Eleições Belenenses 2007
«Estou preparado para pagar dois prémios aos jogadores» - Entrevista publicada no jornal "A Bola"
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" Ao contrário de épocas anteriores, este ano só estão contratualizados dois objectivos: um lugar acima do décimo e presença na final da taça Cabral Ferreira está entusiasmado com o momento actual do Belenenses. O quarto lugar e a presença nas meias-finais da Taça já quase fizeram os associados esquecer o drama da última temporada. O presidente não esqueceu e encontrou aí forças para revitalizar o clube. O seu grande objectivo para o próximo mandato. A recandidatura vêm já aí...
Quarto lugar, meias-finais da Taça, o Belenenses está num momento alto...
C.F. - É um dos muitos momentos bons do Belenenses, clube que ao longo dos seus 87 anos passou por momentos fantásticos. Este é o caminho para um bom momento, mas, para já, ainda não ganhámos nada, ainda não atingimos nada. Estamos numa posição boa na tabela classificativa, que se coaduna com os pergaminhos do Belenenses. Estamos em duas frentes e não há muitos clubes em Portugal que estejam neste momento nesta situação. É um motivo de orgulho para a equipa, para mim e para toda a Direcção. Estamos num bom momento em várias áreas, tanto no futebol, como nas modalidades. Como presidente da SAD preocupa-me principalmente o futebol e estamos efectivamente num excelente momento.
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Um momento impensável no início da época?
C.F. - Os protagonistas, aqueles que têm de decidir em momentos difíceis, nunca acham que há impensáveis, acreditam sempre que os objectivos vão ser ultrapassados. No início da época acreditava que poderíamos estar numa posição cómoda. Acreditava que podíamos ter um bom desempenho na Taça se o sorteio nos fosse favorável. Acreditava nos nossos técnicos, staff e jogadores. Nós passámos um Verão tenebroso, depois de um fim de época muito mau, mas não cruzámos os braços. No dia a seguir ao dilúvio estávamos de mangas arregaçadas a trabalhar no futuro do Belenenses. Isto só é conseguido através de muito trabalho, de muita dedicação de todas as pessoas.
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Muita da força do Belenenses deve-se à vitória no caso Mateus ?
C.F. - Os dirigentes e o técnico do Belenenses ganharam muita força logo a seguir à descida de divisão. Como sabem, Jorge Jesus foi contratado poucos dias a seguir e aí tenho de reconhecer o risco que assumiu ao deixar uma equipa que tinha deixado muito bem classificada e na qual tinha estabilidade e integrar outro projecto que poderia passar pela Liga de Honra.
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«Tudo em dia»— Foi um momento de afirmação...
C.F. - O caso Mateus foi importantíssimo para o Belenenses. Primeiro porque uniu grande parte dos adeptos do Belenenses num desígnio comum. Infelizmente há excepções, pessoas que nunca acreditaram. Mas as que acreditaram, que deram a cara, a Direcção, o departamento jurídico, conseguiram ganhar uma luta de um contra todos. Foi uma grande vitória para mim e para o Belenenses. O futuro dependia muito desta vitória. A estabilidade financeira que possibilitou, tivemos de recorrer ao PEC, mas isso não deslustra ninguém. Foi uma decisão muito importante. A construção da equipa foi feita com muito trabalho e muito carinho. Com limitações financeiras. Não se resolveram de um dia para o outro Existem mas estão hoje bem controladas. Ordenados em atraso? Agora não se fala desse assunto, porque não existem. Há algumas situações que estão negociadas em relação à época passada e em várias modalidades, que têm a ver com prémios e um ou dois ordenados em atraso. Estão a ser regularizadas à medida das posses do Belenenses. Optou-se por ter tudo em dia em relação a esta temporada em qualquer que seja a modalidade.
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Jorge Jesus está a surpreendê-lo?
C.F. - Há uma perfeita sintonia desde o primeiro dia em que conversámos. O contrato é de dois anos mais um. Fui muito criticado na altura pelo longo contrato, mas, neste momento, toda a gente diz que é um treinador para longos anos no Belenenses e para um projecto a longo prazo. Eu não tenho a mínima dúvida disso. Acho que o treinador se adapta ao Belenenses e que o clube se adapta a Jorge Jesus. Ele está num grande clube e nós temos um grande treinador. Muitas vezes não é reconhecido o seu valor, mas nós reconhecemo-lo no dia-a-dia, dedicação, trabalho, conhecimento.
