História de Matateu - XIV
Em 9 de Junho de 1956, o terror dos guarda-redes viu-se excluído da equipa nacional. O encontro com a Hungria foi disputado a um Sábado, véspera da inauguração do estádio de Alvalade. E despertou grande entusiasmo, pois os magiares apresentaram um 11 famoso, recheado de vedetas de primeira grandeza, nomeadamente o celebérrimo Puskas.
O resultado da contenda foi um empate (2-2). Matateu, que tantas vezes pisara já aquele relvado, assistiu ao jogo sentado no banco dos suplentes.
A hipótese de que o jogador moçambicano entrara na curva descendente da sua carreira chegou a atormentar os adeptos da cruz de Cristo. O próprio Matateu vivia um momento de desânimo. Nessa altura surgiram alguns dos verdadeiros amigos que o acompanharam e lhe incutiram de novo a confiança que parecia ausentar-se no seu espírito. Entretanto, aproximava-se o dia 23 de Setembro. O Belenenses era toda uma máquina de excitação e entusiasmo.
O grande dia aproximava-se, e os jogadores não eram daqueles que mais calma aparentavam.
E no meio de todos aqueles atletas, Matateu era dos mais preocupados com a aproximação do Domingo, em que seriam abertas as portas do mais “formoso estádio de Lisboa.”
O Belenenses defrontaria a equipa do Sporting. Por curiosidade, anotemos as coincidências que surgiram na carreira de Lucas da Fonseca. O estádio foi inaugurado no dia em que o famoso jogador perfazia cinco anos de consagração em Portugal. Precisamente no dia 23 de Setembro de 1951, Matateu havia recebido, nas Salésias, num encontro em que adversário fora também a equipa de Alvalade, a sua primeira homenagem em terras portuguesas.
O ansiado dia chegou. Vale a pena, nesta história de Matateu, relembrarmos esse data inesquecível na vida do Belenenses, até porque, se mais não fosse, por Matateu constituir um dos maiores ídolos da prestimosa colectividade.
A inauguração do Restelo foi um momento emocionante, único para os homens e mulheres da cruz de Cristo. A gente de Belém veio para a rua e deixou “cantar” o coração. O povo, força estuante e incomprimível de entusiasmo, vibrava freneticamente. Emoção contagiante.
E nem a chuva que, de ora em vez, fazia a sua aparição em grossas bátegas, conseguia suster o ímpeto da multidão belenense em veio para as ruas do bairro com a flâmula da cruz de Cristo na mão, agitada em delírio.
Todo este ambiente de festa tinha que influir grandemente na actuação dos jogadores da turma de Belém, no prélio que se travaria no novel estádio rectângulo verde.
Pois não obstante tais factores, o encontro Belenenses-Sporting foi disputado com interesse, com ambas as equipas a desejarem para si a grande honra de, pela primeira vez, vencer no Restelo.
Havia favoritismo para o triunfo “leonino”, fortemente cimentado na tradição em que os “onzes” visitados não venciam os encontros efectuados ao inaugurarem os seus estádios. Acontecera assim com o Porto, Benfica e Sporting.
O Belenenses queria quebrar a tradição … e quebrou.
O primeiro golo no novo campo foi marcado por Miranda, mas Gabriel empatou. E até aos 6 minutos do final pairou entre o público a ideia de que ao fim e ao cabo não seria ainda o Belenenses a vencer o jogo de inauguração do seu estádio. Todavia, aos 39 minutos do segundo tempo, Matateu, evidenciando vontade indómita, correu pelo lado direito e centrou largo para Tito, que se encontrava livre de adversários. Acto contínuo, o extremo esquerdo azul centrou de novo para Matateu, que rematou forte para o golo da vitória. O entusiasmo dos adeptos do Belenenses era indescritível. Mais uma vez, Matateu triunfara.
Na cabine, ao ser entrevistado para a imprensa, afirmou:
“Sou um homem feliz. Quando marquei o ponto da vitória fiquei doido de contente. Quase que não queria acreditar”.
