A derrota com o Sporting ou o "trinco" ou não "trinco" o fruto da vitória...

Desde já advirto que o trocadilho no título expressa o meu descontentamento com o facto do nosso Belenenses, pela mão de Couceiro, ter jogado 90 minutos com 2 trincos - ou médios defensivos se preferirem - nomeadamente Sandro Gaúcho e Rui Ferreira. E isto estando a perder durante cerca de uma hora.
Mas comecemos pelo princípio, até porque este artigo de opinião não vai incidir muito nos acontecimentos dentro das linhas, já suficientemente abordados e conhecidos de todos.
No ponto de vista dos adeptos azuis, ou melhor dos adeptos ultras azuis, dois factos devem imediatamente ser destacados: o primeiro, negativo, corresponde a mudança forçada de sector pela Fúria Azul; o segundo, positivo, a boa coreografia apresentada pelos furiosos, a primeira no último ano e meio, depois do jogo de apresentação da época transacta com o Celta de Vigo.
Começando pelo aspecto positivo, a coreografia, esta foi realizada no decorrer da semana que precedeu o encontro com o sporting, sendo de louvar o esforço e tempo despendido pelos ultras azuis. Ao contrário de outros grupos ultras a F.A. produz ela própria todas as suas coreografias, faixas e estandartes.
Em termos visuais tratou-se de uma coreografia muito usual na Fúria Azul, sendo claramente possível identificar uma grande preocupação em cobrir, através da utilização de lençois de plástico, uma área importante da bancada. Esta opção não é meramente estética já que se torna virtualmente impossível num Restelo semi-deserto realizar grandes coreografias dando, por exemplo, cartolinas individuais. Assim, os furiosos, ao seu estilo, pensaram numa mensagem simples mas poderosa - FORÇA BELÉM -, proporcionada por 2 grandes lençois de plástico erguidos à semelhança de estandartes no segundo anel da central. Resultou muito bem, já que preencheu espaços não cobertos pelos sócios azuis e simultaneamente expressou a força de vencer aos jogadores azuis aquando da sua entrada nas 4 linhas. Também no primeiro anel o sector da Fúria Azul neste jogo foi coberto por enorme cruz de cristo também em plástico, com o pormenor de conter o símbolo principal do grupo, o javali. Mais uma vez foi coberta uma área importante da bancada, o que proporcionou um excelente efeito visual e símbolico, já que combinou os principais símbolos quer do Belenenses, quer da Fúria azul. Dos lados da cruz de cristo algumas habituais bandeiras e estandartes, e por baixo uma frase que expressa os desígnios históricos do clube do Restelo: "NADA TEMOS QUE TEMER".
Deste modo "uniu-se" em termos de mensagem e também de visual, por assim dizer, os grandes lençois apresentados na segundo anel do estádio com a cruz de cristo ao centro e nova frase por debaixo: FORÇA BELÉM, NADA TEMOS QUE TEMER.
Não foi certamente a maior e melhor coreografia da Fúria Azul, mas ainda assim, coloriu a bancada com alguma inteligência e simultaneamente expressou sem dúvida o sentimento e paixão clubistica dos ultras azuis.
O segundo facto a destacar, acima citado, envolveu novamente, após o jogo com o boavista, a mudança "forçada" da Fúria azul do sector que tem ocupado esta época na superior norte. As circunstâncias, todavia, não foram exactamente as mesmas, já que a direcção azul na reunião preparatória do início de época tinha já previsto esta situação nos jogos com sporting, porto e benfica. Acontece que motivo indicado para a mudança seria o facto da superior encher com adeptos adversários, o que nem de perto nem de longe aconteceu. Muito pelo contrário. Assim a Fúria Azul, não querendo privar o clube de uma receita mais ou menos importante, propôs a divisão da bancada superior em duas áreas distintas que demarcassem os adeptos azuis dos sportinguistas. Um simples cordão policial discreto e um sector vazio de "fronteira" seria suficiente para assegurar com segurança esta solução. Assim não entendeu a direcção liderada pelo agora "barbudo" Engenheio Cabral Ferreira. Expresssamos aqui, sem muita esperança diríamos, que frente a porto e benfica este problema seja resolvido sem necessidade de "expulsar" sócios do Belenenses duma bancada a que tem todo o direito de aceder e simultaneamente assegurando a importante receita de bilheteira proporcionada pelos adeptos visitantes.