A prioridade para Jorge Jesus é a Taça. Para o presidente também?
C.F. - Ganhar títulos é sempre mais importante. Podemos atingir uma competição europeia quer via campeonato, quer via Taça de Portugal, mas quem faz história é quem ganha títulos e não quem fica em quinto ou sexto lugar na Liga. Os momentos marcantes dos clubes são os momentos da conquista, dos títulos.
No início da época, a redução salarial foi inevitável. Com bons resultados...
C.F. - Os jogadores ganham menos do que ganhavam. Não tenho nada a apontar aos jogadores. Compreenderam o momento difícil por que o clube passava e colaboraram na resolução desse momento difícil. Colaboraram, colaboram e penso que vão continuar a colaborar, como é o caso do José Pedro, que renovou contrato. Quando um jogador acredita no projecto, significa que estamos no bom caminho.
Há prémios para incentivá-los?
C.F. - Este ano, contrariamente a épocas anteriores, só há dois objectivos. Um é a classificação acima do 10.º lugar, o outro é a presença na final da Taça de Portugal.
Está preparado para pagar dois prémios...
C.F. - Um já tenho a certeza que o vou pagar e pagá-lo-ei com todo o gosto, até pelo menor sofrimento que tive esta época. Se bem que ainda faltem oito jornadas para o final da Liga, está praticamente assegurado. A presença no Jamor também me daria muito gosto. São os dois únicos prémios contratualizados. Não se paga nenhum prémio de jogo por vitória ou empate. São prémios à medida das possibilidades do Belenenses.
Está satisfeito com Hermínio Loureiro, que não teve o apoio do Belenenses?
C.F. - O Belenenses não apoiou Hermínio Loureiro, mas ele agora é o presidente da Liga e do Belenenses. Já lhe demonstrei várias vezes que uma coisa é não ter apoiado, outra é ele ser o presidente. E ele já deu provas suficientes de que é capaz de fazer progredir o futebol português.
Considera que o futebol português está a melhorar com esta nova presidência da Liga?
C.F.- Tenho a certeza de que serão dados maiores passos e que Hermínio Loureiro no final do mandato terá o dever cumprido e os clubes um sentimento de gratidão. O futebol está a melhorar, parece mais transparente, o que já é bom. Vamos ver se não surgirá nenhuma opacidade, que irá ofuscar o sentimento que existe neste momento. Também é bom relembrar que eu sou um presidente pós apito-dourado, não vivi por dentro toda essa envolvência, essa problemática. Talvez hoje o caso Mateus tivesse mais rápida resolução. Estou convicto disso, o que é um bom sinal.
Depois de na temporada ter transferido Meyong (Espanha) e Pelé (Inglaterra) por verbas consideráveis, o Belenenses, fruto da boa época, tem vários jogadores a despontar e que podem receber propostas tentadoras no final da época. Cabral Ferreira diz que não corta as pernas a ninguém, mas também não vai aceitar maus negócios para o clube.— Já recebeu propostas para algum jogador?
C.F. - Não. Os jogadores do Belenenses são muito valiosos. Não podemos considerar qualquer proposta, que terá de ser boa para o clube e muito boa para os jogadores. Porque entre jogar num grande clube de Portugal e num do meio da tabela de qualquer país, tenho a certeza que os jogadores preferem jogar no Belenenses. Isso motiva-os para se superarem a cada momento.
Há 4/5 jogadores a jogar a excelente nível...
C.F. - Eu acho que tem mais... O Belenenses não se sentiu prejudicado pela saída de Meyong e Pelé. Os bons negócios são importantes para esta indústria do futebol. Se forem bons negócios, objectivamente têm de ser feitos.- "
Apelo aos sócios. Meia-final da Taça, a 18 ou 19 de Abril, diante de Sp. Braga ou Varzim. Jogo grande...
C.F. - Este será o grande jogo da época. Aí é que se vai ver a força do Belenenses. Aproveito a oportunidade para apelar todos os sócios e amigos do clube para que marquem presença em massa no Estádio do Restelo, que ao menos uma vez deixem o conforto do sofá. Esta equipa merece ser vista.
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