Dois dias depois, o Estádio do Restelo estava de novo em festa. Inaugurava-se a iluminação do famoso recinto. Como convidada da turma azul, apresentou-se a famosa equipa do Stade de Reims, uma das equipas de maior projecção europeia. Nessa época estavam em grande forma muitos jogadores do Reims, tais como Jacquet, Jonquel, Jonquet, Fontaine, Vincent e Panverne.
O Belenenses realizou excelente exibição e Matateu foi o herói do encontro, efectuando uma partida bastante elogiada não só pela crítica como pelos próprios adversários, que afirmaram que o jogador moçambicano era um elemento de cartel em qualquer país.
Sobre esse encontro em que os azuis alcançaram um excelente triunfo, o internacional Vincent disse:
“Gostei muito do nosso adversário, especialmente de Matateu, que confirmou o grande cartel deixado em Paris, aquando da disputa da taça Latina.”
Lucas da Fonseca, que nesse jogo marcara o primeiro golo, ficou para sempre ligado à história do clube do Restelo, enfileirando ao lado de nomes dos mais famosos do futebol português, como os de Augusto Silva, Pepe, Artur Pereira, César de Matos, Joaquim de Almeida, Amaro, Feliciano e tantos outros.
A 30 de Setembro efectuou-se, no Estádio do Restelo, o primeiro jogo oficial que ali se realizava. O Belenenses venceu o Vitória de Setúbal por 5-1, tendo o “perigoso artilheiro” belenense voltado a fazer alarde das suas excepcionais qualidades de jogador que lhe granjearam fama e prestígio.
Oito dias depois o Belenenses deslocou-se ao Barreiro, onde sofreu uma inesperada derrota. Matateu teve um comportamento bastante discreto, a que não foi alheia a esplêndida exibição de Duarte.
Na jornada seguinte os azuis receberam a visita do turma do Torriense, a quem venceu claramente, vindo, no entanto, a ceder novo ponto, no domingo imediato, frente à Académica de Coimbra.
Matateu parecia atravessar novo período de má forma, tanto mais que a sua actuação em Coimbra foi, mais uma vez, pouco brilhante.
O resultado da contenda foi um empate (2-2). Matateu, que tantas vezes pisara já aquele relvado, assistiu ao jogo sentado no banco dos suplentes.
A hipótese de que o jogador moçambicano entrara na curva descendente da sua carreira chegou a atormentar os adeptos da cruz de Cristo. O próprio Matateu vivia um momento de desânimo. Nessa altura surgiram alguns dos verdadeiros amigos que o acompanharam e lhe incutiram de novo a confiança que parecia ausentar-se no seu espírito. Entretanto, aproximava-se o dia 23 de Setembro. O Belenenses era toda uma máquina de excitação e entusiasmo.
O grande dia aproximava-se, e os jogadores não eram daqueles que mais calma aparentavam.
E no meio de todos aqueles atletas, Matateu era dos mais preocupados com a aproximação do Domingo, em que seriam abertas as portas do mais “formoso estádio de Lisboa.”
O Belenenses defrontaria a equipa do Sporting. Por curiosidade, anotemos as coincidências que surgiram na carreira de Lucas da Fonseca. O estádio foi inaugurado no dia em que o famoso jogador perfazia cinco anos de consagração em Portugal. Precisamente no dia 23 de Setembro de 1951, Matateu havia recebido, nas Salésias, num encontro em que adversário fora também a equipa de Alvalade, a sua primeira homenagem em terras portuguesas.
O ansiado dia chegou. Vale a pena, nesta história de Matateu, relembrarmos esse data inesquecível na vida do Belenenses, até porque, se mais não fosse, por Matateu constituir um dos maiores ídolos da prestimosa colectividade.
A inauguração do Restelo foi um momento emocionante, único para os homens e mulheres da cruz de Cristo. A gente de Belém veio para a rua e deixou “cantar” o coração. O povo, força estuante e incomprimível de entusiasmo, vibrava freneticamente. Emoção contagiante.
