Belém até Morrer On Tour: Leiria.

Jamais deixámos ou deixaremos de ter prazer em sermos belenenses. Acontece que na época passada o sofrimento atenuou (eliminou?) em grande medida a alegria de acompanhar o nosso Belenenses pelos caminhos de Portugal.
O passado é passado. Quando os grãos de areia se despenham na ampulheta do passado lá permanecem…

Como tudo, presentemente, está a ser diferente; e não só em termos numéricos. Todos, sem excepção, recuperámos a alegria de sermos belenenses, e nada melhor que uma deslocação para exteriorizar este sentimento quase de êxtase.

Combinada a partida para as 15 horas, os ultras da Fúria Azul começaram a aparecer no Restelo a partir das 13 horas. A logística da deslocação foi preparada com tranquilidade e brevidade, encontrando-se muitos furiosos a aproveitar o sol radioso que banhava a casa de todos os belenenses; a aproveitar o sol e a matar a sede: a festa já tinha começado…
De resto, apesar da viagem ser curta, antevia-se uma grande secura a bordo do bus e o pessoal foi preparado para fazer face a “desidratação” – a 50 cêntimos a garrafa -, se é que me entendem…

A hora de nos fazermos à estrada finalmente chegou, e os 75 ultras presentes deslocaram-se até ao bus, arrumaram as bandeiras e tudo o mais, e ocuparam os seus lugares.
Iríamos arrancar, mas não o fizemos…
Passava-se alguma coisa com o bus? Talvez um problema mecânico? Não. Afinal tratava-se de um problema “psiquiátrico” ou, se se quiser, fóbico. Qual não foi o espanto colectivo quando percebemos que o motorista do bus era “ultrafóbico”. Por outras palavras, os elementos da Fúria Azul “não eram adeptos normais”, segundo a opinião do senhor, que se recusava a transportar-nos??? Televisão a mais, diríamos…
Ao fim de 45 minutos de “debate” acabámos por iniciar a viagem, mas estávamos, como sempre acontece, um pouco atrasados.

Ainda assim os 135 quilómetros que nos distanciavam de Leiria foram percorridos com um excelente ambiente a se fazer sentir em ambos os pisos do bus, durante quase duas horas de festa e de cânticos que anteciparam o que se iria passar a partir das 18h30.


Tendo o bus casa-de-banho, não houve necessidade de parar em todas as “estações e apeadeiros”, sendo 18 horas quando avistámos as “ruínas” do Municipal de Leiria – 3 anos após o euro 2004, uma das curvas do Magalhães Pessoa assemelha-se a um prédio no Iraque ou na Bósnia; enfim…
Era ainda necessário tratar dos bilhetes, processo de demorou cerca de 20 minutos. Entretanto os ultras de Ovar, do Entroncamento e de Lisboa que viajaram em viaturas particulares juntaram-se aos restantes furiosos, sendo cerca de 90 os ultras que percorreram em cortejo os cerca de 200 metros que nos distanciavam do estádio.

Imediatamente surgiram os primeiros cânticos que se prolongaram durante… 2 horas!!!
Entrámos a cantar, permanecemos todo o jogo a cantar e saímos do mesmo também… a cantar!!! Mas vamos por partes.

Seriam cerca de 400/500 os belenenses presentes, ou seja, talvez 40% do total dos espectadores – o número oficial foi de 1335, o que nos parece uma cifra ligeiramente inflacionada…
Seja como for, desde o primeiro minuto percebeu-se que o Belenenses jogava “em casa”, tal não era o volume decibélico emanado do sector
mágico da F.A.

Três aspectos em ter em conta:
1) A Fúria Azul fez deslocar a Leiria cerca de 90 ultras, número excelente tendo em conta a dimensão do grupo.
2) Independentemente do número, todos os furiosos – ao contrário do que muitas vezes sucede – foram para Leiria para apoiar, significando este “apoiar” que foram para a cidade Lis para cantar: não pode ser de outra forma…
3) A acústica de Leiria é, provavelmente, a melhor de entre todos os estádios que já visitámos, factor muito importante já que o volume decibélico é amplificado.

Ultras + Motivação + Acústica = Espectáculo!!!
E foi efectivamente um espectáculo ultra o que os furiosos proporcionaram em Leiria. Um autêntico festival na bancada que brindou o festival que ocorreu dentro das 4 linhas.
Assim, foram 90 minutos non stop, sempre a cantar, saltar, a celebrar o facto de sermos belenenses. E aqui é quando regressámos ao início desta crónica: recuperámos, todos em conjunto, a alegria de sermos Belenenses.

E até os associados belenenses não ultras foram contagiados pelo festival furioso e se juntaram a festa – se bem que só após o golo de Dady -, facto que multiplicou ainda mais o volume decibélico belenense.

Quem fechasse os olhos por alguns segundos e se alheasse do local onde se encontrava, juraria por certo que se encontrava no Estádio do Restelo. Mais: no Estádio do Restelo cheio! Não sabemos se no amorfo ecrã da sportv esta realidade foi perceptível. Não importa. Quem lá esteve sabe como foi, e nunca esquecerá a jornada de Leiria: uma jornada de belenensismo e de paixão clubista indefectível.
Duas palavras mais: SOMOS GRANDES!!!

E os cânticos continuaram após o jogo, fosse ainda dentro do estádio, fosse no regresso em cortejo ao bus e dentro deste a caminho de Lisboa.

BELÉM ATÉ MORRER! FURIOSO ENQUANTO VIVER!