem e devem colaborar. Há muita coisa para fazer; todos podem ajudar em alguma coisa. Aproveitemos este momento para o viver intensamente, para um dia, quando olharmos para trás, podermos pensar e dizer: eu estive lá, eu trabalhei, lutei e esforcei-me para dignificar o Belenenses e mostrar a grandeza do nosso clube. Naquelas bandeiras, naquela cruz, naqueles balões, naquelas camisolas, naquele colorido, naquelas iniciativas, também houve trabalho meu.

Não permitamos que – oxalá que não! –, daqui a 17 anos estejamos a ansiar nova oportunidade para fazer e viver o que – agora mesmo, ao alcance das mãos – ficámos a ver passar. Por isso também a reunião do próximo sábado será muito importante.

Mas é justo que seja a Fúria Azul a única a deitar mãos a esta tarefa? Decerto que não. De todos se espera que façam algo, na sua esfera de acção, desde o mais alto dirigente, ao mais simples adepto. Faça-se melhor ou pior: mas faça-se! Só a omissão não tem desculpa.

Vamos defender, vamos mostrar o orgulho de ser Belenenses! Vamos todos, JÁ, preparar a Festa!

Por favor, que ninguém apareça com a síndroma do clube pequenino-coitadinho que fez agora uma grande proeza, surgindo do nada. Nada disso: isto é só um pouco do regresso do novo Belenenses. Vivamo-lo com alegria. Mas, perante os outros, não esqueçamos que já fizemos muitas outras coisas grandes e até bem maiores; que fomos 4 vezes campeões do nosso país em futebol, que somos um clube cheio de títulos em várias modalidades, que temos adeptos em todo o mundo, que tivemos o primeiro estádio relvado, coberto e com bancadas de pedra, que inaugurámos o Estádio do Real Madrid, que somos o clube de Matateu, Vicente, Pepe, Amaro, Augusto Silva, Mladenov e tantos outros, que ao nosso respeitável adversário de dia 27 já ganhámos por 9-0, que os factos e números falam eloquentemente sobre a nossa grandeza.

Se não formos nós a assumir a nossa grandeza, quem o fará por nós? Se não formos nós a querer ousar, quem o fará por nós? Se não formos nós a defender o orgulho de ser Belenenses, quem o fará por nós?

BELÉM ATÉ MORRER
BELÉM ATÉ MORRER
TENHO TODO O ORGULHO
SOU BELÉM ATÉ MORRER