Avaliação quantitativa e qualitativa da Fúria Azul no decorrer dos 90 minutos: seriam cerca de 100 os ultras azuis presentes na bancada, número aquém do conseguido nos últimos anos nos grandes jogos no Restelo. Esta situação não é aleatória, não resulta necessáriamente de circunstâncias internas no seio do grupo, antes reflectindo a extrema desilução de todos os Belenenses com a presente época. O Blog Sempre Belenenses (donde retiramos a terceira fotografia aqui apresentada), refere, sem estar muito longe da verdade, que assistiram ao encontro 6 mil pessoas, 1.600 das quais sócios do Belenenses. Nesta perspectiva os 100 furiosos (obrigatoriamente associados azuis) já não parecem assim tão poucos, representando cerca de 7,5% dos sócios presentes. Minha interpretação, todavia, simplesmente contextualiza uma realidade, menos furiosos na bancada que habitualmente, mas não a desculpa, sendo necessário encontrar forma de ultrapassar a desertificação progressiva do Restelo. Qualitivamente a Fúria Azul apresentou-se um bom plano, com a já boa coreografia anteriormente comentada, e também com alguma continuidade vocal não obstante o resultado negativo nas 4 linhas. É importante acrescentar, todavia, que os cânticos contínuos e sucessivos não possuíram um volume decibélico muito elevado, consequência das "poucas" vozes que os entoaram. É caso para se dizer que quem esteve presente cantou e bem, sendo a nota negativa para todos os furiosos que optaram pela amorfa sporttv.

Já aflorei neste texto o meu desagrado face as opções técnicas de Couceiro, nomeadamente a permanência nas 4 linhas de 2 médios defensivos durante todo o jogo, acrescentando agora que a personalidade receosa do treinador aparentemente se reflectiu também nos primeiros 45 minutos do jogo, com um 11 azul muito defensivo e sem nenhuma referência ofensiva no centro do terreno, realidade que se traduziu em 45 minutos pobres por parte do Belenenses, sem qualquer espécie de propensão ofensiva. Quando se tem apenas 20 pontos - somente um acima da linha de água - o potencial pontinho fruto de um empate simplesmente, a priori, não é satisfatório. É necessária mais ambição, até mesmo porque uma estratégia defensiva quebra a confiança dos jogadores em si próprios. Ainda assim considero positivo o facto de Vasco Faísca ter sido, FINALMENTE, afastado do 11 azul, sendo ainda de realçar os excelentes 30 minutos iniciais da segunda parte do encontro, reacção Belenense que obrigou os visitantes a defender praticamente com 11 jogadores.
Será para continuar? Ou os jogadores permanecerão arrastando-se em campo nos jogos teoricamente pouco vantajosos para se mostrarem a clubes alheios, optando somente por dar tudo o que têm em termos fisicos nos jogos considerados importantes? Quem viu os jogos frente a Gil Vicente e sporting certamente estará a pensar que vêm ai mais do mesmo nos jogos que se seguem, ou seja, pouca aplicação e profissionalismo dos jogadores azuis. Duas notas finais para a estreia de Dady com a cruz de cristo ao peito e também para um editorial miserável publicado pelo jornal record. O senhor que o escreveu, certamente um grande entendido em futebol, expressava que o jogo tinha tido dois grandes momentos : o golo de Tónel e, espantem-se agora, o penálti falhado por... sá pinto(!). O momento retratado na segunda fotografia deste artigo certamente não existiu, ou por outras palavras, o rigoroso jornalismo desportivo português no seu melhor...
Para terminar quero relembrar à direcção azul e a todos os blogonautas Belenenses que eu e os restantes sócios do Belenenses pagamos 25 e 30 euros em alvalade, e que os sportinguistas tiveram disponíveis bilhetes a 7,5 e 10 euros... Sai barato e compensa ser ladrão!