Estamos no Jamor (II)

A bola estava estática na marca da grande penalidade; Zé Pedro observou-a pela última vez; o coração de milhares e milhares de belenenses pararam momentaneamente; a respiração foi sustida; só o cérebro rogava, desejava, implorava à bola: “beija as malhas!!!”; o número 11 avança na direcção da bola; no Restelo fez-se um silêncio sepulcral; Zé Pedro bate a penalidade; a bola, suspensa, parece que pára em pleno ar; nas bancadas reza-se, fecham-se as pálpebras, viram-se as costas, enterram-se as unhas nas palmas das mãos: gooooloooooooooooooo!!!; os corações azuis disparam a toda a velocidade; as bandeiras e os cachecóis são erguidos parecendo puder tocar o céu estrelado; salta-se, berra-se, abraça-se o belenense que se encontra ao lado; lágrimas de alegria brotam de olhos brilhantes…

{Lá lá lá lá lá lá, cheira bem! Cheira a Lisboa; lá lá lá lá lá lá lá lá lá, cheira bem! Cheira a Lisboa! Lá lá lá lá lá lá…}

Estávamos no Jamor! 7 mil gargantas roucas cantavam, exultavam, celebravam!!!

{Em todo o país, nunca nunca, nunca estamos sós, a nossa história diz: O 4º GRANDE SOMOS NÓS!!! Ló ló ló ló ló ló ló ló ló ló ló… a nossa história diz: O 4º GRANDE SOMOS NÓS!!!}

Loucura! Delírio! Nem um só belenense se encontrava sentado! Nem um só belenense se encontrava calado! O jogo ainda não havia terminado, mas não importava! Estávamos no Jamor! SEMPRE estivéramos no Jamor! Não podia ser de outra forma! Chamem-lhe destino, coincidência cósmica ou simplesmente crença absoluta: tínhamos que ganhar! Iríamos ganhar! Estava escrito que iria ser assim! E… ganhámos…

Somos belenenses! Temos orgulho em ser belenenses! Somos grandes! Temos coração! Merecemos o Jamor! Somos – sócios, adeptos e jogadores – uma armada invencível!!!

OOOOOOOOOH, estamos no Jamor, estamos no Jamor, estamos no Jamor…!!!