E nem a chuva que, de ora em vez, fazia a sua aparição em grossas bátegas, conseguia suster o ímpeto da multidão belenense em veio para as ruas do bairro com a flâmula da cruz de Cristo na mão, agitada em delírio.
Todo este ambiente de festa tinha que influir grandemente na actuação dos jogadores da turma de Belém, no prélio que se travaria no novel estádio rectângulo verde.
Pois não obstante tais factores, o encontro Belenenses-Sporting foi disputado com interesse, com ambas as equipas a desejarem para si a grande honra de, pela primeira vez, vencer no Restelo.
Havia favoritismo para o triunfo “leonino”, fortemente cimentado na tradição em que os “onzes” visitados não venciam os encontros efectuados ao inaugurarem os seus estádios. Acontecera assim com o Porto, Benfica e Sporting.
O Belenenses queria quebrar a tradição … e quebrou.
O primeiro golo no novo campo foi marcado por Miranda, mas Gabriel empatou. E até aos 6 minutos do final pairou entre o público a ideia de que ao fim e ao cabo não seria ainda o Belenenses a vencer o jogo de inauguração do seu estádio. Todavia, aos 39 minutos do segundo tempo, Matateu, evidenciando vontade indómita, correu pelo lado direito e centrou largo para Tito, que se encontrava livre de adversários. Acto contínuo, o extremo esquerdo azul centrou de novo para Matateu, que rematou forte para o golo da vitória. O entusiasmo dos adeptos do Belenenses era indescritível. Mais uma vez, Matateu triunfara.
Na cabine, ao ser entrevistado para a imprensa, afirmou:
“Sou um homem feliz. Quando marquei o ponto da vitória fiquei doido de contente. Quase que não queria acreditar”.
Dois dias depois, o Estádio do Restelo estava de novo em festa. Inaugurava-se a iluminação do famoso recinto. Como convidada da turma azul, apresentou-se a famosa equipa do Stade de Reims, uma das equipas de maior projecção europeia. Nessa época estavam em grande forma muitos jogadores do Reims, tais como Jacquet, Jonquel, Jonquet, Fontaine, Vincent e Panverne.
O Belenenses realizou excelente exibição e Matateu foi o herói do encontro, efectuando uma partida bastante elogiada não só pela crítica como pelos próprios adversários, que afirmaram que o jogador moçambicano era um elemento de cartel em qualquer país.
Sobre esse encontro em que os azuis alcançaram um excelente triunfo, o internacional Vincent disse:
“Gostei muito do nosso adversário, especialmente de Matateu, que confirmou o grande cartel deixado em Paris, aquando da disputa da taça Latina.”
Lucas da Fonseca, que nesse jogo marcara o primeiro golo, ficou para sempre ligado à história do clube do Restelo, enfileirando ao lado de nomes dos mais famosos do futebol português, como os de Augusto Silva, Pepe, Artur Pereira, César de Matos, Joaquim de Almeida, Amaro, Feliciano e tantos outros.
A 30 de Setembro efectuou-se, no Estádio do Restelo, o primeiro jogo oficial que ali se realizava. O Belenenses venceu o Vitória de Setúbal por 5-1, tendo o “perigoso artilheiro” belenense voltado a fazer alarde das suas excepcionais qualidades de jogador que lhe granjearam fama e prestígio.
Oito dias depois o Belenenses deslocou-se ao Barreiro, onde sofreu uma inesperada derrota. Matateu teve um comportamento bastante discreto, a que não foi alheia a esplêndida exibição de Duarte.
Na jornada seguinte os azuis receberam a visita do turma do Torriense, a quem venceu claramente, vindo, no entanto, a ceder novo ponto, no domingo imediato, frente à Académica de Coimbra.
Matateu parecia atravessar novo período de má forma, tanto mais que a sua actuação em Coimbra foi, mais uma vez, pouco brilhante.
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